O que é a análise técnica ou grafista?
Para os estudiosos, o movimento de um ativo sempre repete uma tendência histórica
A análise técnica de um ativo é o estudo das variações da sua cotação no mercado com o objetivo de prever movimentos futuros no seu preço. A base principal desta teoria é que o comportamento passado consegue explicar sua oscilação atual, assim como indicar uma eventual tendência de valorização ou desvalorização dali em diante.
Trata-se de uma das diversas ferramentas que ajudam investidores a fazer escolhas no mercado de ações.
O foco da análise técnica está nas flutuações dos preços, procurando padrões de volatilidade que possam sugerir a direção do próximo movimento. Em outras palavras, a análise técnica busca identificar o cenário mais provável para determinado ativo.
Os críticos da análise técnica costumam ignorar suas conclusões, acreditando se tratar de um mero exercício de futurologia. Para eles, o que determina o preço de uma ação é, basicamente, a quantidade de investidores interessados na sua compra (porque acreditam no valor da empresa) ou venda (situação contrária).
Segundo os fundamentalistas, há fatores melhores a serem observados no lugar dos gráficos, como as condições macroeconômicas, novas políticas públicas e mudanças no segmento de atuação.
Porém, esse raciocínio falha ao desconsiderar o comportamento irracional do mercado. Para os estudiosos das variações de preços, o movimento de um ativo sempre repete uma tendência histórica.
A análise técnica se utiliza de gráficos – os chamados candlesticks e os gráficos de linha – para tecer suas previsões. O segredo é saber interpretá-los.
Os candlesticks mostram os quatro principais valores de um ativo: a abertura, o fechamento, a máxima e a mínima de um determinado período.
Quando a abertura é maior que o fechamento anterior, isso indica uma tendência de alta, assim como o contrário (abertura menor que o fechamento anterior), revela uma tendência de baixa. Saiba mais detalhes sobre a técnica dos candlesticks.
Qual investidor não está em constante busca por ferramentas que guiem suas decisões de compra e venda?
Entre aqueles que operam com os ativos de renda variável, é comum buscar indicações de como estará o preço de uma determinada ação no futuro. Para esse desejo comum, há duas formas complexas de orientação no mercado: a análise fundamentalista e a análise técnica.
Ambas buscam, de forma distinta, estudar a volatilidade a que assistimos no dia a dia do mercado da bolsa de valores. Além de auxiliar os traders a alcançar maior rentabilidade em suas aplicações, por meio da computação de dados qualitativos e/ou quantitativos, as análises possibilitam a definição de preços justos para cada ação.
Neste texto, vamos nos aprofundar na análise técnica, de forma a entender o que ela é e como funciona.
Como é feita a análise técnica?
A análise técnica é feita por meio de dados quantitativos. Ou seja, é formada por números e gráficos. Com origem na Teoria de Dow, desenvolvida pelo jornalista norte-americano Charles Down no século XIX, seu princípio é de que os mercados e ativos repetem comportamentos, criando padrões.
É a partir desses padrões e tendências históricas que se torna possível estabelecer estimativas do preço e fluxo para cada ativo.
Após anos de estudos, moldando a análise técnica até que ela chegue ao formato atual, foram definidas três principais sentenças para o seu uso:
“O mercado desconta tudo”
Os investidores que seguem essa premissa são um pouco mais fundamentalistas do que os puramente tecnicistas. Isso porque eles consideram os fundamentos da empresa e o cenário macroeconômico, mas também são fiéis à lógica do mercado, acreditando que todos esses fatores já estão necessariamente embutidos nos preços de todas as ações.
“Movimentos de preço baseado em tendências”
É a base principal da análise técnica, que busca encontrar as tendências históricas do mercado para definir se uma ação irá se valorizar ou desvalorizar no período analisado.
“A repetição usada como um padrão de análise”
A natureza repetitiva dos movimentos e preços dos ativos se tornam previsíveis de acordo com os estudiosos desta análise, que utiliza os padrões gráficos para analisar as emoções e os movimentos dos mercados e, assim, identificar as tendências históricas.
Em resumo: ao analisar tecnicamente um ativo, estudam-se as variações da sua cotação no mercado com o objetivo de prever movimentos futuros no seu preço. A base principal desta teoria é de que o comportamento passado é capaz de explicar sua oscilação atual, assim como indicar uma eventual tendência de valorização ou desvalorização dali em diante.
Essas projeções são realizadas a partir de padrões encontrados em gráficos – candlesticks e gráficos de linha, por exemplo. O segredo para o sucesso é saber interpretá-los. Vale ressaltar que, os gráficos são avaliados por período, portanto, servem para aqueles investidores que procuram obter retornos a um curto prazo.
Conheça o gráfico Candlestick
Os candlesticks (palavra em inglês para velas ou candelabros) foram criados pelos japoneses no século XVII e podem ser utilizados por qualquer investidor, inclusive por iniciantes.
