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Páscoa mais cara: principais produtos sobem 12%, o dobro da inflação

Peixes, ovos, cebola e chocolates estão entre os vilões da Sexta-feira Santa e do almoço de domingo. Problemas de safra e câmbio explicam parte da escalada dos preços de Páscoa

Páscoa. Foto: Pexels
Os itens da mesa e do preparo dos pratos típicos da data estão, em média, 12% mais caros em relação ao ano passado. Foto: Pexels

O almoço da Sexta-feira Santa e do domingo de Páscoa será mais salgado neste ano. Os itens da mesa e do preparo dos pratos típicos da data estão, em média, 12% mais caros em relação ao ano passado. O valor é mais que o dobro da inflação acumulada entre abril de 2022 e março de 2023, que foi de 4,81%. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S), medido pelo Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE).

Os itens de preparo da ceia que mais subiram são os ovos (27,31%) e a cebola (22,76%). De prato principal, a alta no valor dos peixes supera os 10% com destaque para o atum (12,97%), a sardinha em conserva (11,46%) e o bacalhau que avançou 10,91%. O consumo do pescado mais tradicional da Páscoa vem caindo desde 2017 e deve encolher mais um pouco neste ano. Pesquisa do Ibevar FIA Business School, mostrou que as vendas de bacalhau serão quase 40% menores do que o registrado há cinco anos – reflexo dos preços altos.

O economista da FGV IBRE responsável pelo estudo, Matheus Peçanha, explica que os custos dos alimentos vêm perdendo ritmo, no entanto a desaceleração não foi suficiente para compensar a disparada dos preços até o penúltimo trimestre do ano passado. “Desde 2020 até o terceiro trimestre do ano passado, vivemos um período de pressão sufocante de custos: problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no país”.

Para as famílias brasileiras que não dispensam o peixe nessa época do ano, o jeito é buscar alternativas. A corvina ficou 7% mais barata e o preço da pescada branca subiu apenas 2% no acumulado de 12 meses até fevereiro. Os dados são do Índice de Preços dos Supermercados (IPS), medido pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Preço do chocolate também sobe

Os chocolates também ficaram mais caros na Páscoa deste ano. Tanto os bombons, quanto os em barra subiram 9,65%, mais do que o dobro da inflação no período. O avanço foi ainda maior no bolo pronto que subiu 14,51%, segundo a pesquisa da FGV IBRE.

A alta também foi captada pelo IPCA, que é a inflação oficial do país, medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os preços do chocolate em barra e do bombom subiram 13,61%, entre fevereiro de 2022 e janeiro deste ano. É o maior avanço desde fevereiro de 2017.

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O economista da FGV IBRE afirma que, a última ‘entressafra’ do leite no inverno passado, foi particularmente danosa para a inflação do produto, matéria-prima importante dos chocolates.

“A partir do último trimestre de 2022, os custos começaram a desacelerar: o clima melhorou junto com a produtividade do campo, os preços das commodities despencaram, mas quando olhamos o acumulado dos 12 meses, percebe-se que ainda não foi o suficiente para compensar o cenário anterior, além de alguns problemas esporádicos de oferta, como é o caso da cebola e dos ovos”, observou.

Vale destacar que a Páscoa movimenta muitas empresas no país que trabalham com chocolates e doces –  977.415 para ser mais exata, sendo a maior parte delas (716.293) microempresas, segundo levantamento da inteligência de dados Neoway. No total, esse mercado emprega 1.197.771 pessoas, sendo que maior parte dele está concentrado no estado de São Paulo.

Consumidor deve pesquisar

O diretor-geral da Apas, Carlos Correa, afirma que o ideal é o consumidor pesquisar antes de fazer as compras para a Páscoa. “Cada supermercado tem uma negociação diferente com a indústria. É vital que o consumidor faça a sua lista de compras e pesquise os preços no maior número de lojas possível, aproveitando ao máximo as promoções típicas da época”.

Já Matheus Peçanha destaca que os brasileiros devem ficar atentos aos preços praticados nos próximos dias.

“A pesquisa não mostra, em definitivo, a elevação dos itens de Páscoa que o consumidor vai encontrar. Só medimos o que aconteceu com os preços dessa cesta específica nos últimos 12 meses, até março deste ano. Portanto, os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Páscoa. Além disso, itens como os ovos de chocolate e colombas pascais, devem sofrer igualmente com essa pressão de demanda pela tradição”, conclui o responsável pelo estudo do FGV IBRE.

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