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Quais são os sinais de uma recessão mundial?

Desaceleração das principais economias do mundo deixou investidores alertas

O risco de uma recessão mundial entrou no radar dos investidores. O motivo do receio são notícias vindas de países desenvolvidos, reportando sobre taxas altas de juros, inflação e até falta de produtos no mercado. Por enquanto, o assunto permanece incerto e apenas se especula sobre uma possível crise mundial. Para entender quais são os sinas de uma recessão econômica, confira a seguir mais detalhes.

Teremos uma recessão global?

O caminho para uma possível recessão global começou a ser traçado há alguns anos, quando, durante a pandemia, o governo de alguns países desenvolvidos pôs em prática medidas emergenciais, o que injetou dinheiro na economia e fez a inflação subir. Como remédio contra a inflação, Bancos Centrais de alguns países elevaram as taxas de juros.

Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

Só em 2022, o Fed, Banco Central dos Estados Unidos, aumentou a taxa de juros por cinco vezes consecutivas. O Bank Of England, Banco Central do Reino Unido, adotou a mesma estratégia, elevando os juros para combater a inflação atual no Reino Unido, que varia num patamar de 10%, a maior em quarenta anos.

Segundo o professor da B3 Educação, André Massaro, o caso do Reino Unido é mais complicado que o dos Estados Unidos: “por um lado, o Banco Central do Reino Unido elevou os juros para combater a inflação; por outro, o governo adotou medidas que contribuem para o aumento da inflação. O que o governo do Reino Unido fez é aquilo que os economistas chamam de medidas expansionistas, ou seja, que fazem mais dinheiro circular na economia. E o único motivo para isso foram questões políticas, vindas de um governo que entrou agora e tenta se firmar”, avalia Massaro.

Entre as medidas expansionistas citadas por Massaro está o anúncio feito na última sexta-feira (23) pelo ministro das finanças britânico, Kwasi Kwarteng. Conforme divulgado, o Reino Unido cortará um série de impostos, como de renda, sobre compra de imóveis e até alguns pagos por empresas. Com menos alíquotas arrecadas pelo Estado, haverá mais dinheiro circulando na economia e consequente alta da inflação. Pelo mesmo motivo, também é previsto que o Reino Unido aumente sua dívida pública.

As decisões do novo governo britânico fizeram a libra despencar no seu valor em relação ao dólar. A moeda britânica chegou a ser cotada em US$ 1,03 na manhã de ontem, 26. Se o cenário permanecer o mesmo, as importações de commodities, negociadas em dólar, ficarão mais caras para o Reino Unido. A queda do valor da moeda, alta da inflação e dos juros pode significar retração da economia britânica.

Ainda no cenário europeu, na Alemanha o Índice de Clima de Negócios, medido pela The German Information and Foschung (Ifo) e feito a partir de pesquisas com cerca de sete mil empresas, caiu de 88,6 pontos em agosto para 84,3 em setembro. A queda foi maior do que a previsão de analistas, que projetavam 87 pontos.

Quais são as causas de uma recessão global?

De acordo com Massaro, a inflação alta é hoje o fator comum presente nas maiores economias do mundo. Além disso, ainda é preciso levar em conta o desabastecimento de energia provocado pela Guerra da Ucrânia.

“Há dois tipos de inflação: a de demanda, causada por mais dinheiro circulando na economia e maior consumo provocado por isso, e a de oferta, em que a quantidade de dinheiro é estável, mas há falta de produtos no mercado. Hoje, é a do segundo tipo que está na Europa, desencadeada pela corte de gás vindo da Rússia“, explica Massaro. O professor também esclarece que a inflação de oferta não reage bem ao aumento dos juros, como acontece com a de demanda. Logo, a inflação que hoje atinge a Europa é mais difícil de ser controlada.

Já nos Estados Unidos, Massaro avalia que uma das questões principais foi a demora do Fed em aumentar a taxa de juros. Com isso, a previsão é que cenário de juros altos se prolongue durante mais tempo.

Quais são as consequências de uma recessão global para o Brasil?

Comparado aos países do hemisfério norte, a posição do Brasil atualmente é favorável: “aqui, tivemos a vantagem de subir as taxas de juros antes de todos. Então, nosso ciclo de alta já está no fim e a inflação está controlada. Também não temos o problema de combustível observado na Europa”, avalia Massaro.

Além disso, o professor acredita que uma eventual alta do dólar pode favorecer o Brasil, já que o país é um grande exportador de commodities e elas são negociadas pela moeda americana. Entretanto, uma recessão global pode trazer prejuízos no médio prazo, pois se as economias dos países desenvolvidos se retraírem, a importação de commodities pode diminuir.

Para saber mais sobre conceitos de macroeconomia, não deixe de consultar o vídeo preparado pela B3 Educação.