Financiamento imobiliário pós-fixado da Caixa vale a pena? Entenda nova modalidade
Em meio ao esgotamento de recursos da poupança, Caixa lançou nova modalidade de financiamento imobiliário para a alta renda
Por Maeli Prado
A Caixa lançou nesta semana uma nova modalidade de financiamento imobiliário para a alta renda, com crédito pós-fixado acompanhando o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), referência da renda fixa que acompanha a taxa básica de juros, a Selic.
Essa categoria surge em um momento em que o modelo tradicional da poupança como fonte de recursos do financiamento imobiliário vem se mostrando escasso, devido ao deslocamento dos investimentos da caderneta para opções mais rentáveis.
O impacto é sentido principalmente sobre os imóveis de alta renda. Desde o mês passado, a Caixa não financia mais imóveis acima de R$ 1,5 milhão através do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), em que os bancos usam parte dos depósitos da poupança, com remuneração mais baixa que a Selic, para conceder crédito imobiliário a juros menores.
O anúncio foi feito em um contexto em que a projeção é de alta de juros – a expectativa de analistas do mercado financeiro é que a Selic, hoje em 11,25% ao ano, finalize 2025 em 12,63%.
Portanto, a pergunta que fica é se vale a pena tomar recursos pela nova linha. Há alguns fatores a serem considerados, segundo especialistas. Confira abaixo.
Como funciona a nova linha lançada pela Caixa?
De acordo com o banco, a nova linha para pessoas físicas terá uma taxa a partir de 114% do CDI, e visa atender clientes que queiram financiar imóveis acima de R$ 1,5 milhão, ou que já tenham financiamento habitacional ativo na Caixa.
O prazo de pagamento é de até 360 meses, e as condições são válidas tanto para imóveis residenciais novos como usados.
A modalidade não permite o uso de recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), e será financiada com recursos livres (ou seja, sem subsídios) do banco.
“Com mais essa opção, a CAIXA exerce papel fundamental na ampliação das fontes de recursos para o crédito imobiliário, colaborando com a diversificação das possibilidades de financiamento por meio de recursos livres do banco”, afirmou o presidente do banco estatal, Carlos Vieira, em comunicado à imprensa.
Vale a pena tomar financiamento imobiliário pós-fixado?
A avaliação de especialistas é que essa possibilidade deve ser considerada com muita cautela.
Segundo simulação feita pela advogada especializada em financiamento imobiliário Daniele Akamine, uma taxa de 114% do CDI hoje seria o equivalente a juros de 13,52%.
Esse é um patamar bem acima das principais taxas prefixadas cobradas pelos bancos – hoje, os juros variam entre 9,99% ao ano (pela Caixa) a 11,69% ao ano (Bradesco). “A taxa do financiamento pós-fixado é maior inclusive que a praticada pelos bancos privados”, comenta Akamine.
Mesmo o argumento de que o tomador de crédito pode se beneficiar se acreditar que a Selic vai cair bastante de patamar – o que beneficiaria o crédito pós-fixado – precisa ser ponderado com cuidado, alerta a advogada.
“Se a Selic cai, as taxas do financiamento imobiliário costumam acompanhar. Teríamos, mesmo assim, taxas menores nas outras linhas também ao longo do tempo”, lembra.
A modalidade é considerada como mais uma opção na mesa do tomador na hora de escolher um financiamento imobiliário, mas deve ser bem analisada e comparada com todas as alternativas.
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