Com formato retangular, este tipo de gráfico mostra os quatro principais valores de um ativo durante determinado período, que pode ser de um ou mais dias: o valor da abertura e do fechamento e o valor máximo e mínimo alcançados.
Quando a abertura é maior que o fechamento anterior, isso indica uma tendência de alta, assim como o contrário (abertura menor que o fechamento anterior) revela uma tendência de baixa.
Para indicar essas variações, os candlesticks são formados para cima ou para baixo, com tamanhos que representam a oscilação dos preços e geralmente são verdes (para altas) e vermelhos (para baixas).
Além dos preços, a análise técnica também se apoia no volume de negociações (a quantidade de ordens de compra e venda durante o momento avaliado). A avaliação, nesse caso, segue a mesma lógica: um volume elevado é uma tendência ou preparação para um ativo ganhar força. Já o volume baixo pode indicar uma variação pontual.
Conheça outros tipos de gráficos
Durante a sua trajetória, você irá se deparar com outros tipos de gráfico também utilizados na análise técnica. São eles:
Gráficos de Linhas: possuem uma estrutura completamente diferente se comparados aos candles. Isso porque considera apenas os valores de abertura e fechamento durante o período observado;
Gráficos Montanha: clássicos, são aqueles mais comuns nos noticiários. Com a mesma estrutura dos gráficos de linha que vemos na escola. A diferença é que as montanhas possuem preenchimentos abaixo das linhas;
Gráfico de barras: têm a mesma estratégia dos candlesticks, apontando os quatro principais ápices das bolsas, porém, com estrutura diferente.
Além dos diferentes gráficos, temos também diferentes periodicidades. É possível construir gráficos com base em 5 minutos, 1 hora ou 24 horas (definidos como temporais), ou construí-los com base no deslocamento do preço (considerado atemporal).
Quais as principais ferramentas utilizadas na análise técnica?
Para realizar o estudo, de forma que ele seja viável, há alguns recursos que auxiliam na interpretação de dados.
- Suporte e resistência: são os elementos que identificam o comportamento dos preços;
- Padrões gráficos: são as formações que podem ser identificadas nos gráficos (sequência de topos, formações de bandeiras, triângulos e outros);
- Médias móveis: é a média do preço em diversos períodos. Por exemplo: como se comportou a cotação a cada 5 dias? Este recurso deixa mais fácil para o analista a descoberta das tais tendências históricas e diminuem o impacto de oscilações pontuais;
- Bandas de Bollinger: são elementos que representam o desvio padrão da distribuição de preços em relação à média móvel;
- Índice de força relativa (IFR): é a média de ganhos pela média de preços do período avaliado, expressa de 0 a 100.
Se, ao realizar a análise técnica, houver por parte do investidor um bom conhecimento de mercado, junto a uma escolha correta dos períodos e recursos, os resultados e retornos obtidos poderão ser satisfatórios e condizentes com seus objetivos e sua tolerância a riscos.
É sempre bom lembrar que os resultados devem estar alinhados com seu perfil de investidor.
Quando utilizar a análise gráfica?
Embora haja estudos sérios neste tema, é sempre bom lembrar que não existem estratégias capazes de prever com precisão o desempenho das ações. Vale a pena conhecer se essa abordagem funciona para o seu perfil de investidor, assim como a expectativa que existe em relação ao seu patrimônio.
Em geral, a análise técnica é mais usada por operadores de day trade, pois cabe a eles procurar sinais de força ou fraqueza dos ativos ao longo do dia, para sua tomada de decisões.
Se seu objetivo é carregar uma ação por mais tempo ou ganhar dividendos da empresa, o melhor é seguir com a análise fundamentalista, pois os gráficos não mostram necessariamente se a companhia tem boas práticas de governança ou é lucrativa.
A análise técnica apenas vai dizer se existe uma tendência futura de a empresa ser mais procurada. Ao pensar nas ações como uma reserva para aposentadoria, no longo prazo, por exemplo, será importante você entender o porquê dessa demanda para, se for o caso, repensar sua carteira.
As críticas dos fundamentalistas à análise técnica
Diferentemente da análise fundamentalista – em que são consideradas características das empresas como saúde contábil, o fluxo de caixa, demonstrações de resultados e qualidade da gestão, por exemplo –, na análise técnica o foco está nas flutuações dos preços, procurando padrões de volatilidade que possam sugerir a direção do próximo movimento.
Por mais que a análise técnica também queira identificar o cenário provável para determinado ativo, seus críticos costumam ignorar as conclusões dos grafistas.
Os grafistas não se interessam pelo potencial de crescimento do ativo frente às condições macroeconômicas e pelas novas políticas públicas e mudanças no segmento de atuação. Para esses estatísticos, as variações de preços e os movimentos de um ativo sempre repetem uma tendência histórica.
Os fundamentalistas acreditam que esse raciocínio falha ao desconsiderar o comportamento irracional do mercado.
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