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Prévia do PIB avança acima das expectativas; desemprego sobe no 1º tri

IBC-Br avançou 3,32% em fevereiro na comparação com janeiro, apontou o Banco Central. Taxa de desemprego escalou para 8,8%. São 9,4 milhões de brasileiros sem trabalho

Calculadora e dinheiro. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central é considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto). Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O mês de abril termina com notícias opostas para a economia brasileira. Enquanto o Índice de Atividade Econômica, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) cresceu forte em fevereiro, a taxa de desemprego começou o ano em alta puxada pela redução dos trabalhadores sem carteira e da estabilidade do emprego formal.

O IBC-Br teve forte expansão de 3,32% em fevereiro, na comparação com janeiro, segundo divulgou nesta sexta-feira, 28/04, o Banco Central. O crescimento do indicador foi o maior desde junho de 2020 (4,86%). É também a alta mais robusta em 33 meses, após a estagnação (0,09%) registrada em janeiro. O resultado está bem acima da expectativa do mercado, de um avanço 1,2%.

PRÉVIA DO PIB, IBC-BR (MÊS A MÊS)

Prévia do PIB
Fonte: Banco Central

Para os analistas, essa alta registrada no segundo mês do ano mostra que a economia brasileira segue em expansão, apesar da Selic no maior patamar em seis anos (13,75% a.a.) e da inflação ainda elevada. Dentre as causas está o aumento das transferências de renda pelo governo para as famílias mais pobres – o que aumenta o consumo – e o melhor desempenho da agricultura, que impacta na renda do campo. A queda da inflação dos alimentos também ajuda a explicar o IBC-Br em fevereiro.

Em relação ao mesmo período do ano passado, a prévia do PIB avançou 2,76%. Nos primeiros dois meses do ano, o crescimento chega a 2,87%.

Desemprego

Apesar do resultado surpreendente da prévia do PIB em fevereiro, os primeiros três meses do ano foram marcados pelo aumento do desemprego no país. A taxa subiu para 8,8%, acima dos 7,9% no 4º trimestre do ano passado. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) publicada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo com o avanço, esse é o menor resultado para o trimestre desde 2015. O valor também ficou abaixo do mesmo período do ano passado (11,1%). Com isso, o número absoluto de brasileiros desempregados atingiu 9,4 milhões de pessoas no 1º trimestre – forte avanço de 10% contra os três meses anteriores. São 860 mil pessoas desocupadas a mais no país.

TAXA DE DESEMPREGO (TRIMESTRAL)

Prévia do PIB
Fonter: IBGE

Diante da alta do desemprego, o total de pessoas ocupadas recuou 1,6% contra o trimestre anterior. Agora são 97,8 milhões – uma retração de 1,5 milhão de trabalhadores. Na comparação anual, houve crescimento de 2,7%. Para coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, o emprego parece estar voltando aos seus padrões, após os impactos da pandemia.

“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia. Esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimentos atípicos”.

Brasileiros sem carteira assinada

A queda na ocupação foi puxada pela redução dos trabalhadores sem carteira no setor público (-7%) e privado (-3,2%) que representam um contingente de 12 milhões de brasileiros. Os principais setores com retração nas vagas foram outros serviços (-4,3%), administração pública (-2,4%), agricultura (-2,4%), construção (-2,9%) e comércio (-1,5%). Além disso, o total de trabalhadores por conta própria com CNPJ teve queda de 8,1% (menos 559 mil pessoas).

“Na construção, essa queda está focada no setor de edificações e tem uma característica muito sazonal. O grupamento da administração pública tem um conjunto de atividades bem heterogêneo e foi influenciado, principalmente, pelo segmento de educação fundamental e de administração pública em si”, explica Adriana.

Pelo lado do emprego formal, os número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficou estável em 36,7 milhões, na comparação com o trimestre anterior. Além dos desocupados, há pessoas fora da força de trabalho (67 milhões). No primeiro trimestre de 2023 houve um aumento desse contingente em 1,1 milhão de trabalhadores.

“Esse aumento vem sendo observado há algumas divulgações. Pelas informações da pesquisa, verificamos que esse crescimento não está relacionado a um aumento da população na força de trabalho potencial ou no desalento, já que esses dois indicadores mostram estabilidade no trimestre e queda no ano”, explica a coordenadora da pesquisa.

Mão de obra desperdiçada e rendimento

O 1º trimestre registrou um avanço de 1,3% nos trabalhadores subutilizados, na comparação com os três meses anteriores. São 21,5 milhões de brasileiros que estão na chamada mão de obra desperdiçada, ou seja, estão desempregados; trabalham menos horas do que gostariam; ou não buscam emprego, mas gostariam de trabalhar.

A renda média dos trabalhadores avançou 0,7% nos primeiros três meses do ano, para R$ 2.880. A diferença é de R$ 19 a mais. O rendimento médio real habitual dos trabalhadores, que considera a soma de todos os trabalhos, cresceu 7,4% (R$ 198 a mais), em relação ao mesmo período de 2022.

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