Presidentes dos maiores bancos do Brasil apontam como a IA vai afetar o setor e os clientes
Executivos dos bancos comentaram como esse cenário está redefinindo o mercado e o papel das instituições financeiras
Por Victor Rabelo
Nesta terça-feira (10), teve início a Febraban Tech 2025, com o tema “A aceleração do Setor Financeiro na Era da Inteligência”. No primeiro painel do evento os presidentes dos principais bancos do país falaram sobe “O Futuro dos Bancos: crescimento, competitividade e novos modelos de negócio”.
Os executivos comentaram os avanços da tecnologia nos negócios e como esse cenário está redefinindo o mercado e o papel das instituições financeiras. Em comum nas declarações dos executivos é a noção de que, cada vez, os clientes vão precisar entregar um serviço personalizado para cada cliente.
Para Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil, essa transformação exige uma mudança de cultura nas companhias. “Não tem como ter um banco sustentável para o futuro sem tecnologia. Queremos entregar um banco para cada cliente. Temos trabalhado a escalabilidade dos modelos de IA, mas junto com uma cultura de eficiência que não necessariamente signifique corte de pessoas ou projetos. Esse modelo vem com um apelo por transformação cultural na base de funcionários do banco”, disse.
No mesmo sentido, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, explica que é necessário um esforço para impedir com que haja resistência à inovação. “O mundo está andando numa velocidade enorme e nosso objetivo é liderar. A nossa agenda tem sido de mudança da lógica de banco transacional para consultivo. Nosso mantra é ‘não lute contra a inovação, não tenha medo do novo’. E, para isso, é fundamental uma transformação cultural. Não trabalhamos para os próximos trimestres, mas pensando em cem anos”, comentou Filho.
Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, também comentou sobre como o banco tem feito para avançar nesse tema. “Em 2024 lançamos programa de transformações e estamos investindo de maneira bruta no ganho de eficiência. A gente ampliou nosso time de tecnologia e dados porque o básico é aumentar nossa competitividade no curto e longo prazo. A IA vai transformar a humanidade e estamos usando isso ao nosso favor com iniciativas para suportar o cliente”, afirmou. O executivo ainda citou iniciativas como a Bia, o chatbot do banco movido a Inteligência Artificial, e o suporte ao negócio com machine learning para crédito para exemplificar essa evolução.
Já Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, destacou que o banco tem uma característica diferente dos demais concorrentes que é o fato de não trabalhar com agências físicas. Para o executivo, essa característica fez com que a instituição precisasse trilhar um caminho um pouco distinto.
“Diferentemente dos outros bancos que precisaram fazer uma transformação, a gente partiu de um lugar diferente. Éramos um banco de atacado e sem estrutura física. Aproveitamos, então, a digitalização para construir um banco universal digital. A gente cobre varejo de alta renda, pessoa física, pequenas, médias e grandes empresas, sem estrutura de agência”, disse. Sobre a personalização dos serviços comentada pelos seus colegas, Sallouti afirmou que “cada cliente é um cliente diferente, ainda mais hoje em dia que você não consegue cobrar muitas tarifas por causa da competitividade”, completou.
+ Como a Inteligência Artificial pode ajudar no pagamento de contas no dia a dia
Bancarização e acesso ao público de baixa renda
O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, destacou o papel do banco em relação às políticas sociais do Brasil. Para ele, a diversidade do país faz com que a instituição se preocupe, por exemplo, com as populações que ficam distantes da infraestrutura bancária.
“A população de baixa renda sempre esteve ligada à Caixa. Esse público começa a ser percebido pelas instituições financeira após o maior acesso aos bancos. A Caixa tem um papel de levar seus programas sociais a esse público. No Pará, em algumas regiões, como a cidade de Peixe-Boi, por exemplo, as pessoas precisam se locomover seis horas para acessar um banco. E hoje alcançamos de forma remota, com tecnologia e auxílio dos Correios”, explicou o presidente da Caixa.
Mario Leão, presidente do Banco Santander, também destacou o papel do banco no processo de bancarização e mencionou o programa Prospera, que concede crédito a microempreendedores e autônomos. “Temos acelerado essa agenda (de bancarização). Conseguimos escalar o Prospera com a ajuda de agentes, mas com muita tecnologia. Conseguimos conectar a tecnologia com o humano. O humano ainda faz muita diferença. Vamos evoluir o Prospera pra IA Generativa, mas temos abraçado a tecnologia com o humano”, concluiu.
Quer simular investimentos no Tesouro Direto? Acesse o simulador e confira os prováveis rendimentos da sua aplicação. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.