Organizar as contas

Com a Selic a 15%, vale mais a pena amortizar dívidas ou investir? Confira

Para saber a melhor opção, especialista indica que seja calculado o custo efetivo total da dívida

Com a taxa Selic em 15% ao ano, o cenário está favorável aos investimentos de renda fixa, enquanto o crédito está encarecido. Diante disso, uma dúvida que pode surgir é se vale mais a pena investir em produtos que têm o rendimento próximo à taxa de juros ou amortizar as parcelas de um financiamento.

A resposta para essa questão depende de diferentes fatores. Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, explica que, entre os pontos que precisam ser levados em consideração, estão a taxa da dívida, prazo, tolerância a risco de cada um e necessidade de liquidez.

Ainda assim, com este patamar da Selic, ele argumenta que existem bons argumentos para optar pelo investimento. “Quando a Selic está alta significa que o rendimento de aplicações mais seguras, como a renda fixa, está elevado ou que você pode conseguir bons retornos com baixo risco comparado a outros momentos”, diz.

Colocando a conta na ponta do lápis

Para saber exatamente qual é a melhor opção para sua realidade, o especialista indica que seja calculado o custo efetivo total (CET) da dívida, incluindo juros, seguro e taxas, e comparar com o rendimento líquido do investimento.

“Se seu financiamento tem um CET de, digamos 17% ao ano, e o melhor investimento seguro que você acha já livre de impostos rende 13% ao ano, nesse caso, é melhor amortizar a dívida”, comenta Patzlaff.

Por outro lado, se o CET estiver abaixo do retorno desse investimento, vale a pena seguir outra estratégia. “Se seu financiamento tem um CET de 9% ao ano, com a Selic a 15%, você consegue facilmente investimentos seguros que rendem 13% ao ano líquido. Nesse caso, é melhor investir. Você estaria ganhando 13% e pagando 9%. Você está, na prática, lucrando 4% ao ano sobre esse dinheiro”, exemplifica o planejador financeiro.

É possível conciliar amortização de dívida e investimento?

É claro que, em um cenário ideal, seria possível andar nas duas direções ao mesmo tempo. Ou seja, com o dinheiro extra de cada mês, separar parte para amortizar a dívida sem abrir mão do investimento, ainda que em uma proporção menor.

Patzlaff acredita que a prioridade deve ser pagar as dívidas caras, levando sempre em conta o juro. Caso haja espaço no orçamento, ele indica que seja aplicada uma proporção de 50% para dívidas, 30% para emergências e 20% para desejos.

“Assim que as dívidas estiverem pagas aplique 50% para emergências, 30% para desejos e 20% para longo prazo, com este caminho você não terá apuros no futuro, lembrando que a reserva de emergência ideal é de no mínimo seis vezes a sua despesa mensal fixa”, complementa.

Onde investir?

Caso a melhor opção seja investir o dinheiro extra, o planejador destaca que, com o objetivo de construir uma reserva de emergência, o melhor caminho seria investimentos mais conservadores em que é possível fazer o resgate rápido e com facilidade.

“Considerando o cenário atual, a renda fixa está interessante para clientes conservadores e moderados, com títulos públicos, CDBs de bancos médios pós-fixados, híbridos e até mesmo os prefixados são boas alternativas”, diz.

Porém, se o investidor já tiver uma reserva de emergência e puder assumir mais riscos, investir em produtos de renda variável pode alavancar os ganhos. “Com foco no longo prazo, investir em ações pode ser uma oportunidade já que pro ano que vem a taxa de juros deve cair e o mercado antecipa esse ganho, mas com consciência de que há volatilidade, e o cenário econômico externo e interno está mais desafiador”, conclui Patzlaff.

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