Consórcio, financiado ou à vista: os prós e contras dessas 3 formas de comprar imóvel
Quem quer uma casa própria pode ficar em dúvida sobre qual a melhor forma de alcançar esse sonho. Saiba o que levar em conta na escolha
O grande sonho de boa parte dos brasileiros é comprar uma casa própria. De acordo com o mais recente Raio-X do Investidor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), esse é o principal destino do dinheiro aplicado pelos brasileiros. Mas a compra de um bem com valor tão elevado costuma trazer dúvidas. Afinal, é melhor esperar ter todo o capital e comprar à vista, ou um financiamento é uma boa ideia?
O Bora Investir conversou com especialistas para saber os prós e contras das três formas mais comuns de se adquirir um imóvel: consórcio, financiado ou à vista. Confira!
Consórcio para quem não tem pressa de entrar no imóvel
Os consórcios mais tradicionais são os de automóveis e motocicletas, mas vem ganhando espaço também a opção para comprar uma casa própria. Simplificando, no consórcio, a administradora reúne um grupo de pessoas com o mesmo objetivo, e a cada mês, uma dessas pessoas é sorteada para receber o valor total e fazer a aquisição do bem.
Segundo a especialista em planejamento financeiro Fernanda Prado, uma das vantagens é o custo mais baixo para a aquisição, já que quem participa de um consórcio não paga juros, como em um financiamento.
Por outro lado, quem entra em um consórcio depende um pouco da sorte – já que não sabe exatamente quando vai ser contemplado, o que pode acontecer na primeira parcela ou na última. Vale dizer que é possível dar “lances” que aumentam a chance de que você seja contemplado mais rápido.
Fernanda ainda faz um alerta: “o consórcio tem um reajuste anual, então é preciso ter em mente que a parcela pode aumentar com o tempo”.
Financiamento imobiliário traz agilidade na casa própria
Fabiano Cavour, supervisor de produtos bancários e financeiros do Sicoob, explica que no financiamento imobiliário, o modelo mais antigo é o do Sistema Financeiro Habitacional (SFH), válido para imóveis de até R$ 1,5 milhão e com taxas de juros de até 12% ao ano. No SFH, o valor da parcela pode ser de até 30% da renda da família que está contratando o financiamento.
Como se livrar de um financiamento de 30 anos em 10 e ainda pagar menos
Ainda nesse modelo, o crédito pode cobrir no máximo até 80%, o que significa que o comprador precisa dar ao menos 20% do valor como entrada, um ponto de atenção. É possível usar o saldo do FGTS para dar a entrada, e pode-se usar novamente o saldo acumulado, a cada dois anos, para amortizar o valor ou antecipar algumas parcelas.
“É importante notar que no momento da compra de um imóvel, a despesa não é apenas com a entrada do financiamento, mas com impostos, documentação, possíveis reformas que sejam necessárias, além de contas como IPTU, conta de luz, condomínio”, diz Cavour. Por isso, é importante não usar todos os seus recursos financeiros na entrada.
Como planejar a entrada e o financiamento de um imóvel?
A planejadora Fernanda Prado também lembra a importância do planejamento ao assumir uma dívida como um financiamento imobiliário. “Se estou assumindo compromisso financeiro, é preciso pensar nos riscos, como queda de renda no período do financiamento, e ter cuidado para honrar com o compromisso e não ter o risco de o imóvel ir a leilão, por exemplo”, diz.
Ela ainda pontua que há vantagens e desvantagens. “A principal vantagem é agilidade para concretizar o sonho de estar em um imóvel que um dia será seu. E um dos pontos negativos é o tamanho da dívida, especialmente quando se faz um financiamento de longo prazo, em que o valor total pago será maior do que o valor do imóvel”.
Pagar à vista dá poder de barganha
Quem consegue guardar o dinheiro ao longo do tempo e reunir todo o valor de um imóvel pode usufruir de maior poder de barganha na compra.
“Você tem a possibilidade de fazer a negociação com mais liberdade, tem mais chance de negociar um desconto interessante”, diz Prado.
Mas ela faz um alerta: “é interessante evitar uma total descapitalização”, quando a pessoa usa todo o dinheiro que tem guardado na compra do imóvel. “Há pessoas que pegam toda a reserva financeira, inclusive a reserva de emergência. Mas se depois acontecem situações inesperadas e a pessoa tem gastos a mais, poderá ter problemas e precisar contrair uma dívida”, diz.
Cavour, do Sicoob, sugere também analisar o custo de oportunidade. “Se o valor total do imóvel, investido, traria uma taxa de retorno maior do que os juros do financiamento, pode valer a pena financiar, ao menos uma parte”.
Não existe fórmula pronta para comprar um imóvel
Fernanda Prado resume: “não existe um caminho ideal, perfeito para todo mundo. Eu acredito que as decisões financeiras têm de ser analisadas de acordo com a viabilidade financeira de cada um”.
Para algumas famílias, pode fazer sentido continuar morando de aluguel – ainda que em um imóvel que não seja o padrão desejado para a compra – para poupar mais por um tempo e conseguir uma entrada maior ou até mesmo conseguir fazer um pagamento à vista. Já para outras famílias, é difícil pagar o aluguel e ainda reservar um dinheiro, então o financiamento pode ser uma escolha.
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