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Inflação e juros: como adaptar a rotina econômica e os investimentos no cenário atual

Com um bom planejamento financeiro, dá para tirar proveito do cenário econômico atual de inflação e juros altos

Inflação e juros seguem em alta no Brasil. Mas é possível evitar que esses indicadores causem impactos negativos no seu bolso. Por isso, na hora de montar – ou revisar – a carteira de investimentos, é importante levar em consideração as oscilações de inflação e juros.

“Para se proteger e aproveitar a inflação, a melhor forma é investir em classes de ativos ligados ao próprio índice, (que é o IPCA). Esse tipo de produto existe tanto na renda fixa, quanto no crédito privado e no tesouro, onde, geralmente, o investidor tem como remuneração a inflação mais uma taxa contratada. Então, se essa inflação vier a subir, ele vai ganhar a inflação mais uma taxa”, explica Vinicius Góis, planejador financeiro CFP pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro).

Algumas opções de ativos são o Tesouro IPCA+ e as debêntures incentivadas atreladas ao IPCA. “Também é interessante investir em fundos imobiliários de recebíveis, que possuem CRIs atrelados ao IPCA ou ao CDI, que podem repassar a inflação para os rendimentos pagos aos cotistas, servindo como proteção contra a alta de preços”, comenta Jeff Patzlaff.

O planejador financeiro diz também que este é um bom momento para começar a aplicar recursos em ativos dolarizados ou fundos internacionais que protegem o patrimônio. “Já que moedas estrangeiras, como o dólar, tendem a se valorizar em cenários de inflação alta no Brasil”, argumenta.

Outra estratégia é indexar contratos de aluguel ou outras rendas à inflação. “Isso ajuda a manter o poder de compra desses recebimentos, ajustando-os conforme a alta dos preços”, diz Patzlaff

Ajustes no dia a dia para conter inflação e juros

Mas para vencer inflação e juros, não dá só para ficar na seara dos investimentos. É necessário mudar um pouco a rotina. O planejador financeiro, Vinicius Góis, traz algumas dicas. A começar, pela inflação. Ou seja, como adotar meios de “driblar” o aumento de produtos e preços.

  • Quitar dívidas atreladas ao IPCA: “Caso tenha financiamentos indexados à inflação, antecipar parcelas pode reduzir custos e minimizar riscos”, pontua.
  • Renegociar contratos: para quem paga aluguel, tentar negociar reajustes com base na realidade do mercado é uma boa saída.
  • Revisar o orçamento: ideia é eliminar despesas supérfluas e dar preferência por compras à vista para evitar juros no parcelamento.
  • Usar a tecnologia a favor: “Aplicativos de cashback, comparadores de preços e promoções podem ajudar a reduzir despesas no dia a dia”, considera Góis.

Juros em alta, boas oportunidades na renda fixa

A renda fixa se beneficia com o aumento da Selic. Afinal, a maioria dos investimentos desse grupo remunera a partir desse índice, ou do CDI, que também está ligado à taxa de juros.

Por isso, é uma boa oportunidade programar investimentos periódicos.

“Os títulos prefixados de prazo mais longos são boas oportunidades. Espera-se que em algum momento no futuro as taxas de juros voltem a níveis mais baixos. Portanto, caso o investidor não tenha previsão de uso do dinheiro investido, pode ser um bom momento para comprar títulos mais longos que pagam juros prefixados”, afirma Bruno Mori, economista e sócio-fundador da consultoria Sarfin. Vale saber que recentemente o Itaú Unibanco projetou que a taxa Selic deve cair a partir de 2026.

Oportunidade na reserva de emergência

Por outro lado, é importante ter uma reserva de emergência com produtos de liquidez diária. Nesse caso, com o atual cenário de Selic alta, os títulos pós-fixados podem contribuir, pois acompanham exatamente os níveis de juros.

“Aplicações em CDBs, em LCIs, em LCAs, cujo indexador seja o pós-fixado, são boas opções. Assim como os títulos públicos do tipo Tesouro Selic e até mesmo os RDBs são interessantes”, diz Jayme Carvalho, planejador financeiro pela Planejar.

Na visão do especialista em investimentos, Jeff Patzlaff, manter a reserva de emergência permite que o investidor esteja preparado para aproveitar oportunidades que possam surgir na renda variável, por exemplo, especialmente em momentos de volatilidade.

Assim, em caso de baixa na variável, por exemplo, o investidor tem a reserva de emergência como um “escape”, caso precise de dinheiro. “Alguns fundos, como os multimercados, se beneficiam de um cenário de juros elevados, oferecendo gestão profissional e potencial de rentabilidade ajustada ao risco”, afirma.

Juros altos pedem mudança na rotina

E do mesmo jeito que a carteira de investimentos requer alterações por conta do aumento da Selic, o dia a dia do brasileiro também merece uma atenção especial. De acordo com Vinicius Góis, alguns passos são importantes para que a taxa de juros não impacte tanto a rotina. São eles:

  • Evitar dívidas caras: “Se possível, antecipar o pagamento de empréstimos indexados ao CDI ou à poupança, pois esses custos aumentam com a alta dos juros”, ensina Góis.
  • Reavaliar financiamentos e crédito: contrair novas dívidas somente se houver real necessidade. E dentro desse cenário, buscar condições mais vantajosas.
  • Consórcio como alternativa: se for precisar de crédito, é interessante considerar um consórcio. “Mas antes, é preciso fazer uma análise do histórico do grupo (do consórcio) e as médias de lance para garantir que a opção faça sentido para a pessoa”, diz o planejador financeiro.

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