Objetivos financeiros

Inadimplência: saiba o que fazer para sair da lista dos nomes sujos

Saiba o que fazer caso tenha se descuidado dos gastos e atrasado o pagamento dos boletos

imagem ilustrativa de carteira vazia
De acordo com uma pesquisa da CNC, no mês de abril, 77,7% das famílias no Brasil estavam inadimplentes.

A inflação segue perseguindo os brasileiros e levou um número recorde de pessoas à lista da inadimplência. De acordo com dados da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados até setembro. O número equivale a 64,5 milhões de pessoas, um recorde do levantamento, realizado há oito anos.

E, mais grave: as dívidas não cresceram apenas apenas com os grandes bancos e as outras instituições financeiras. A inadimplência também aumentou em contas básicas de serviços essenciais, como água e energia.

Ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha decido manter a taxa Selic de setembro em 13,75% ao ano na última reunião, interrompendo assim o ciclo de alta que acontecia desde o começo do ano passado em uma tentativa de controlar a inflação, a renda média real do trabalhador segue pressionada pela inflação.

Além disso, o desemprego, a falta de controle do orçamento e a crise econômica observada no Brasil e no mundo também são ingredientes que contribuem para que muitas pessoas deixem de pagar suas contas em dia.

Quais as consequências da inadimplência?

Para esse grupo de consumidores que está com o famoso “CPF negativado” é comum não conseguir novos empréstimos em linhas de crédito tradicionais, não ter um novo cartão de crédito autorizado, ficar impedido de efetuar pagamentos a prazo nas lojas, entre outros.

Estar com o “nome sujo” é apenas uma ponta de um problema mais complexo, que se revela no medo do próprio inadimplente em listar todas as suas dívidas. De acordo com uma pesquisa feita pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mais da metade dos brasileiros com restrição no nome não possuem informações a respeito dos seus débitos.

Este cenário lhe soa familiar? Pois, então, chegou a hora da verdade! Vamos ajudar você a administrar essa situação para que seu CPF saia da lista dos maus pagadores o mais rápido possível.

Como limpar o nome e acabar com as dívidas atrasadas?

Você sabia? Ter uma dívida não significa estar inadimplente. Se você emprestou dinheiro, mas está pagando em dia as prestações, isso não é problema. A inadimplência é o atraso no pagamento de um compromisso, seja conta de luz, fatura do cartão ou parcela de consórcio. Nesse caso, o nome do consumidor pode parar nos serviços de proteção ao crédito como mau pagador

Encare a realidade

Em primeiro lugar, mapeie o problema. Faça uma lista de todas as contas e parcelas atrasadas, com os respectivos valores. Para facilitar a busca por boletos e carnês não pagos, cheques devolvidos e demais compromissos financeiros não honrados, convém fazer uma pesquisa nos chamados serviços de proteção ao crédito.

Provavelmente, já ouviu falar no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e na Serasa Experian. São duas empresas particulares que, dependendo da abrangência da consulta, podem ou não cobrar uma pequena taxa para permitir uma checagem online sobre a situação do seu CPF ou CNPJ.

Além delas, existe um serviço online gratuito do Banco Central chamado Registrato que gera gratuitamente um relatório apontando possíveis pendências do seu CNPJ ou CPF envolvendo emissão de cheques sem fundo, impostos federais não pagos, financiamentos realizados (em atraso ou não) e gastos no cartão de crédito.

Para acessar o site, você vai precisar registrar login e senha ou usar as informações da sua conta GOV.BR. No Registrato, o usuário encontrará informações sobre eventuais operações de contratação de crédito (linhas de financiamento e uso de cartão de crédito, por exemplo), assim como a situação do seu nome no CCF (Cadastro de Cheques Sem Fundos); Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal), SCR (Sistema de Informação de Crédito) e outros órgãos públicos.

Existe dívida boa? Entenda mais no hub de educação da B3

Mapeie suas dívidas e rendimentos mensais

Com a situação mapeada, é hora de saber por onde começar. Coloque no topo da lista dos débitos as contas que você precisa quitar com urgência porque são essenciais (água, gás e luz, por exemplo) ou porque incidem juros estratosféricos, isto é, o cartão de crédito (mais de 550% ao ano) e o cheque especial (200% ao ano).

Caso tenha encontrado a dívida no Serasa, procure nesse mesmo site um serviço chamado “Limpa Nome”, que indica não apenas suas pendências e os nomes das respectivas empresas credoras, como também oferece uma proposta de acordo para você quitar o pagamento por meio da emissão de um boleto na hora. Em geral, essas propostas já vêm com algum desconto sobre o valor total devido, que poderá ser pago em uma ou várias parcelas.

Assim que a dívida é negociada, o nome já está limpo?

