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Como investem as famílias mais ricas do mundo (e o que você pode aprender com elas)

Relatório global do J.P. Morgan revela que bilionários investem com estratégia, paixão e buscam impacto social

A riqueza, para as famílias mais endinheiradas do planeta, não é medida apenas em dólares ou propriedades. Segundo o relatório Principal Discussions 2025, divulgado pelo J.P. Morgan Private Bank, 90% das famílias mais ricas valorizam tempo, saúde e relacionamentos. O estudo, que ouviu 111 bilionários de 28 países, mostra como eles estão repensando o conceito de sucesso, diversificando portfólios e usando a tecnologia – especialmente a inteligência artificial – para ganhar eficiência e propósito.

Mais do que uma pesquisa sobre finanças, o levantamento oferece lições de mentalidade e gestão de riqueza que qualquer investidor pode aplicar, independentemente do valor na conta bancária.

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Riqueza é tempo, propósito e legado

Em um mundo marcado por incertezas e transformações rápidas, os super-ricos estão redefinindo o que significa “ter sucesso”. Quase 85% definem sucesso pela capacidade de ajudar outras pessoas a avançarem, com ênfase na liderança baseada em valores.

Para Andrew L. Cohen, presidente executivo global do J.P. Morgan Private Bank, “os participantes da pesquisa nos lembram que prosperidade vai muito além do capital financeiro. Suas perspectivas nos desafiam a repensar o significado de construir riqueza duradoura, colocando propósito, conexão e legado no centro dessa jornada.”

O dado ajuda a explicar o movimento crescente de filantropia estruturada: mais de 70% das famílias mantêm equipes dedicadas a garantir que as doações sejam estratégicas e duradouras.

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Investimento com propósito e visão de longo prazo

Para as famílias mais ricas do mundo, investir é mais do que uma função financeira – é uma forma de expressar visão, propósito e legado. De acordo com o relatório, essas famílias costumam operar com horizontes multigeracionais e uma visão estratégica de longo prazo, na qual o portfólio reflete prioridades familiares e objetivos de perpetuação da riqueza.

Embora a maioria conte com equipes especializadas e consultores, os bilionários acompanham de perto os investimentos e se envolvem diretamente nas decisões e na análise dos resultados.

Diversificação: a regra de ouro

A diversificação segue como pilar central nas estratégias dessas famílias. “Falamos sobre como adquirir riqueza com foco em um ativo e depois mantê-la diversificando”, resume um dos entrevistados.

Em geral, as carteiras incluem ações, private equity, imóveis, renda fixa e caixa, variando conforme o perfil de risco e os objetivos estratégicos.

A maior parte das famílias vê valor em alocações de mais baixo risco. “Não há nada de errado com investimentos tediosos e tradicionais”, disse um dos entrevistados. Por outro lado, quando não há necessidade de liquidez, os bilionários aproveitam as vantagens de ativos pouco líquidos. “Se você não precisa de liquidez, opte pelo prêmio de iliquidez e ganhe mais”, disse outro entrevistado.

Um dos respondentes, por outro lado, trouxe outra visão: “Eu tenho todos os meus ovos em poucas cestas direcionadas, que eu acompanho com muito cuidado”.

Além da diversificação por classe de ativo, há também um foco crescente em diversificação geográfica – 92% dos entrevistados dizem ter portfólios globais, geralmente com os Estados Unidos como pilar central.

Cautela diante dos riscos globais

Os bilionários também estão longe de viver em uma bolha de tranquilidade. As tensões geopolíticas são a principal preocupação para 63% dos entrevistados, seguidas pela volatilidade dos mercados, pelas mudanças climáticas e pelos efeitos da inteligência artificial.

Essas preocupações não ficam restritas aos portfólios: refletem inquietações pessoais com o futuro do trabalho, da desigualdade e da estabilidade social.

Inteligência artificial: eficiência sem perder o toque humano

A IA se tornou parte do dia a dia das famílias mais ricas do mundo. Cerca de 80% usam a tecnologia em atividades pessoais – de viagens a projetos criativos – e 69% a empregam nos negócios, especialmente para análise de dados e redução de custos.

Cohen comenta: “A IA está abrindo novas portas para as famílias e seus negócios, mas o verdadeiro sucesso está em equilibrar inovação e discernimento. A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas são os valores e o julgamento humanos que geram impacto duradouro.”

Investir com paixão: de times de futebol a arte

Outro traço comum entre as grandes fortunas é o interesse crescente por ativos alternativos – e não apenas pelos retornos financeiros. Segundo o relatório, 34% dos bilionários têm participação em times e arenas esportivas. Para muitos, trata-se de uma forma de expressar valores pessoais e contribuir com as comunidades, além de um investimento.

Mas há outros ativos alternativos que também têm espaço nos portfólios: 23% investem em arte e 10% em automóveis.

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