Prévia do PIB recua em janeiro; projeção de inflação para 2023 chega a 6%
IBC-BR índica estabilidade da economia no primeiro mês do ano. Já boletim Focus mostra que o IPCA segue bem acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central
O Banco Central divulgou nesta segunda-feira, 17/04, dois importantes indicadores que mostram a tendência para a economia em 2023. O Índice de Atividade Econômica (IBC-BR), considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), teve queda de 0,04%, em janeiro, em relação a dezembro do ano passado. Pelo lado da inflação, os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa do IPCA deste ano, de 5,98% para 6,01%.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, afirma que o resultado da prévia do PIB mostra uma perspectiva de estagnação para a economia brasileira no primeiro trimestre.
“A gente teve o varejo em alta na semana passada – mais ou menos 3% – e os serviços com queda de 3%. A questão é que serviços representam 70% da economia, enquanto o varejo algo como 10%. Portanto, a perspectiva do primeiro trimestre é de estagnação. Tem até um risco de recessão, se houver uma queda no PIB do 1º trimestre, dado que no 4º trimestre a economia já perdeu força”.
O resultado da estimativa do BC para a inflação oficial do país segue bem acima do teto de meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), cujo valor é de 4,75%. Já a prévia da PIB trouxe uma desaceleração em relação ao último mês do ano passado, quando o IBC-BR avançou 0,47%.
“O Banco Central vai ter que lidar com isso [expectativa de inflação em alta] para começar a reduzir juros. É preciso ver como o BC vai endereçar essa questão, até se pode haver alguma mudança na meta de inflação para esse ano ou para o ano que vem. Importante deixar isso no radar”.
PRÉVIA DO PIB (IBC-BR)
Na comparação com janeiro do ano passado, a prévia do PIB registrou crescimento de 3,03%. Em doze meses até janeiro, o IBC-Br avançou 3%. Esse último indicador é mais estável, em relação a medição mensal.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. No ano passado, o país cresceu 2,9%, após encolher 0,2% no quarto trimestre ante o terceiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no início de março. O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros. Hoje a Selic está em 13,75% ao ano.
Outros destaques do boletim Focus
Para 2024, a projeção de inflação subiu de 4,14% para 4,18% na semana passada; para 2025, ficou em 4%. A estimativa de inflação segue superior à meta do BC, de 3% para os dois anos.
A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto em 2023 recuou de 0,91% para 0,90% na última semana. Para 2024, no entanto, a previsão de crescimento da economia brasileira recuou, mais uma vez, de 1,44% para 1,40%. Para 2025, caiu de 1,76% para 1,72%.
Para o fim de 2023, o mercado financeiro reduziu a expectativa para a taxa básica de juros, a Selic, de 12,75% para 12,50% ao fim de 2023. Importante notar que essa mudança veio, após a desaceleração da inflação em 12 meses, de 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, como divulgado na semana passada pelo IBGE. No fim de 2024, a estimativa para a taxa de juros básica da economia ficou estável em 10% ao ano; e 9% em 2025.
A estimativa para a moeda americana no fim de 2023 caiu de R$ 5,25, para R$ 5,24. Para o fim de 2024, caiu de R$ 5,27 para R$ 5,26.
O Focus é publicado todas as segundas-feiras e divulga as projeções do mercado financeiro para a economia brasileira. Foram ouvidas pelo Banco Central mais de 100 instituições financeiras até o fim da semana passada. O relatório é essencial para o investidor corrigir ou confirmar estratégias no mercado de ativos.
IBC-BR x PIB
O cálculo do Índice de Atividade Econômica e do Produto Interno Bruto são um pouco diferentes. O indicador do Banco Central incorpora as estimativas do setor de serviços, indústria, agropecuária, além dos impostos. Mas não considera o lado da demanda – que é incorporado ao cálculo do IBGE. A ótica da demanda inclui dados de consumo das famílias, do governo, investimentos, exportações e importações.
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