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Após novas regras, ainda vale a pena investir em LCIs, LCAs, CRIs e CRAs?

Títulos isentos ganharam espaço na carteira de investidores, mas novas regras podem tirar atratividade

Homem segurando um celular com a mão esquerda e mexendo nele com a mão direita.
Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).  FOTO: ADOBE STOCK

Quem já investe em renda fixa ou já pesquisou sobre o tema conhece as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Isentos de imposto de renda, esses títulos caíram no gosto dos investidores brasileiros. Em 2023, o volume investido em todos esses títulos isentos cresceu mais de 30%. Só em CRIs, a alta foi de 55,8% para R$ 63,7 bilhões, segundo a Anbima. Mas uma mudança regulatória pode tornar esses títulos menos interessantes.

Quais são as novas regras?

O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou restrições nos lastros elegíveis para os títulos isentos. Antes, como não havia regras claras sobre o que poderia servir como lastro, muitas emissões tinham pouca relação com os setores imobiliário e do agronegócio. A nova regra busca corrigir essa distorção.

Além disso, o CMN ampliou o prazo de carência desses títulos. Antes, as LCIs e LCAs poderiam ter liquidez diária após 90 dias da data da aplicação. Agora, o investidor terá que esperar de 9 meses para LCAs e 12 meses para LCIs para ter liquidez diária.

O que pode mudar no mercado?

O primeiro impacto deve ser a diminuição da oferta de títulos isentos. Segundo Mônica Araújo, Estrategista de Renda Variável da Invest Smart, existiam brechas regulatórias, que foram dificultadas. “É possível que tenhamos uma redução até que os emissores e as instituições financeiras consigam analisar a nova determinação do Conselho Monetário Nacional e se adaptar para a demanda”.

Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, aponta que a redução deve ser maior nos títulos de CRIs e CRAs, “em que a emissão ficará exclusivamente para empresas que tenham suas operações vinculadas ao setor imobiliário ou agrícola”, afirma

Marília Fontes, sócia-fundadora e analista de renda fixa na Nord Research, também vê a possibilidade de redução na oferta de papéis isentos. “Com essa mudança, menos produtos desses vão ser emitidos. O investidor vai encontrar menos produtos, e isso numa época em que a demanda está muito alta”, diz Marília. “Isso pode significar prêmios bem mais baixos, fazendo com que os isentos tenham retorno similar ao dos não isentos”.

O que acontece com os CRIs, CRAs, LCIs e LCAs já emitidos?

Nada. “As emissões que foram feitas no passado não mudam, a regra só vale para as novas emissões. Quem tem esses ativos na carteira não precisa se preocupar, não vai ser cobrado imposto de renda nem nada”, diz Marília Fontes, da Nord.

Ainda vale a pena investir?

Depende da rentabilidade das novas emissões. “Ainda não dá para dizer se vai continuar valendo a pena ou não, depende dos prêmios. Entrei na corretora essa semana e encontrei papéis oferecendo em torno de 85% do CDI. Isso já é equivalente a uma aplicação no Tesouro Direto por mais de dois anos, em que se paga 15% de imposto de renda”, afirma Marília Fontes.

Segundo ela, torna-se ainda mais importante fazer os cálculos para avaliar se o título isento realmente vale a pena na comparação com outros ativos de renda fixa, como o próprio Tesouro Direto.

Mônica Araújo, da Invest Smart, ressalta a importância de analisar os papéis antes de fazer uma aplicação. “É preciso sempre avaliar o emissor e a sua capacidade de honrar com os compromissos futuros, além das questões jurídicas dos títulos e das garantias envolvidas.”

Caetano, da Toro, ainda faz um alerta: “a mudança do prazo de carência mínimo para LCI, LCA e LIG, faz com que esses ativos percam a atratividade quanto ao uso para reserva de emergência”.

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