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Quer se aposentar aos 55 anos? Veja como se planejar

Para conseguir sucesso no planejamento de sua previdência, é essencial ter disciplina e consistência nos aportes

Nas últimas semanas, a possibilidade de alcançar a aposentadoria pelo sistema público de previdência aos 55 anos chamou a atenção de muita gente. Essa alternativa, porém, só vale para um número restrito de contribuintes: aqueles que trabalharam em condições insalubres e prejudiciais à saúde por mais de 15 anos. No entanto, se as notícias te fizeram sonhar com a possibilidade de parar de trabalhar aos 55, organizar as contas e se planejar para alcançar esse objetivo pode ser uma saída.

Para Wanessa Guimarães, planejadora financeira CFP pela Planejar, investir para a aposentadoria é um assunto “importantíssimo”. Segundo ela, em muitos dos casos, o recurso do INSS não é suficiente para manter a qualidade de vida que as pessoas levam. A saída para não ter uma queda no padrão de gastos, portanto, é investir e fazer essa poupança você mesmo.  

Confira como se programar e como investir pensando na sua aposentadoria.

1. Organizar suas finanças

“O sucesso de qualquer reserva financeira, seja ela de curto, médio ou longo prazo, depende da organização prévia”, diz Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank. Para ela, qualquer que seja seu objetivo de investimento, o primeiro passo é fazer uma avaliação de suas finanças pessoais.

É o básico que faz a diferença. Comece entendendo toda a sua renda, custos fixos, variáveis, seus investimentos atuais, bens e dividas. Com esses dados em mãos, você consegue fazer um planejamento de quanto está gastando hoje e se seu orçamento é deficitário ou superavitário. “Assim, você consegue se programar para economizar ainda mais ou, de repente, começar a economizar. Esse conhecimento vai ajudar o investidor a se manter dentro do plano”, diz Frias.

Já Wanessa Guimarães sugere uma abordagem diferente: separar um porcentual de sua renda líquida mensalmente. “Começar com 20% do quanto se ganha já é um excelente cálculo”, diz. “Ao longo da vida, temos mudanças de renda e de ciclo. Quando a gente fala em um porcentual da renda, é interessante porque se a renda e o padrão de vida daquela pessoa sobem, o valor poupado vai subir junto”, diz.

Esse é inclusive outro ponto importante nesse planejamento: é preciso reavaliar suas necessidades periodicamente. “É natural que, quando se tem um aumento de renda e vai crescendo na carreira, as pessoas aumentem o custo de vida, troquem de carro, comecem a frequentar restaurantes mais caros. Mas isso também aumenta o valor que se precisa para aposentadoria. Por isso gosto do porcentual”, diz Guimarães.

2. Construir a reserva de emergência

Larissa Frias alerta que antes de começar uma reserva de longo prazo, é preciso criar a reserva de emergência. “É aquele colchão que vai sustentá-lo numa eventualidade e vai permitir que você mantenha a meta de longo prazo viva e ativa. Se você não faz uma reserva de emergência antes, qualquer imprevisto vai colocar em cheque o planejamento de longo prazo”, diz.

Isso porque o dinheiro a ser investido para a aposentadoria deve ficar em produtos focados no longo prazo, enquanto a reserva de emergência deve estar guardada em ativos mais líquidos. “Tem produtos que são muito benéficos no longo prazo que não funcionam no curto e vice-versa. Então, ter essa separação dos dinheiros é algo muito crítico a esse planejamento”, diz a planejadora.

3. Definir a meta para aposentadoria

“Quando a gente fala ‘eu quero me aposentar, quero alcançar minha independência financeira’, é um objetivo pouco tangível. É muito importante que o investidor consiga tangibilizar esse objetivo, que ele consiga definir bem o que ele quer”, diz Larissa Frias.  

Segundo a estimativa, seria necessário um patrimônio acumulado de R$ 1 milhão para conseguir uma renda perpétua de R$ 5 mil. Essa renda perpétua foi calculada considerando uma rentabilidade média de 0,5% ao mês acima da inflação, o que geraria R$ 5 mil mensais, sem que o capital principal seja utilizado, permitindo que a pessoa viva dos rendimentos por tempo indeterminado. A quantidade que você precisa poupar mensalmente varia conforme a idade em que começa a investir: quanto antes começar, menor será o valor mensal necessário, devido ao efeito dos juros compostos ao longo dos anos.

Idade atual 18 anos – Aposentadoria 55 anos (37 anos/444meses)
Rentabilidade estimada: 0,5%a.m. (líquida de inflação 4,5%a.a.)
Renda na aposentadoria: R$5.000,00 – renda perpétua
Valor necessário para acumulação: R$ 1.000.000,00
Aporte mensal: R$ 613,00 – Capital próprio de 272.172,00 + rendimento de 727.828,00

Idade atual 25 anos – Aposentadoria 55 anos (30 anos/360meses)
Rentabilidade estimada: 0,5%a.m. (líquida de inflação 4,5%a.a.)
Renda na aposentadoria: R$5.000,00 – renda perpétua
Valor necessário para acumulação: R$1.000.000,00
Aporte mensal: R$ 995,51 – Capital próprio 358.383,60 + rendimento 641.616,40

Idade atual 35 anos – Aposentadoria 55 anos (30 anos/240meses)
Rentabilidade estimada: 0,5%a.m. (líquida de inflação 4,5%a.a.)
Renda na aposentadoria: R$5.000,00 – renda perpétua
Valor necessário para acumulação: R$ 1.000.000,00
Aporte mensal: R$ 2.164,31 – Capital próprio 519.434,40 + rendimento 480.565,60

4. Escolher onde investir para a previdência

A escolha de onde investir tem muito a ver com o tempo até a data esperada da aposentadoria, diz Wanessa Guimarães.

Segundo ela, uma pessoa mais jovem tem mais tempo para arriscar. “Se a pessoa tem um perfil que aceita um risco médio ou alto, pode pensar em ativos de renda variável para tentar buscar uma rentabilidade maior do que um produto de renda fixa ofereceria”, diz. E considerando essa alocação, a pessoa pode optar por diferentes produtos, como a compra direta de ações ou planos de previdência de renda variável ou multimercados. “Dentro do produto de previdência, é possível essa diversificação em ativos mais agressivos”, diz.

Quanto mais se aproxima a data da aposentadoria, o foco passa da rentabilidade para a segurança. “A partir dos 40 anos, pode-se trabalhar na manutenção e preservação do capital, com um acompanhamento para que o rendimento fique acima da inflação e da Selic”, diz Guimarães. Enquanto isso, mantenha o esforço e a disciplina de investimento.

“Quando estiver faltando 5 anos para aposentadoria, aí é o extremo do conservadorismo, mas ainda garantindo que recurso renda acima da inflação e da Selic”, afirma. Ela lembra, ainda, que o acompanhamento e a disciplina financeira não acabam quando chega a aposentadoria. Afinal, é preciso manter seus gastos dentro do previsto.

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