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Prévia do PIB recua pelo terceiro mês seguido e indica desaceleração da economia

IBC-Br caiu 0,06% em outubro e retração trimestral chega a 0,42%, puxado pela queda dos serviços e varejo. No acumulado de 2023, índice cresceu 2,36%

Calculadora e dinheiro. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central é considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto). Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, que é considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), teve retração de 0,06% em outubro, em relação ao mês anterior. Os números foram publicados nesta quarta-feira, 20/12.

Esse é o terceiro mês consecutivo de queda no indicador, o que confirma uma desaceleração da economia brasileira. Em agosto e setembro, o índice registrou retração de, respectivamente, 0,71% e 0,05%.

O resultado veio um pouco acima do esperado pelo mercado financeiro, que previa uma queda maior de 0,2%. No acumulado trimestral, a prévia do PIB tem baixa de 0,42%.

Essa piora foi puxada pelo setor de serviços, que registrou queda em outubro de 0,6%; e pelo varejo que teve retração de 0,3%. Além disso, os resultados consecutivos ruins da indústria, que ficou praticamente estável (0,1%) em outubro também contribuiu para a desaceleração.

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, explica que há uma desaceleração do consumo de maneira geral, com impacto direto na economia.

“Começamos a ver realmente o impacto da política monetária. Os juros estão num patamar bastante elevado na medida que a inflação vem caindo. O crédito para as famílias, que ainda tinham algum crescimento no começo do ano, se acomodou nos últimos meses”.

O economista da Suno Research, Rafael Perez, também a credita que a atividade deve continuar apresentando um menor crescimento. “Contudo, o mercado de trabalho aquecido, o crescimento da massa salarial e o arrefecimento da inflação devem sustentar o consumo, amenizando um resultado mais fraco.”

No acumulado dos dez primeiros meses deste ano, o IBC-Br avançou 2,36% e, em 12 meses até outubro, apresentou crescimento de 2,19%.

“Boa parte desse crescimento já aconteceu. O que a gente está vendo agora é um carrego estatístico. O PIB será positivo por conta do crescimento que a gente viu no primeiro semestre do ano, principalmente puxado pela agropecuária”, conclui.

Economia brasileira em desaceleração

Os primeiros nove meses do ano foram positivos para a economia brasileira, mas a perda de ritmo é visível nos resultados trimestrais.

Entre janeiro e março, o PIB cresceu 1,4% impulsionado pela agropecuária. Nos três meses seguintes, a atividade avançou 0,9%. No 3º trimestre, a economia subiu menos, 0,1%, mas surpreendeu os analistas. Importante pontuar que os dois primeiros números foram revisados pelo IBGE.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.

O Comitê de Política Monetária avaliou na ata publicada nesta semana, que o resultado melhor da economia brasileira está relacionado com a resiliência do consumo das famílias, diante da melhora do mercado de trabalho e da inflação mais baixa.

Para 2024, a economista-chefe do Inter espera um PIB menor, na casa dos 1,8%. “A gente não deve ter toda a contribuição do Agro, além de um consumo das famílias um pouco mais acomodado. Então, com isso, o PIB tende a crescer menos no próximo ano”, conclui Rafaela Vitória.

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