Notícias

PIB dos EUA cresce 1,1%, abaixo do esperado no 1º tri; inflação segue elevada

Economia americana desacelerou, após ter avançado 2,6% no último trimestre do ano passado. Mercado previa crescimento anualizado de 2%. Juros altos pesaram no resultado

O crescimento da economia dos Estados Unidos desacelerou no 1º trimestre de 2023, mais do que esperado pelo mercado. A perda de ritmo aconteceu em meio ao menor apetite por investimentos empresariais que impactou nos estoques e moderou a retomada dos gastos do consumidor. Diante dos efeitos do aperto monetário, com as taxas de juros em elevação, a atividade americana deve seguir essa tendência de estabilização.

O Produto Interno Bruto (PIB) americano cresceu a uma taxa anualizada de 1,1%, ante o avanço de 2,6% nos últimos três meses do ano passado. Os dados foram publicados nesta quinta-feira, 27/04, pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. A expectativa dos analistas era de uma alta de 2%.

PIB – ESTADOS UNIDOS (POR TRIMESTRE NOS ÚLTIMOS12 MESES)

O resultado foi puxado pelo aumento nos gastos do consumidor, o mais forte em quase dois anos, exportações mais robustas, gastos do governo federal e investimentos não residenciais. Apesar desses avanços, houve queda nos investimentos em estoques privados (a maior retração desde a pandemia) e na compra de casas. As importações também cresceram e o resultado é subtraído do PIB.

O estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, explica que o resultado da economia americana mostra uma tendência vista no Brasil e na Europa, diante do aumento do consumo de serviços e as empresas segurando os investimentos.

“O PIB foi puxado pelos gastos com consumo, em especial com saúde, restaurantes, acomodações, turismo. O Brasil mostra algo parecido, assim como a Europa. Pelo lado das empresas, muitas estão postergando uma recomposição de estoque diante de vendas muito baixas e juros altos. Portanto, as pessoas ainda continuam consumindo bastante serviços”.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE) acelerou de 3,7% na leitura passada para 4,2% no 1º trimestre de 2023. O núcleo do indicador, que exclui os preços voláteis como energia e alimentos, também avançou de 4,4% no trimestre anterior para 4,9%.

O maior aumento no consumo dos americanos mantém a inflação pressionada, o que deve levar o Federal Reserve (Fed) a mais um aumento dos juros na reunião da próxima semana. Os analistas explicam, no entanto, que os problemas enfrentados pelo First Republic Bank, podem levar o banco central americano a fazer uma pausa.

“Provavelmente a gente vai ver uma alta de 0,25 ponto percentual dos juros na semana que vem. O banco central americano está uma sinuca de bico. Porque ao mesmo tempo que a atividade começa a dar vários sinais de enfraquecer, os preços ainda seguem acelerando. O melhor caminho, diante desse cenário, é tentar subir as expectativas para as próximas reuniões de que os juros não serão cortados tão cedo. A previsão é só para setembro”, conclui Gustavo Cruz

Enquanto a decisão não chega, os números dos EUA mostram uma economia em franca desaceleração, diante do peso da taxa de juros. Em relação a inflação, se por um lado as famílias seguem aquecendo o mercado, por outro as empresas reduziram os gastos ao longo do trimestre. Os economistas esperam uma perda de ritmo mais evidente a partir dos próximos três meses, com uma estagnação do PIB em 0,2%.

Quer entender o que é macroeconomia e como ela afeta seu bolso? Acesse o curso gratuito Introdução à Macroeconomia, no Hub de Educação da B3.