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Benchmark: como avaliar o desempenho de cada classe de ativo na sua carteira

Índices podem servir como comparação para analisar desempenho de seus investimentos - mas é importante escolher um benchmark adequado para cada tipo de ativo

Na hora de investir, escolher onde colocar o dinheiro é desafiador. E mesmo depois da escolha, o trabalho não está encerrado: é preciso acompanhar a sua carteira de tempos em tempos e avaliar se as escolhas feitas ainda fazem sentido ou se é preciso mudar a estratégia. Para isso, uma das ferramentas mais importantes é o benchmark, um índice que serve de referência para avaliar o desempenho dos seus ativos em relação ao mercado. E a escolha do benchmark faz toda a diferença.

A importância do benchmark

“A gente só sabe se algo está tendo um desempenho bom ou ruim quando compara com alguma coisa”, explica Hayson Silva, analista da Nova Futura. O benchmark, nesse caso, serve justamente como essa comparação. Isso porque os índices usados como benchmark costumam ser uma medida do desempenho médio de determinado mercado. Ele explica que, principalmente em gestões ativas, o objetivo é superar esse índice de comparação. “Se o mercado sobe 15% e sua carteira apenas 2%, será que suas escolhas estão no caminho certo?”

Para Eric Hatisuka, CIO do Mirabaud Brasil, um benchmark pode ser entendido como uma “carteira teórica neutra”. “Se você fosse responder de uma forma simples: como faço para fazer um investimento neutro, passivo ou que não demande muito conhecimento e trabalho, a resposta é o benchmark. Essa carteira neutra tem o maior conjunto de ativos possível daquele mercado, ponderados pelo peso”, explica. Ou seja, se você escolhe dispender tempo de estudo para escolher as ações, ou determinados vencimentos e títulos de renda fixa, o benchmark te diz se esse tempo está valendo a pena, ou se teria sido melhor simplesmente escolher a gestão passiva.

Como escolher o benchmark para cada classe de ativos

A escolha do benchmark depende diretamente da classe de ativo e da estratégia de investimentos. Senão, você poderá estar comparando “laranja com banana”, brinca Silva, da Nova Futura.

Em uma carteira de ações, portanto, faz sentido usar um benchmark que meça o desempenho médio do mercado de ações.

Já para a renda fixa, o CDI é o índice mais utilizado, mas Silva destaca que, em um horizonte de longo prazo, investidores podem querer acompanhar a inflação. “Se meu objetivo é vencer a inflação, faz sentido comparar com um índice de inflação, mas isso não é o mais comum no mercado”, explica.

Mesmo na renda variável, dá para dividir as estratégias

No caso da renda variável, mesmo dentro de uma carteira de ações, é possível escolher benchmarks diferentes para cada tipo de estratégia. “Se o objetivo é ter dividendos, o IDIV é um bom comparativo. Se a estratégia é focada em small caps, existem índices específicos para isso”, sugere Silva. A ideia é sempre relacionar o desempenho à estratégia de cada parte do portfólio, em vez de fazer uma comparação generalizada com um único índice como o Ibovespa.

O reinado do CDI

Hatisuka ressalta que, no Brasil, o CDI tem uma presença muito forte nas decisões de investimento, mas isso é uma característica única de nossa economia. “No exterior, ninguém mede o desempenho da carteira olhando para a taxa básica da economia. O CDI é uma taxa de um dia e deveria servir para isso, mas aqui ele acaba sendo usado como uma referência para tudo.” Ele aponta que, embora o CDI seja um índice de curto prazo, muitos o utilizam como base até para decisões de longo prazo, o que pode não ser o ideal.

Isso ocorre, em parte, devido ao cenário econômico do Brasil, onde a política monetária é muito focada em resolver problemas de curto prazo. “A nossa política econômica é ineficiente. No final das contas, todas as causas de inflação no Brasil são tratadas com a mesma ferramenta: subir juros. Se o CDI fosse mais baixo, naturalmente olharíamos para outros benchmarks.”

No entanto, ele também reconhece que, com o CDI em níveis elevados, é praticamente inevitável comparar os resultados de qualquer estratégia de investimento com esse índice. “Com o CDI alto como tem sido, é inescapável comparar com ele, e isso não está errado”, conclui.

Como o benchmark te ajuda a ter maior disciplina nos investimentos

Por outro lado, além de servir como uma régua de comparação, os benchmarks também impõem uma disciplina importante ao investidor, lembra Hatisuka. Olhar outros benchmarks além do CDI, diz ele, pode ajudar o investidor a manter o foco no longo prazo, sem fazer mudanças excessivas no portfólio a depender simplesmente da taxa básica de juros. “Lá fora, cada classe de ativos é comparada com seu próprio benchmark.”

Ele destaca que benchmarks de longo prazo, como o IMA-B para renda fixa e o Ibovespa para ações, ajudam o investidor a manter uma visão estratégica e a evitar decisões impulsivas. “O benchmark impõe uma disciplina, para que o investidor não fique correndo atrás do mercado e mantenha uma estratégia sólida ao longo do tempo.”

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