Como posicionar seus investimentos com expectativa de novo corte na Selic?
Copom deverá reduzir Selic em mais 0,5 ponto porcentual nesta quarta-feira, para 11,25%
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) desta quarta-feira não deve trazer surpresas. O consenso do mercado é de que a autoridade monetária irá reduzir novamente em 0,5 ponto porcentual a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, para 11,75%. Se confirmada, esta será a quinta redução seguida dessa magnitude.
No mercado externo, também não devem vir surpresas. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, o banco central dos Estados Unidos, também anuncia hoje sua decisão de política monetária. O movimento, amplamente esperado, deve ser de uma nova manutenção dos juros na faixa entre 5,25% e 5,50%.
Nesse cenário, o que fazer com seus investimentos?
Renda fixa permanece relevante
Para Marcel Andrade, head de fundo de fundos da SulAmérica Investimentos, a renda fixa deve continuar dominando boa parte dos portfólios. Isso porque mesmo com a queda, a taxa básica de juros se mantém em um patamar elevado.
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“Temos uma inflação estimada abaixo de 4%, e a expectativa de que a Selic caia até 9% ou 9,5%. Enquanto o juro real [diferença entre a taxa de juros e a inflação] não baixar, é difícil tomar mais risco”, afirma.
Nesse segmento, Andrade ressalta atratividade dos papéis atrelados ao IPCA, como o IPCA+, do Tesouro Direto. Antes da decisão de quarta-feira, esses títulos ofereciam rentabilidade real superior a 5,5% em todos os vencimentos. “É difícil encontrar no mundo esse nível de taxa”, afirma o gestor.
Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, porém, defende a alocação em títulos atrelados à Selic, mesmo com a expectativa de quedas. Segundo ele, “o cenário internacional ainda é incerto, com os Bancos Centrais das principais economias ainda cautelosos em dar como ganha a batalha contra inflação. Mais cautela significa juros altos por mais tempo do que o esperado pelo mercado”, afirmou em nota.
Crédito privado ainda tem papéis atrativos, mas demanda análise
Ainda na renda fixa, mas migrando para uma classe com um pouco mais de risco, o crédito privado tem chamado a atenção. “As opções de crédito bancário, como CDBs e Letras Financeiras, estão com spreads mais apertados, mas o crédito corporativo ainda apresenta boas opções de investimentos”, diz Andrade.
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Nessa linha, ele afirma ver mais oportunidades no segmento conhecido como high grade, ou seja, das emissões das empresas mais bem-avaliadas pelas casas de rating. Andrade argumenta que os níveis de rentabilidade oferecidos nesses papéis é atrativo e não justifica a tomada de riscos adicionais, nos papéis de empresas com maior risco de crédito.
Fundos multimercados podem compor portfólio
No ano passado, a maioria dos fundos multimercados não conseguiu bater o CDI. No entanto, há quem defenda que eles ainda devem compor parte dos porfólios de investimentos.
Em relatório, Clara Sodré, analista de fundos da XP, afirma: “reforçamos a tese sobre a importância de sempre ter uma parte do seu patrimônio financeiro investido em fundos multimercados”.
Andrade, da SulAmérica, concorda. “Os multimercados não tiveram um desempenho muito satisfatório, mas ainda acreditamos que eles devem compor parte do portfólio”, afirma.
Renda variável exige cautela
Com a queda de juros para patamares menos restritivos, é natural que muitos investidores vejam na renda variável oportunidades para encontrar rentabilidades mais atrativas. No entanto, é preciso ter moderação e cuidado na bolsa.
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“O custo financeiro das empresas ainda está elevado, mesmo que muitas ações pareçam estar baratas”, afirma Andrade. Por isso, segundo ele, “olhando a relação entre risco e retorno, a gente prefere alocações mais conservadoras na renda fixa”.
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