Derivativos: o que são, para que servem e como investir
Conheça mais sobre esse tipo de ativo usado para proteger o capital ou buscar ganhos com a especulação
Como o próprio nome sugere, os derivativos são produtos de investimento que derivam de outros ativos – sejam eles físicos, como café e soja, por exemplo, ou financeiros, como dólar, índices e ações. O investimento em derivativos é feito por meio de contratos e, muitos deles, são negociados na bolsa de valores.
Para ilustrar melhor, vamos a um exemplo: suponha que o preço do dólar hoje é R$ 5. Se o investidor A acredita que a moeda americana vai se valorizar nos próximos meses, ele pode fazer uma oferta para o investidor B, que detém uma quantidade X de dólares, para comprar esse montante em uma determinada data, mas com um valor já pré-estabelecido e travado nos mesmos R$ 5 por dólar. Caso o investidor B aceite a proposta, eles selam um contrato.
Se, no vencimento deste contrato, o dólar estiver cotado a R$ 5,50, o investidor A terá lucrado com a operação, já que pagará um preço menor pela moeda. Se, na data final, a cotação for de R$ 4,50, o resultado será positivo para o investidor B, que venderá seus ativos por um valor maior do que o praticado no mercado naquele momento.
Como você pôde ver com este exemplo, o resultado financeiro da operação com esse contrato, que é um derivativo, derivou do desempenho de outro ativo.
Quais são os tipos de derivativos?
Contratos a termo
No mercado a termo, o contrato de compra ou de venda para uma data futura é firmado e, assim, os investidores envolvidos na negociação são obrigados a comprar ou vender determinado ativo em uma determinada data pelo preço estabelecido no momento em que o contrato foi realizado. Esse tipo de derivativo pode ser negociado em bolsa ou no mercado de balcão organizado.
Contratos futuros
Os contratos futuros funcionam de forma bastante semelhante aos contratos a termo: assume-se o compromisso de comprar ou vender determinado ativo em uma data e por um valor pré-definido. A principal diferença entre esses tipos de investimento está no formato da liquidação.
Enquanto no mercado a termo a liquidação do contrato só é feita na data de vencimento, no mercado futuro os ativos passam por um ajuste diário. Com esse mecanismo da B3, os contratos futuros detidos por um investidor são ajustados diariamente pelo preço de fechamento naquela data.
A diferença entre os preços do contrato ajustados de um pregão para o outro é paga ou recebida pelo detentor do contrato. Ou seja, se os preços sobem, o investidor recebe os lucros, se eles caem, é necessário pagar a diferença do dia.
Além da liquidação, outra diferença em relação aos contratos a termo é que os contratos futuros só podem ser negociados na B3.
Contratos de opções
Os contratos de opções dão ao investidor o poder ou a obrigação de comprar ou vender um ativo dentro de um tempo determinado. Há opções de compra (chamadas de call) e opções de venda (chamadas de put).
Por exemplo, uma ação da empresa X hoje está negociada a R$ 30. Se o investidor A pensa que elas vão se valorizar dentro de um mês, ele podem comprar uma opção de compra a R$ 30, com exercício (vencimento) para daqui a um mês. Para isso, paga um valor, chamado de prêmio. Já o investidor B, que pensa que as ações irão se desvalorizar, pode vender essas opções de compra a R$ 30.
Se, na data de vencimento, as ações realmente tiverem se valorizado e o investidor A quiser comprá-las, ele pagará os mesmos R$ 30 do contrato de opção. O investidor B, por sua vez, tem a obrigação de vender as ações nesse preço.
Já se os ativos viveram um período de queda e o investidor A não quiser mais adquiri-los, ele simplesmente não exerce seu direito de compra. Assim, ele terá pago o prêmio no momento da aquisição da opção de compra, enquanto o investidor B embolsa esse prêmio.
Por que investir em derivativos?
Os investimentos em derivativos são utilizados para dois principais objetivos: como uma estratégia de proteção, também conhecida como hedge, e como forma de especulação, a fim de obter lucros com as negociações.
No primeiro caso, a ideia de usar os derivativos busca trazer previsibilidade para quem está envolvido na operação, mesmo em casos de alterações bruscas de preço. Um dos principais usos é no agronegócio, para garantir o preço no momento da safra, por exemplo, ou para exportadores garantirem um preço mínimo para a venda de dólares.
Se um produtor de soja firma um contrato de venda do seu produto em determinada data por um preço pré-definido, no vencimento contará com a segurança de receber o valor acordado, independentemente do que acontecer no mercado.
Já os especuladores buscam usar a volatilidade para ter bons retornos financeiros. Vale lembrar que essas operações são bastante arriscadas, sobretudo para quem não é familiarizado com o mercado. Até por isso são necessárias garantias de que o investidor conseguirá honrar seus compromissos.
Como investir em derivativos?
Se você chegou até aqui, provavelmente está se perguntando como é que faz para investir em derivativos, certo?
O primeiro passo é o básico para realizar boa parte dos investimentos: escolha uma corretora de valores e abra sua conta, porque os derivativos são negociados na Bolsa de Valores ou no mercado de balcão, meios que só podem ser acessados por intermediação de uma corretora.
Criada a conta, é hora de navegar pelo portal do cliente da corretora para conhecer as plataformas que a instituição fornece aos investidores para realizar as operações e, assim, realizar suas aplicações.
É essencial que, antes de começar a investir em derivativos, você conheça o seu perfil de investidor, para entender até que ponto você aceita tomar riscos nas suas operações.
Esse autoconhecimento, combinado com estudos prévios sobre o investimento que você quer fazer, possibilita traçar estratégias que façam sentido com o seu momento e seus objetivos.
Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3. Este, por exemplo, é sobre mini contratos e derivativos.