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O que fazer com seus investimentos com a Selic a 10,50%?

Mesmo com a trajetória de queda, renda fixa continua com boas oportunidades

Investimentos
Apesar da queda da Selic, renda fixa continua atrativa. Foto: Pexels

Em sua reunião de maio, o Copom voltou a reduzir a Selic, mas desacelerou o ritmo do corte para 0,25 ponto porcentual. A expectativa ainda é de que a taxa continue a cair. No entanto, o próprio comitê alertou que vê a necessidade de manter a Selic em nível contracionista – ou seja, os juros devem permanecer em patamar ainda elevado.

Assim, por mais que a Selic esteja sim em trajetória de queda, a renda fixa ainda aparece como uma boa opção aos investidores brasileiros, diz José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School. “Aplicar na renda fixa ainda é um grande negócio, a Selic ainda vai estar em um patamar muito alto”, diz. “E como a dívida pública é crescente, o governo tem uma necessidade de rolagem cada vez maior. Consequentemente, os papéis do governo [no Tesouro Direto] vão ter que remunerar cada vez melhor”, complementa.

Na segunda-feira, o relatório Focus, do Banco Central, mostrava que a mediana das expectativas do mercado para a Selic ao final de 2024 estava em 9,63%. Muitos já estimam, inclusive, que a taxa deve encerrar o ano em dois dígitos.

“O cenário para a renda fixa permanece construtivo, dadas as taxas de juros altas por mais tempo, apesar do ciclo de cortes”, resume Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos.

Renda fixa atrelada à inflação ainda ganha espaço

Para Luis Garcia, diretor de Investimentos da SulAmérica, um ponto de atenção além da taxa nominal é a perspectiva de que o juro real (a taxa Selic descontada da inflação) ao fim do ciclo de cortes continue bastante elevado. A SulAmérica atualmente projeta uma Selic terminal de 9,75% ao ano. Considerando a inflação esperada, isso resulta em uma taxa real acima de 6% ao ano. “É muito difícil de achar outro ativo interessante com esse nível de taxa de juros”, diz.

Nesta quinta-feira (09/05), um dia depois da decisão do Copom, todos os títulos atrelados à inflação oferecidos no site do Tesouro Direto tinham uma rentabilidade superior a IPCA+6% ao ano.

“Os títulos de inflação, os famosos IPCA+, continuam ganhando espaço nas carteiras, e como dá para ver, a inflação ainda é um risco tanto no Brasil como no mundo nesse momento”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

Para esses papéis, Vinicius Romano, especialista em renda fixa da Suno Research, os vencimentos de médio e longo prazo “ainda proporcionam um carrego interessante aos investidores, com um juro real próximo de, na média, 6,15% ao ano sem risco de crédito”.

Pós-fixados mantém atratividade

Romano, da Suno, também avalia que “o patamar atual ainda proporciona uma boa relação risco x retorno para os pós-fixados, já que estes praticamente não sofrem com marcação a mercado e são positivamente impactados pelo alto nível da taxa básica de juros, que se mantém acima de dois dígitos”.

Rachel de Sá aponta que esses títulos sempre devem estar na carteira, especialmente na parcela de investimentos destinada à reserva de emergência e ao curto prazo. a atratividade da renda fixa. “A perspectiva é que a Selic continue sendo uma taxa elevada e acima da inflação, especialmente no curto prazo”, diz. “Os títulos pós-fixados mantém seu papel importante na carteira, principalmente em relação a caixa, investimentos de curto prazo e reserva de emergência”.

Prefixados exigem mais atenção

Ainda na renda fixa, os títulos prefixados também podem apresentar um bom momento de entrada, mas é preciso atenção e cautela ao selecionar o vencimento de cada papel. Isso porque o preço desses títulos no mercado secundário tende a oscilar mais a depender das expectativas do mercado para a taxa de juros no futuro.

“Pode ser um momento bom de entrada mais tática, mas sempre olhando o vencimento, um vencimento que case com seu objetivo para acabar não sofrendo com a movimentação de mercado”, diz Sá.

E a renda variável?

Os ativos de mais risco, como a renda variável, têm sofrido com a mudança do cenário. “É difícil encontrar um ativo de risco que dê vontade de aplicar com a taxa de juro real acima de 6%”, diz Garcia, da SulAmérica.

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