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PIB da China cresce 4,9% no 3º trimestre, acima do esperado

Medidas econômicas do governo chinês - como aumento de gastos e corte de juros - ajudaram a impulsionar a economia do país. Setor imobiliário ainda preocupa

A China, segunda maior economia do mundo, cresceu 4,9% no 3º trimestre na comparação anual. O resultado veio acima do esperado pelos analistas, mas mostra uma desaceleração em relação ao avanço de 6,3% nos três meses anteriores.

Nos nove primeiros meses do ano, o gigante asiático cresceu 5,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse dado mostra uma economia em recuperação e com fôlego suficiente para atingir a meta de crescimento anual do país, de 5%.

PRODUTO INTERNO BRUTO – CHINA (variação anual)

Fonte: NBS

O aumento do consumo, também acima do consenso dos analistas, ajudou na melhora do Produto Interno Bruto (PIB).

A produção industrial em setembro cresceu 4,5% na comparação com o ano anterior, mas o ritmo foi o mesmo de agosto. As vendas do varejo avançaram 5,5% no mês passado, uma forte aceleração em relação aos 4,6% em agosto.

Essa melhora foi impulsionada por várias medidas do governo de Xi Jinping, como mais gastos com obras públicas, cortes nas taxas de juros, flexibilização do setor imobiliário e esforços para fortalecer o setor privado.

Pelo lado da reabertura no pós-pandemia, o impulso à economia foi dado diante da volta dos chineses ao varejo físico e aos restaurantes. Isso depois de quase três anos de restrições por causa da Covid.

O investimento em capital fixo cresceu 3,1% nos primeiros nove meses de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em entrevista aos jornalistas, o vice-chefe do Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS), Sheng Laiyun, afirmou que o país só precisa registrar no 4º trimestre um crescimento de 4,4% na base anual para cumprir a sua meta.

“Estamos confiantes de que podemos atingir a meta de crescimento este ano”, disse.

Para o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, o crescimento da China no 3º trimestre é exuberante. Isso apesar dos problemas no setor imobiliário, que envolve as gigantes Country Garden e Evergrande que estão próximas de um calote.

“Apesar do setor imobiliário estar parado, outros motores de crescimento parecem estar funcionando. O motor industrial e o de exportações tem garantido esse crescimento”.

Crise no setor de imóveis

O principal motivo da perda de ritmo da economia chinesa no 3º trimestre, em relação ao anterior, veio da crise no setor imobiliário diante do forte aumento das dívidas das incorporadoras e da brusca queda na compra de imóveis.

Nos primeiros nove meses do ano, as vendas de casas caíram 3,2% na comparação com o ano anterior. O investimento imobiliário despencou 9,1% no período de janeiro a setembro, ante uma queda de 8,8% nos primeiros oito meses.

O início de novas construções caiu 23,4% em relação ao ano anterior nos primeiros três trimestres, em comparação com uma queda anual de 24,4% nos primeiros oito meses.

O setor imobiliário da China representa um terço da economia do país, o que inclui a construção de casas, aluguel, serviços de corretagem, materiais de construção e até indústrias de produtos da linha branca, que abastecem as casas e apartamentos.

Com a desaceleração da economia, as autoridades chinesas endureceram as condições de acesso ao crédito para empresas, a fim de reduzir o nível de endividamento do setor.

O esgotamento dessas fontes de financiamento, aumentou a dívidas das incorporadoras e passou a causar uma série de inadimplências. Isso impactou forte a confiança dos compradores e alertou os bancos para o impacto na lucratividade.

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