O que analisar no extrato de remuneração de corretoras e assessores de investimento?
Converse com seu assessor e aproveite esse momento para revisar sua carteira
Em janeiro, os investidores começaram a receber de suas corretoras, bancos e assessores de investimentos um novo documento: o extrato que informa a remuneração recebida pela realização dos aportes. A novidade já tem repercutido no mercado. A principal mudança é que agora os investidores saberão o quanto estão pagando pelo serviço prestado pelas instituições e pelos assessores de investimentos.
A mudança é fruto da norma 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entrou em vigor no fim do ano passado. Mas afinal, o que você deve olhar nesse extrato? O Bora Investir conversou com especialistas para entender.
Entenda o relatório
“A partir de agora, as plataformas irão enviar esse extrato trimestralmente. Mas o que vai aparecer é a comissão da plataforma como um todo, não só a parte que o assessor recebe”, explica Diego Ramiro, presidente da Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (Abai). Segundo ele, o documento deve discriminar qual a porção para a própria instituição financeira, para marketing, para assessores, entre outros.
Ele lembra, entretanto, que os títulos que são de emissão bancária – como CDBs, LCIs e LCAs – não entrarão, pelo menos no primeiro momento, nesse extrato. O problema, segundo ele, é que o cliente pode ter a sensação de que não está pagando a comissão nesses títulos, o que pode dificultar a comparação.
Entenda o modelo de remuneração
Para Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, o ponto principal é que a medida vai trazer mais transparência na relação entre investidores e assessores. “É importante entender o tipo de remuneração. Não é errado o assessor ganhar a comissão, isso é justo. O problema é que às vezes o assessor vai favorecer o produto em que ele está ganhando mais comissão”, diz Piellusch.
Por isso, segundo ele, uma das principais informações a analisar é o quanto você paga em comissão em cada produto – e analisar se aquilo faz sentido para você, para sua carteira de investimentos e para seus objetivos financeiros.
Ramiro, da Abai, diz ainda que a nova regulamentação pode levar a uma mudança no modelo de contratação mais comum. “Acho que vai mudar um pouco a relação, o cliente fica mais empoderado. E até pode haver mais interesse pelo modelo do fee fixo (uma taxa fixa paga ao assessor baseada no valor da sua carteira)”, diz Ramiro.
Avalie os custos dos produtos e sua carteira
Outro ponto importante a avaliar em sua carteira é quais são os custos envolvidos com cada produto. Isso não estará discriminado no extrato, mas esse pode ser um bom momento para fazer essa análise, diz Piellusch. Segundo o professor, existem sites onde é possível comparar taxas cobradas por diferentes fundos e produtos de investimentos.
Além disso, ele sugere verificar se os produtos que estão na sua carteira são adequados ao seu perfil. “Avalie se há uma alocação excessiva em determinados produtos, e qual a remuneração deles”, diz ele. Isso pode te ajudar a encontrar possíveis conflitos de interesse, aos quais você precisa estar atento.
Converse com seu assessor
Aproveite esse momento de olhar o extrato para avaliar a sua carteira de investimentos como um todo e para conversar com seu assessor. “As pessoas devem buscar conhecimento, tentar entender, e o assessor precisa estar preparado para responder”, diz Piellusch. “Ter esse hábito de olhar o extrato e dialogar com o assessor é importante, o assessor serve para isso. Você precisa ter clareza dos seus objetivos, e a conversa com o assessor tem que envolver inclusive esse aspecto, para você entender de que forma aquela recomendação atende seu objetivo”.
5 perguntas a fazer para seu assessor de investimentos antes de aceitar uma recomendação
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