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Vendas do varejo avançam em outubro, mas ritmo desacelera

Essa foi a terceira taxa positiva seguida, mas veio abaixo do resultado de setembro. Segundo a XP, os juros altos têm levado o setor a um desempenho mais modesto

Pessoas caminhando entre as lojas na rua.
Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas do comércio avançaram 0,4% em outubro, em relação a setembro, na terceira taxa positiva consecutiva. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 08/12. Apesar de positivo e de ter vindo acima do esperado pelo mercado, o resultado mostra uma desaceleração em relação ao mês anterior quando foi registrado crescimento de 1,2%.

“Desde maio, o comércio não apresentava crescimento, ficando na estabilidade ou no campo negativo. Esse mês também registrou o ponto mais alto desde a passagem de fevereiro para março. Esse ano, a série está exibindo uma volatilidade menor do que nos anos anteriores e estamos começando a ver um comportamento mais parecido ao que era antes da pandemia, sem muita amplitude na margem”, explica Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

Gráfico vendas do varejo 2022

Em relação a outubro do ano passado, o setor subiu 2,7%. No acumulado do ano, alta de 1%; e em 12 meses avanço de 0,1% – primeira taxa positiva após 5 meses seguidos de queda. No chamado Varejo Ampliado – que inclui as atividades de veículos, motos, peças e de material de construção – o volume de vendas variou para cima 0,5% frente a setembro. Esse resultado também veio em linha com as expectativas dos analistas.

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Em seu relatório ‘Brasil Macro Mensal’, a XP analisou que diante de uma política monetária mais restritiva – com os juros em patamares elevados – o comércio e a indústria têm apresentado desempenho modesto. Disse ainda que o resultado das vendas varejistas e do setor industrial tem trazido sinais heterogêneos entre as categorias.

“Aquelas mais sensíveis às condições de crédito (ex: bens de consumo duráveis e bens de capital) estão em tendência de queda. Já as atividades mais sensíveis à renda ainda mostram expansão, com destaque para bens de consumo não duráveis (ex: alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos, artigos de higiene pessoal, combustíveis). O aumento da massa de renda disponível às famílias – os salários reais voltaram a crescer com o aperto do mercado de trabalho e o alívio na inflação – e estímulos fiscais de curto prazo sustentam essa dinâmica”.

Patamar pré-pandemia

As vendas do varejo seguem acima do patamar pré-pandemia. Em outubro ficaram 3,6% acima do período de fevereiro de 2020. Apesar desse resultado, o setor ainda está 2,9% abaixo do nível recorde, alcançado em outubro de 2020. Já o varejo ampliado se encontra 1,5% abaixo de fevereiro de 2020.

“Em termos setoriais, poucas atividades estão acima do patamar pré-pandemia. Contando com o varejo ampliado, das dez atividades, apenas quatro estão acima do patamar pré-pandemia: Artigos farmacêuticos (20,8%), Combustíveis de lubrificantes (18,7%), Hiper e supermercados (3,8%) e Material de construção (2,0%)”, afirma o gerente da pesquisa.

Principais destaques

As vendas do comércio avançaram em cinco das oito atividades pesquisadas em outubro na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE.

Veja o resultado positivo de cada uma das atividades:

  • Móveis e eletrodomésticos: 2,5%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 2%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 2%
  • Combustíveis e lubrificantes: 0,4%
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,2%

Veja o resultado negativo de cada uma das atividades:

  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,4%
  • Tecidos, vestuário e calçados: -3,4%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -3,8%

As atividades do comércio varejista ampliado apresentaram resultados negativos: veículos e motos, partes e peças (-1,7%) e material de construção (-3,5%).

“Duas atividades puxaram o aumento na margem: hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso e faz o papel de ancoragem no resultado, e, em segundo lugar, combustíveis e lubrificantes. Elas também tiveram influência no varejo ampliado, uma vez que suas duas atividades complementares ficaram na estabilidade”, explica Cristiano Santos.

Para o IBGE, a queda na atividade de combustíveis e lubrificantes segue influenciada pela queda nos preços, apesar do setor ter tido crescimento em volume produzido. Já hiper e supermercados, voltou a crescer após três meses.