Objetivos financeiros

O que é Carry Trade? Saiba tudo sobre essa prática

Prática usada por investidores institucionais depende da diferença de taxas de juros entre países

Imagine que você quer investir em um negócio e suas perspectivas são de geração de muito lucro. Para isso, você escolhe um banco ou outra instituição financeira com as taxas de juros mais baixas do mercado e pede um empréstimo, a fim de fazer o investimento, mas sem comprometer os recursos que você já tem.

Com o dinheiro emprestado já na sua conta, você faz a aplicação naquele negócio que tem boas perspectivas de crescimento. Vamos supor, nessa situação hipotética, que suas expectativas se concretizaram e você teve muito lucro com o investimento.

Parte do valor que recebeu com a aplicação será destinada ao pagamento do empréstimo feito com o banco, mas ainda assim você continua com uma boa quantia na conta.

Uma operação que funciona de forma semelhante no mercado financeiro é o carry trade – pouco conhecido pelos iniciantes, mas muito utilizado por investidores institucionais ou qualificados.

Nesta modalidade de investimento, o investidor – em vez de recorrer a um banco tradicional, como no nosso exemplo – identifica países com taxas de juros baixas, como o Japão e vários países da Europa, e pega dinheiro emprestado com instituições desses locais. O montante, então, é utilizado para realizar aplicações em produtos financeiros de outros países com taxas de juros mais altas.

Assim, o investidor busca lucrar com os juros altos pagos por um ativo, geralmente títulos de renda fixa, de forma que este lucro supere com alguma folga o valor que deverá ser pago pelo empréstimo. Esse tipo de operação explica a tendência de entrada de capital estrangeiro no Brasil quando a Selic aumenta e se descola dos patamares internacionais mais baixos.

Como funciona o carry trade na prática?

O primeiro passo para realizar essa operação é trocar as moedas, já que o investidor vai pegar recursos emprestados com um país para investir em outro.

Suponha que você fez um empréstimo com uma instituição nos Estados Unidos, onde os juros são bem menores que em países emergentes, e quer investir em títulos do Brasil. O dinheiro recebido será em dólares. Mas, para aplicar no mercado brasileiro, será necessário converter a moeda para reais.

Para fazer essa conversão, é necessário realizar uma operação de câmbio para obter a moeda a ser utilizada no investimento. Com a moeda do país em que o investimento será feito em mãos, a aplicação poderá ser efetuada.

Quais são os riscos do carry trade?

Um dos principais riscos dessa operação é que haja uma mudança repentina na taxa de câmbio entre os dois países.

Por isso, especialistas pontuam que é importante escolher um país de destino para os investimentos que tenha uma diferença bastante expressiva nas taxas de juros em relação ao país em que o empréstimo será feito, para evitar que as oscilações do câmbio prejudiquem os resultados da operação.

É bom lembrar que, no fim de todo esse processo, será necessário converter o dinheiro novamente para devolver o valor que foi emprestado mais os juros cobrados pelo serviço. E, se a moeda do país de destino dos investimentos se valorizar até o fim da operação, o investidor terá um desempenho ainda melhor.

Ainda usando nosso exemplo de dólares e reais, isso acontece porque, com uma menor taxa de câmbio, é possível comprar mais dólares do que se comprava antes com a mesma quantidade de reais.

Outros problemas desse tipo de operação são o risco de se submeter às regras financeiras do país participante e as dificuldades para conhecer e lidar com os custos de todas as operações envolvidas para a entrada e saída do dinheiro estrangeiro.

Vantagens e desvantagens do carry trade para o Brasil

Quando há um grande fluxo de capital estrangeiro entrando em um país por meio do carry trade, é comum que a moeda daquele país de origem passe por um período de valorização dentro do país de destino.

Afinal, quanto mais dólar ou qualquer outra moeda internacional tem disponível em um mercado, mais barata fica essa moeda. Assim, o carry trade costuma deixar o preço do dólar mais acessível no Brasil o que, na prática, representa uma valorização da moeda brasileira.

Nesse cenário, as empresas exportadoras (parte importante da economia nacional) perdem competitividade no mercado internacional, já que o valor do real estará mais próximo do valor do dólar e do euro, consideradas moedas fortes.

Além disso, o consumo de produtos importados também cresce, porque vão chegar aos consumidores com um preço mais acessível, o que reduz a fatia de mercado das empresas nacionais.

Dessa forma, a demanda por produtos internos recua e, com uma menor produção, o crescimento do País também pode ser afetado, gerando outros desafios econômicos.

E então, agora que você já entende melhor sobre o assunto, é hora de se aprofundar! Continue navegando por aqui e veja outros posts sobre o mercado financeiro.

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