O primeiro passo é pagar o boleto da dívida atualizada ou da primeira parcela da renegociação. Porém, como existe um intervalo de tempo para a operação ser compensada na empresa após o dinheiro passar por uma instituição financeira, a baixa dos débitos ocorre em até 5 dias.

Somente após a quitação integral ou o pagamento da primeira parcela é que o nome do devedor sairá no cadastro de inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito. Caso não seja possível aceitar a negociação proposta neste momento, anote as condições oferecidas para usá-las no seu plano de quitação das dívidas.

Trace um plano de ação e regule os gastos!

Esse planejamento começa pelo desenho de duas colunas no papel ou no computador, que representarão seu orçamento mensal. Na coluna da esquerda, coloque tudo que entra na sua conta bancária e, à direita, todos os gastos no período de um mês. Só de olhar essa tabela, você entenderá a razão de tantas dívidas e atrasos. Certamente, entra muito menos dinheiro do que sai da sua conta em 30 dias.

Nesta situação, será preciso fazer uma lista com itens que podem ser cortados ou, pelo menos, reduzidos no seu orçamento familiar. Entenda que essa contenção de despesas pode ser por um determinado período, pois – agora! – a prioridade é quitar as dívidas e fugir da cobrança dos juros e multas.

Após reduzir os gastos, tente pensar em formas de aumentar a entrada de dinheiro. O que você sabe fazer para gerar uma renda extra? Nessa hora, vale a pena buscar inspirações na internet e, rapidamente, vão surgir ideias como, por exemplo, ajudar alguém a vender um produto, fazer doces sob encomenda, ensinar uma habilidade ou transformar um hobby em uma fonte de receita.

Considere também vender alguns itens não utilizados em casa. Há sites que permitem se desfazer de roupas e acessórios de moda na internet, no modelo de um brechó online. Alguns portais oferecem seu “market place” gratuito (classificados online) para anunciar móveis, aparelhos de TV, videogames, bicicleta etc.

Diante das novas fontes de receita e da revisão dos custos essenciais no mês, descubra quanto sobrou do seu orçamento para ser destinado ao pagamento das dívidas. Se for possível, separe uma parte dessa “sobra” para cobrir imprevistos, pois ninguém merece encarar mais uma dívida a essa altura do campeonato.

O restante do valor deve virar um custo fixo, na sua coluna de despesas, cujo destino sempre será a quitação dos débitos. Calcule por quanto tempo aquela economia será necessária até você sair da situação de inadimplência. Ter uma meta e prazos bem definidos ajuda na disciplina de honrar esse planejamento.

No Estado de São Paulo, a Fundação Procon disponibiliza gratuitamente o Programa de Apoio ao Superendividado (PAS) – um serviço em parceria do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do Tribunal de Justiça TJ/SP para auxiliar os consumidores de baixa renda, orientando e promovendo a renegociação de dívidas com os seus credores.

Segundo o órgão, é importante tentar negociar as dívidas diretamente com os credores ou por meio de instituições que promovem reuniões de conciliação e solução de conflitos.

“Se tiver algum dinheiro aplicado, avalie a possibilidade de utilizá-lo para fazer uma proposta de quitação total ou parcial das dívidas. Caso não tenha recursos para saldar as dívidas, considere a possibilidade de contratar um empréstimo com juros menores, como é o caso do empréstimo consignado (descontado na folha) ou, ainda, a portabilidade de crédito. Nesse caso, fique bem atento a todos os valores, principalmente de juros, taxas e demais encargos, e faça uma avaliação cuidadosa”. – Cartilha “Cinco Ações para Sair do Vermelho” do Procon-SP.

Também vale a pena conferir o guia para fazer o Orçamento Doméstico, elaborado pelo órgão.

Dicas rápidas para manter seu nome limpo

  1. Conte com o auxílio de ferramentas de gestão financeira;
  2. Mantenha o controle de receitas e despesas no dia a dia;
  3. Experimente usar um aplicativo para acompanhar os seus gastos e evitar compras por impulso ou aquisição de itens sem a devida pesquisa de preço;
  4. Acompanhe, a cada gasto, o total acumulado naquele mês por meio de um estrato da sua conta bancária, e considere as despesas pagas com cartão de crédito;
  5. Por fim, não gaste tudo que ganha.

Tudo isso vai ajudar na percepção do quanto você precisará ser mais cuidadoso antes de realizar a próxima compra. O segredo para não se endividar está na constituição de um fundo de reserva para cobrir imprevistos. Aos poucos, o hábito de se planejar vai se tornar uma mudança natural na sua rotina, a ponto de você pensar sempre duas vezes antes de assumir novas dívidas.

Foi difícil sair do sufoco, não foi? Então aprenda com a experiência e faça diferente daqui em diante. Em pouco tempo, verá que, além do dinheiro para a reserva de emergência, vai sobrar até o orçamento para investir e aumentar o patrimônio para um futuro melhor.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.

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