Quanto e onde investir para comprar um carro zero em 2025?
Planejamento pode fazer com que os juros trabalhem a favor do investidor, em vez de tornar a conta mais cara para quem financia
Quem tem o sonho de comprar um carro próprio e prefere investir para alcançar este objetivo precisa se planejar, especialmente se a meta é adquirir o veículo ainda em 2025.
Com a alta da taxa Selic, parcelar a compra de um carro novo pode ficar ainda mais caro já que os juros dos financiamentos acompanham a taxa básica definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Quem não tem pressa para adquirir o veículo pode investir o dinheiro e aproveitar o rendimento dos juros, em vez de pagar por eles em um financiamento.
Quanto custa um carro
Para comprar um carro zero quilômetro, será necessário desembolsar, em média, cerca de R$ 150 mil à vista, de acordo com a consultoria Jato do Brasil, especializada no mercado automotivo. Existem veículos novos mais baratos mas, ainda assim, será preciso arcar com cerca de R$ 75 mil, que é o preço do carro novo mais em conta no país, segundo o levantamento.
Investindo um pouco menos do que o valor final do carro é possível chegar ao total necessário para adquirir o veículo dentro de 12 meses graças ao efeito dos juros compostos (ou juros sobre juros). Isso significa que o rendimento ocorre sobre o dinheiro aplicado, mais os juros, mês a mês.
Onde investir para comprar um carro
Para investimentos com prazo de 12 meses, é importante considerar três variáveis: o rendimento, impostos e a segurança da aplicação, explica Inacio Alves, analista da Melver.
Para Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, o ideal é escolher investimentos conservadores que ofereçam segurança e liquidez diária. Entre as opções destacadas pelos especialistas estão:
- Tesouro Selic e Tesouro Prefixado: têm rendimento estável e garantia do governo. Com a alta da Selic, estão pagando bons retornos.
- CDBs com liquidez diária: Entregam retornos superiores à poupança, especialmente os emitidos por bancos sólidos, como aqueles que pagam acima de 85% do CDI.
- Fundos de renda fixa conservadores: Têm baixas taxas de administração e trazem diversificação porque investem em diversos produtos do mercado de renda fixa.
- LCIs e LCAs: São isentas do Imposto de Renda e pagam em torno de 85% do CDI;
- Contas remuneradas em bancos digitais: Oferecem rentabilidade automática acima de 100% do CDI.
“Essas alternativas garantem proteção ao capital contra flutuações da renda variável, além de deixarem o recurso disponível no momento da compra porque têm liquidez diária e podem ser sacados a qualquer momento”, afirma Glaciano.
Quanto desembolsar
É possível reduzir o custo de um carro novo por meio de investimentos que trazem rentabilidade e fazem o dinheiro trabalhar a favor do investidor.
Cenário 1: Aplicação única na renda fixa
Para quem tem alguma reserva guardada, é possível chegar a R$ 150 mil em 12 meses investindo em produtos de renda fixa que pagam 14% ao ano, como o Tesouro Direto. Neste caso, seria preciso investir cerca de R$ 134 mil de uma só vez, em aplicação única, e esperar 12 meses para sacar os R$ 150 mil, segundo Alves.
Cenário 2: Investindo por mês na renda fixa
Considerando que o investidor não tem nada no momento, ele precisaria aplicar algo em torno de R$ 12 mil por mês durante 12 meses para chegar em 2025 aos R$ 150 mil, o valor médio do carro novo. Isso significa acumular R$ 144 mil com as aplicações e ganhar R$ 6 mil em rendimentos, considerando produtos de renda fixa com taxa média de mercado.
O valor mensal pode cair se o investidor tiver alguma reserva inicial para fazer a primeira aplicação. Conforme os cálculos de Alves, se o investidor começar com R$ 50 mil, os aportes mensais cairiam para R$ 9.200 para chegar aos R$ 150 mil dentro de 12 meses. Se o valor inicial for de R$ 80 mil, os aportes mensais reduzem para R$ 5.300. Todos os cálculos já consideram o valor do imposto a pagar.
Cenário 3: Investindo em renda variável
A renda variável traz maior rentabilidade, mas também maiores incertezas, mas pode ser uma opção para o investidor mais experiente e ciente dos riscos.
Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, fez uma simulação considerando um rendimento mensal de 2%. Ele ressalta que esta é uma estimativa baseada em uma projeção virtual, já que não há garantias de que este valor seria o mesmo todos os meses.
Neste cenário, Glaciano estima que o investimento inicial seria de cerca de R$ 11 mil mensais para chegar a R$ 153 mil em 12 meses.
Os valores apresentados mostram possíveis ganhos, mas não garantem a realidade do mercado. Segundo Alves, uma possibilidade para aproveitar os rendimentos da renda variável e ainda manter uma certa proteção contra perdas seria montar uma carteira de investimentos com produtos de classes diversificadas e montar estratégias que permitam maiores ganhos e proteções contra perdas caso ocorra alguma baixa nas ações. Essas estratégias, no entanto, exigem conhecimento amplo do mercado de investimentos e tolerância ao risco.
Prazos maiores aumentam a rentabilidade
Ampliar o tempo de investimento é outra opção para ganhar mais dinheiro e manter a segurança.
“Em um investimento que paga 14% ao ano, se o investidor manter o recurso aplicado por 721 dias (2 anos), ele economiza 10% em relação ao mesmo investimento caso ele opte por ficar com o dinheiro investido por 360 dias (1 ano)”, afirma Alves.
Prazos maiores também permitem diversificar a carteira e acumular mais recursos, abrindo portas para investimentos que têm cobrança de Imposto de Renda que ficam cada vez menores com o tempo de investimento.
Para um período de até 180 dias (6 meses), o imposto será de 22,5%. Se o investimento for mantido entre 6 meses e um ano, o imposto será de 20% e, até dois anos, será de 17,5%.
Além disso, prazos maiores também oferecem flexibilidade para aproveitar oportunidades de promoções ou lançamentos. “Essa antecedência oferece mais flexibilidade, maior tranquilidade financeira e a chance de reduzir custos significativamente na aquisição do veículo”, explica Glaciano.
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Investir, financiar ou fazer consórcio?
O sonho do carro próprio geralmente vem com a ideia de assumir um financiamento com parcelas que cabem no bolso, ou entrar em um consórcio de valor acessível, esperando ser contemplado. Essas opções trazem algumas características que precisam ser consideradas, especialmente se o objetivo é fazer o dinheiro trabalhar a seu favor.
Um planejamento de investimento pode fazer com que os aportes mensais sejam semelhantes ao do financiamento, especialmente se forem estendidos pelo prazo maior de um ano, como costumam ser as parcelas nestes casos. Além disso, há a vantagem de não arcar com juros e taxas administrativas, explica Glaciano.
O investimento também permite o resgate total do recurso ao fim do período, o que dá ao investidor a possibilidade de fazer uma proposta à vista, o que abre portas para descontos.
“Diferentemente do financiamento, que pode dobrar o valor do carro ao longo do contrato devido aos juros, o investimento evita esse impacto financeiro. Já o consórcio, embora não tenha juros, inclui taxas administrativas e exige tempo ou sorte para ser contemplado, o que pode frustrar quem precisa do carro rapidamente”, compara Glaciano.
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