Seguro do carro ficou 15% mais caro; entenda por que e saiba economizar
Movimento ainda reflete os efeitos da pandemia, a reabertura da economia e a escalada dos roubos de veículos no país.
Os preços do seguro de automóveis começaram o ano com um peso maior no bolso dos motoristas brasileiros. O avanço veio diante da reabertura da economia após o período mais crítico da pandemia, que elevou o movimento de veículos nas ruas pelo país. Com mais carros em circulação, o registro de sinistros subiu e os preços foram na mesma direção.
Os valores registraram avanço de 6,6% apenas em janeiro de 2023 — o mesmo patamar observado em agosto do ano passado. No primeiro mês de 2022 o indicador havia subido 5,7%. A alta acumulada é ainda maior em 12 meses e atinge 15,8%, segundo o Índice de Preços do Seguro de Automóvel (IPSA), da TEx, plataforma de inteligência de dados.
O presidente da TEx, Emir Zanatto, explica que entre os diversos fatores que contribuíram para o aumento do seguro está a valorização atípica de, em média, 20% no preço dos usados. Com os veículos valendo mais, cresce o número de furtos e roubos, o que puxa o comércio paralelo de peças e, consequentemente, a sinistralidade.
“Houve um aumento nos índices de roubo e furto em algumas regiões. Um exemplo é o estado de São Paulo, onde cresceu 14% em relação a 2021. Esse aumento de crimes é um fator que contribui para o reajuste dos preços realizados pelas seguradoras”.
ÍNDICE DE PREÇOS DO SEGURO DE AUTOMÓVEL – MENSAL
Fonte: TEx
A escassez de um equipamento fundamental para a indústria automobilística mundial também tem impacto o preço dos seguros. A falta de semicondutores fez as montadoras deixarem de produzir 250 mil veículos em todo o ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A crise se arrasta desde 2020, o que impacta diretamente a demanda por peças.
“A crise dos semicondutores e o desarranjo do mercado de autopeças durante a pandemia fez com que o reparo dos veículos ficasse mais caro e demorado. Isso levou os clientes a utilizar mais o carro reserva, o que acabou gerando custos adicionais para as seguradoras. Essas despesas a mais foram repassadas para o preço do seguro”, afirma Emir Zanatto.
A falta de componentes também impactou a valorização no preço dos veículos e no mercado de seguro de carros em todo o Brasil, explica o presidente da TEx. “É um descasamento bastante negativo. Afinal as seguradoras que precificaram o risco de um veículo de, por exemplo, R$ 100 mil, meses depois tiveram que indenizar ele agora valendo R$ 120 mil ou R$ 130 mil. Isso faz com que tenham que corrigir os valores e expectativas”.
Idade e residência do condutor
O cenário da economia brasileira é apenas um dos fatores que influenciam no valor do seguro automotivo. A idade do condutor e o local onde mora também impactam no preço.
O Índice de Preços do Seguro de Automóvel ficou mais caro para os jovens de 18 a 25 anos — avanço de 11% em janeiro. Ele foi seguido pela faixa etária entre 26 e 35 anos (8,2%), 36 a 45 anos (6,8%), 46 a 55 anos (6,2%) e acima de 56 anos (5,3%).
Uma simulação feita pela plataforma TEx com dois perfis de condutores — que residem no mesmo local e possuem um veículo no valor de R$ 65 mil — mostra a diferença de preço da apólice. O motorista mais novo, com 26 anos, paga um seguro de R$ 6.656; enquanto o de 36 anos desembolsa R$ 5.395.
Conforme a região em que o segurado vive, as taxas de roubo e furto também pesam sobre o preço do seguro. No primeiro mês deste ano a Região Metropolitana de São Paulo pagou 7,3% do valor do carro em seguro – 62% a mais que na Grande Belém – cujo índice é o mais baixo das regiões (4,5%).
7 fatores que mais pesam sobre o preço do seguro
1. Classe de bônus – é a variável mais importante para determinar o valor do seguro de um automóvel. Ela é categorizada em faixas que vão de 0 a 10 e representa a fidelidade e competência do segurado. Quanto mais renovações sem sinistro, maior será sua classe de bônus.
2. CEP do condutor – a região geográfica por onde o carro transita tem grande importância na determinação do valor do seguro. Por exemplo, em locais com maior risco de roubo e furto, o valor do seguro pode ser mais alto. Além disso, a localização do CEP também pode influenciar a frequência de acidentes.
3. Valor do veículo – veículos mais caros, geralmente, têm mais recursos de segurança e não são alvos de roubos e furtos com tanta frequência. Por isso, esses veículos têm um valor proporcionalmente menor no seguro.
4. Idade do veículo – carros mais velhos, com maior quilometragem, tendem a ter mais problemas mecânicos e geralmente são mais roubados. Quanto mais velho o carro, mais caro é o seguro.
5. Idade do condutor – é um bom indicativo de experiência na condução de veículos. Em geral, quanto mais velho é o condutor, menor é o preço do seguro.
6. Fabricante do veículo – cada fabricante opera de maneira distinta na produção dos veículos, e isso pode influenciar o preço. O custo de manutenção do veículo, por exemplo, pode variar bastante conforme o fabricante.
7. Tipo de utilização do veículo – o uso particular é o mais comum, porém, atualmente há muitos casos de transporte por aplicativo, cuja exposição ao risco e a tendência mais acelerada de desgaste do carro podem provocar uma elevação da tarifa de seguro. O uso comercial do veículo pode aumentar a frequência de acidentes e, por isso, encarecer o seguro.
Fonte: TEx
Dicas para contratar e pagar o seguro do carro
A segurança financeira é o principal motivo para a contratação de um seguro para o carro. Ao adquirir uma apólice, o proprietário não vai arcar mais sozinho com todos os prejuízos de uma colisão e, principalmente, receberá o valor do veículo caso ele seja roubado ou furtado.
O presidente da TEx afirma que consultar um corretor é indispensável para obter opções de cobertura e preços no mercado. A velha dica de pesquisar, claro, também é fundamental na hora de escolher o seguro do carro.
“Ao adquirir um automóvel, é fundamental ter um seguro para garantir a segurança do seu patrimônio. Com o aumento dos preços – e para trazer um novo público para as seguradoras – muitas empresas têm trabalhado com diversas opções e modalidades de seguro, como os que cobrem apenas roubo e furto, até os seguros completos com cobertura para terceiros, colisões e danos. É aconselhável ter um seguro mais básico, mas não deixar de fazer”, conclui Emir Zanatto.
Carros híbridos e elétricos
Os veículos elétricos e híbridos começaram a ganhar força no mercado automobilístico brasileiro. Enquanto o primeiro utiliza 100% de energia elétrica, o outro combina energia elétrica e um combustível, como gasolina ou álcool.
O valor do seguro para esses tipos de veículos é mais em conta na comparação com os carros a combustão. Dos dez modelos mais vendidos do mercado, nenhum está acima da média dos carros a combustão – algo entre 4% e 8% do seu preço de tabela. Segundo Emir Zanatto, em média, veículos elétricos têm seguro 30% mais barato do que veículos do mesmo valor.
“Isso acontece porque esses veículos não têm volume de roubo e furto como os a combustão e nem mesmo mercado de peças paralelas. No Brasil, a criminalidade chega a corresponder a 50% do valor do veículo e os elétricos ainda são menos impactados por isso”.
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