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Peru lidera ‘inflação do Natal’; entenda por que a ave está mais cara em 2025

Ave sobe 13,6% no ano, pressionada por custos dolarizados e por um mercado doméstico ainda pequeno

Com ISTOÉ Dinheiro

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O preço do peru estará mais salgado neste Natal. Segundo a prévia do IPC-Fipe, divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a ave ficará 13,62% mais cara neste ano em relação a 2024, alta três vezes superior à inflação oficial prevista para 2025, de 4,40%.

O produto, que subiu mais que azeitona e chocolate, é o principal responsável pela elevação dos preços da cesta de Natal em 2025, que está 4,53% mais cara que no ano anterior.

Para o levantamento, a Fipe comparou os valores dos principais itens natalinos na segunda quinzena de novembro deste ano com o mesmo período do ano passado. Veja as maiores altas:

Por que o peru estará mais caro?

O preço da ave tem sido pressionado principalmente pelos insumos. A ração representa cerca de 60% a 70% dos custos de produção. Mesmo com algum alívio recente nos preços do milho e da soja, o setor enfrentou oscilações significativas ao longo de 2025 e períodos de oferta mais restrita.

“Se pensarmos em aditivos, a maioria deles é negociada em dólar. Se a gente pensar em farelo de soja, existe o mercado de commodity, que também é dolarizado. Então, tudo que a gente pensa em insumos gera impacto, principalmente quando falamos de dieta — é o que mais pesa nos custos”, explica Juliana Arrais, zootecnista e gerente de serviços técnicos da Kemin.

Nos Estados Unidos, o cenário é ainda mais desafiador: houve alta de 40% no valor da ave devido às dificuldades de oferta enfrentadas ao longo de 2025, agravadas por uma forte crise de gripe aviária.

Mercado brasileiro de peru ainda é emergente

Apesar de uma leve expansão nos últimos anos, o consumo de carne de peru no Brasil continua altamente sazonal. Estevão Carvalho, gerente-executivo da área de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal, explicou em entrevista à IstoÉ Dinheiro que o mercado interno da ave ainda é relativamente pequeno.

“O brasileiro não é tão habituado a consumir carne de peru, ao contrário de outros países, como os Estados Unidos, onde o consumo é muito elevado. Isso torna a produção americana significativamente maior”, afirma.

De modo geral, o Brasil é majoritariamente exportador de carne de peru: cerca de 60% da produção nacional tem a exportação como destino. Nos últimos anos, a produção interna vem apresentando uma tendência de queda.

  • 2014: 326 toneladas
  • 2015: 327 toneladas (alta)
  • 2016: 367,99 toneladas (alta)
  • 2017: 390 toneladas (alta)
  • 2018: 181 toneladas (queda)
  • 2019: 172 toneladas  (queda)
  • 2020: 159 toneladas (queda)
  • 2021: 157 toneladas (queda)
  • 2022: 162 toneladas (alta)
  • 2023: 133 toneladas (queda)
  • 2024: 127 toneladas (queda)

No Brasil, o peru inteiro (congelado) é o produto mais popular, mas há crescimento de cortes como peito e coxas defumadas.

*Matéria originalmente publicada em IstoÉ Dinheiro, portal parceiro de Bora Investir

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