Quem é llan Goldfajn, o primeiro economista brasileiro no comando do BID
É a primeira vez que um economista brasileiro assume o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
O economista brasileiro Ilan Goldfajn foi eleito no domingo, 20/11, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), fundado há 63 anos. Ilan é o primeiro brasileiro no cargo e terá um mandato de cinco anos. Ele assume daqui a menos de um mês, no dia 19 de dezembro, o comando do BID, uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico e social da América Latina e do Caribe. O nome de Goldfajn foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
A eleição do ex-presidente do Banco Central brasileiro teve apoio de todo o Mercosul, além de países com poder de voto relevante como Estados Unidos, Canadá e Argentina. Goldfajn foi eleito com 80,1% dos votos, com apoio de 17 países, derrotando os candidatos do Chile, México e Trindade e Tobago. A eleição foi na sede do BID, em Washington, nos Estados Unidos, mas algumas delegações participaram virtualmente.
Em um vídeo publicado no Twitter por Martha Seillier, diretora-executiva do BID para Brasil e Suriname, Ilan se comprometeu a comandar a instituição para todos os países.
“Serei o presidente dos países de alta renda, média e baixa. Serei o presidente dos membros regionais e também dos não regionais. Serei o presidente dos países da América do Sul, Central, do Norte e dos países do Caribe”, afirmou.
Quem é Ilan Goldfajn?
Ilan Goldfajn é formado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem mestrado na mesma área pela Pontifícia Universidade Católica carioca (PUC-RJ) e doutorado pela Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Brasileiro nascido em Israel, ainda jovem se mudou para o Brasil com a família. Entre de setembro de 2000 a julho de 2003, foi diretor de política econômica do Banco Central (BC) do Brasil. Em junho de 2016, assumiu a presidência do BC, indicado pelo governo Michel Temer. Ficou no cargo até fevereiro de 2019, quando foi sucedido por Roberto Campos Neto, atual presidente, indicado pelo governo Bolsonaro.
Em 2018, Ilan recebeu o prêmio de melhor banqueiro central do mundo pela revista britânica “The Banker”, do Financial Times. Foi durante sua gestão que a taxa Selic caiu de 14,25% para 6,5% – levando a inflação para a meta, após o pico enfrentado durante a recessão de 2014-2016. Ilan também deu início a agenda de reformas que busca modernizar o sistema financeiro: conhecida como BC+.
No setor privado, foi presidente do Conselho Consultivo do Credit Suisse Brasil, economista e sócio da Ciano e da Gávea Investimentos e economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco. Pelo mundo, foi economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e atualmente era diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, quando se licenciou do cargo para concorrer ao BID.
O que esperar da gestão Ilan?
Os economistas internacionais aguardam de Ilan Goldfajn contribuições importantes para a área de infraestrutura regional e mudanças climáticas, além de incluir o setor privado para participar desses empreendimentos. No campo social, o combate à pobreza e às desigualdades de gênero e renda também devem estar na pauta do presidente eleito do BID.
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Polêmica entre Ilan x Mantega
A eleição de Ilan Goldfajn para o BID coloca um fim a uma polêmica que envolveu o ex-ministro da Fazenda do governo Lula e Dilma – e ex-membro da equipe de transição- Guido Mantega.
Mantega tentou barrar a candidatura de Ilan há duas semanas. Ele enviou cartas a um conjunto de países pedindo adiamento da eleição e disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou ‘dar um novo golpe’ ao indicar o ex-presidente do BC para o posto.
No mesmo dia, o banco confirmou que a eleição não seria cancelada.