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Rachel Maia: investimentos e experiência de vida como pilares do sucesso

Em entrevista ao B3 Convida, executiva relembra a influência dos pais na carreira e o longo caminho para conquistar equidade

A executiva Rachel Maia, uma mulher preta, em entrevista para a B3
A executiva Rachel Maia está entre as pouquíssimas mulheres pretas na liderança empresarial. Foto: Reprodução

Com passagens pela presidência de grandes empresas, como Tiffany & CO, Pandora e Lacoste, Rachel Maia construiu uma carreira de sucesso tanto no Brasil como no exterior. Ao programa B3 Convida, a executiva conta como superou o preconceito para liderar empresas de relevância global e como o sucesso depende não só do trabalho, mas também de investimentos e uma rica experiência de vida. Confira a seguir alguns destaques da entrevista, transmitida em 5 de agosto de 2022.   

Investimentos 

Para Rachel Maia, investir é uma atividade fundamental para conciliar orçamento pessoal com os objetivos futuros. “Foi com investimentos que liquidei meu apartamento”, conta. “Hoje invisto para realizar meu sonho de ter um sítio. Pretendo passar grande parte do meu tempo nele, quando passar dos sessenta anos.”    

A lição sobre investimentos é passada à filha Sara Maria, de dez anos. “Ela já tem a poupança dela, e vai administrando sozinha seu próprio dinheiro com o aplicativo do banco. A mesada varia de dez a vinte reais, dependendo das metas dela. Acho muito importante para criar senso de responsabilidade nas crianças”, diz Rachel. O caçula, Pedro Antônio, de dois anos, deve seguir os mesmos passos da irmã, administrando sua própria poupança desde cedo.       

Primeiros passos 

Uma das raríssimas mulheres pretas a chegar ao topo da carreira empresarial, Rachel Maia publicou uma autobiografia em que conta o seu “caminho até a cadeira número 1”. Para a executiva, a diversidade de suas experiências de vida – desde a infância na periferia de São Paulo, sempre na companhia de uma família grande e unida – foram fundamentais em sua trajetória profissional.

A carreira do pai, que começou como faxineiro na antiga Viação Aérea de São Paulo (Vasp) e foi galgando cargos até chegar a supervisor, e a missão da mãe, de complementar a renda da casa com serviços de faxina, foram as primeiras lições de Rachel sobre persistência. 

Mesmo anos depois, já vivendo nos Estados Unidos, Rachel resgatou um exemplo do pai ao se deparar com uma questão difícil na entrevista para ingressar na Tiffany. Questionada sobre o que acontecia no mundo, ela conta que ficou apavorada, e começou a ler o currículo, para ganhar tempo. “Depois me lembrei do meu pai e como ele nos ensinava a sempre ler jornais e assistir aos telejornais, e vi que poderia ficar por horas conversando sobre o que havia acontecido na semana”, diz, reforçando a importância de ampliar os horizontes para além do negócio. 

Transformações 

A lição rendeu frutos: após se sair bem na entrevista, Rachel foi convidada pela Tiffany & Co para a área de customer experience. Ela chegou a Chief Financial Officer (CFO) na empresa. Depois, liderou a joalheria Pandora e foi CEO da Lacoste no Brasil. 

Segundo Rachel, o fato de ser uma mulher negra ofereceu às empresas a diversidade que elas buscavam. “Já está provado que diversificação, pluralidade e sustentabilidade funcionam, o mercado já entendeu isso. Então não me convide só pela pluralidade que eu represento, mas também pelos skills que eu apresento.”

Mesmo com o mundo em transformação, Rachel reconhece que ainda há um longo caminho para alcançar a equidade. Ela cita o baixo percentual de mulheres CEOs no Brasil e a ausência de mulheres negras ocupando tais cargos.