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Varejo cresce menos do que o esperado em abril; Páscoa surpreende

Avanço foi de 0,1% em abril em relação ao mês anterior. Puxado pela venda de ovos de chocolate, setor de supermercados subiu 3,2%, o maior valor desde março de 2020

Pedestres passam entre lojas e placas de preços no Saara, centro de compras popular no Rio de Janeiro
Desemprego recua no trimestre. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 0,1% em abril, em relação ao mês anterior. É o segundo mês consecutivo de alta. O dado foi divulgado nesta quarta-feira, 14/06, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado, que aguardava uma alta de 0,2%. Em relação a abril do ano passado, o varejo subiu 0,5%. No acumulado de 2023, o crescimento é de 1,9%.

O avanço do comércio em abril foi acompanhado por três das oito atividades pesquisadas pelo IBGE. O maior impacto positivo veio do setor de hiper e supermercados, que avançou 3,2%. (veja os destaques abaixo)

O economista da XP, Rodolfo Margato, explica que o avanço na atividade reflete a maior disponibilidade de renda das famílias e um significativo alívio na inflação de alimentos.

“A expansão da massa de renda sustenta o consumo no curto prazo. A resiliência do mercado de trabalho, o aumento das transferências de renda do governo e a queda da inflação, especialmente em alimentos e bens industriais, permitem uma desaceleração suave dos gastos pessoais neste ano”.

Por outro lado, as condições de crédito apertadas e o alto endividamento dos brasileiros continuam a pesar sobre as vendas varejistas. “O que explica os sinais mistos entre as atividades acompanhadas na pesquisa”.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS DO VAREJO (MÊS A MÊS)

Fonte: IBGE

Alta nas vendas de Páscoa puxam setor de supermercados

O setor de hiper e supermercados, que tem o maior peso no varejo, registrou em abril o maior crescimento das vendas desde março de 2020.

Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o resultado forte da Páscoa explica essa melhora na atividade.

“Antes da pandemia, os resultados das vendas da Páscoa no varejo apareciam sobretudo em abril. Nos anos subsequentes, os ovos começaram a ser vendidos muito antes, em janeiro, e essas vendas eram diluídas ao longo desses meses. Neste ano, houve uma volta ao padrão”.

Os grupos de Livros, jornais, revistas e papelaria (1%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%) também ficaram no azul no quarto mês de 2023.

+ Vendas no varejo: entenda o dado e quem ele influencia na B3

Atividades em queda

Os dois grupos pesquisados pelo IBGE que mais impactaram de forma negativa no índice foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%).

A primeira atividade tem sofrido muito com as instabilidades da cotação do dólar. Tanto que despencou em abril, após crescer 6,3% no mês anterior e ter desacelerado em fevereiro (-9,7%). Esse grupo ainda está 17,8% abaixo do patamar pré-pandemia.

Já as vendas do setor de vestuário e calçados permanecem em uma trajetória de queda desde setembro do ano passado. A única exceção foi em janeiro, quando o grupo cresceu 27,3% por conta das promoções, após as vendas fracas no Natal e na Black Friday.

O pesquisador do IBGE explica que esse setor segue impactado por uma mudança de comportamento que veio durante a pandemia.

“Com o menor deslocamento das pessoas, houve menos necessidade de consumir produtos dessa natureza, como roupas e calçados. Essa mudança no consumo impactou as grandes redes, que têm fechado lojas nesse período em todo o país”.

O grupo também não recuperou o patamar pré-pandemia, ficando 22,1% abaixo do nível registrado em fevereiro de 2020.

As outras atividades que ficaram no campo negativo foram: Combustíveis e lubrificantes (-1,9%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,5%).

Varejo ampliado

No varejo ampliado o volume de vendas teve retração de 1,6% na comparação com março. As vendas de veículos e motos, partes e peças despencaram 5,9% e as de material de construção caíram 0,8%.

Na contramão ficou o Atacarejo que cresceu forte: 14,5% em abril de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado.

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