Quer sair da casa dos pais? Veja como se preparar financeiramente
Junto com o ganho de independência e responsabilidade, a saída da casa dos pais costuma trazer consequências para o bolso
Por Victor Rabelo
Saber se planejar financeiramente é um passo fundamental na tomada de decisões importantes da vida. Uma dessas decisões que costuma acompanhar a fase adulta é a de sair da casa dos pais. Seja para estudar ou trabalhar em outra cidade, morar junto com uma parceira ou parceiro, ou apenas por querer um espaço só para si, é recomendável que essa atitude seja tomada com algum grau de racionalidade.
Isso porque, junto com o ganho de independência, autonomia e responsabilidade, a saída da casa dos pais costuma trazer consequências para o bolso. Portanto, alguns aspectos financeiros precisam ser levados em consideração.
Para Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, o primeiro passo é entender exatamente quanto você ganha e quanto gasta. “É comum as pessoas acharem que sabem seus números, mas, quando colocam tudo no papel, percebem que o dinheiro some em pequenas despesas do dia a dia. Então, antes de pensar na mudança, é importante listar todas as fontes de renda e todas as despesas mensais, para entender quanto realmente sobra no fim do mês”, diz.
Em seguida, ele indica simular um orçamento realista da vida fora da casa dos pais. “Calcular não apenas o valor do aluguel, mas também condomínio, contas de água, luz, internet, gás, supermercado, transporte, limpeza, eventuais consertos e até gastos que muitas vezes passam despercebidos, como produtos de higiene e manutenção doméstica”, completa.
De acordo com Vitor Santoro Bezerra, consultor financeiro e MBA em Finanças pela FBNF (Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças), após considerar todos os custos é possível “entender se a mudança é factível no atual cenário ou não. Caso não, seria interessante primeiro a constituição de uma reserva de emergência, a fim de criar um ‘colchão’ para eventuais imprevistos”, afirma.
Construindo uma reserva de emergência
Uma reserva de emergência é uma quantia de dinheiro guardada para lidar com despesas imprevistas ou situações emergenciais, como a perda de emprego, problemas de saúde ou reparos urgentes na residência. Manter um fundo com esta finalidade é uma estratégia importante para garantir a segurança financeira, pois previne o endividamento em momentos difíceis e oferece maior tranquilidade na administração das finanças pessoais.
Para qualquer investimento, Bezerra acredita que três componentes precisam ser considerados: liquidez, retorno e risco. “Ao escolher um ativo, nós daremos preferência a dois e deixaremos de lado um. Por exemplo, ao constituir uma reserva de emergência, estamos supondo um ativo que seja seguro e com liquidez para eventuais saques, e o pilar que temos de abrir mão é o retorno, pois para obter um retorno elevado, é necessário muitas vezes sacrificar a segurança ou a liquidez”, explica. De acordo como ele, “os ativos que mais se enquadram nos aspectos mencionados seriam CDBs de instituições financeiras com liquidez diária ou um fundo de renda fixa com investimentos em títulos do governo pós-fixados”, argumenta.
Patzlaff recomenda “acumular o equivalente a pelo menos de seis a doze meses de despesas mensais” e “considerar o cenário econômico do momento”. Sobre onde investir a reserva, ele considera que o “objetivo dessa reserva não é ganhar muito dinheiro, mas sim garantir que você terá acesso rápido aos recursos se algo der errado. Os melhores ativos para isso são os de renda fixa e baixo risco, como os CDBs de liquidez diária de médios e grandes bancos, fundos de renda fixa de alta liquidez e Tesouro Selic”.
Quanto tempo se planejar para sair da casa dos pais?
Para conseguir se preparar e criar uma reserva de emergência, é importante que esse planejamento seja feito com antecedência. E, nos investimentos, quanto antes começar, melhor.
De acordo com Bezerra, um ano de antecedência pode ser considerado um bom prazo para estruturar essa decisão. Para ele, esse período pode ser usado, inclusive, para tentar exercer essa nova realidade financeira mesmo antes de sair da casa dos pais.
No mesmo sentido, Patzlaff crê que esse tempo é “importante porque permite organizar as finanças com calma, criar o hábito de poupar e construir a reserva necessária sem comprometer o orçamento. Planejar-se com antecedência também dá tempo para testar o orçamento simulado, fazer ajustes, cortar gastos desnecessários e se preparar emocionalmente para as responsabilidades que virão”, finaliza.
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