Minicontratos: guia completo sobre esses ativos do mercado futuro
Saiba como operar com derivativos futuros sem precisar de muitos recursos
Minicontratos são versões reduzidas de um instrumento financeiro conhecido como contratos futuros. Os contratos futuros são negociados por investidores que desejam comprar e vender ativos, cujos preços são estabelecidos de acordo com uma data específica de vencimento.
Durante a vigência do acordo, o valor desses contratos sofre oscilações em razão da oferta e da demanda, resultando em ganhos ou prejuízos para os seus investidores. As operações de contratos futuros utilizam derivativos de commodities, índices, moedas e taxas de juros – sempre com um prazo futuro atrelado à negociação.
Calma! Se você não compreendeu a definição acima, continue a leitura, pois iremos detalhar cada um desses conceitos até ficar bem claro quais são as vantagens – e também os riscos – das operações com os minicontratos na Bolsa de Valores.
O que são minicontratos?
Eles são uma “versão reduzida” do contrato-padrão, o que significa que têm um preço menor, mais precisamente, um quinto ou 20% do ativo de referência. Vamos partir de um exemplo de um contrato de índice, no caso o Ibovespa:
No mercado futuro, os investidores assumem o compromisso de comprar ou vender um ativo que replica o Ibovespa por uma cotação, ou uma quantidade de pontos previamente combinada.
Se o contrato fixou o Ibovespa em 120.000 pontos, no tamanho tradicional, ele terá um valor de vencimento de R$ 120.000 (R$ 1 por 1 ponto do índice).
Isso implica a necessidade de os participantes terem um capital alto para negociar esse ativo, já que, no mercado futuro, existe o mecanismo de garantia e ajuste diário de ganhos e perdas em relação ao preço de fechamento, a fim de impedir que um comprador ou vendedor acumule perdas grandes e depois não tenha capacidade de saldá-las.
E quem não dispõe de R$ 120 mil para comprar Ibovespa futuro? É aí que entra o minicontrato de Ibovespa futuro.
Ele tem a mesma função do ativo padrão, só que – nessa versão reduzida – cada 1 ponto do Ibovespa terá um valor de R$ 0,20 (20% do contrato cheio), o que diminuirá também a exposição, a alavancagem e o depósito de margem para garantia por parte dos investidores.
Vamos supor que você compre um contrato de WIN (código do minicontrato de Ibovespa na B3) em 100.000 pontos e, na data de vencimento, venda-os em 110.000 pontos. O resultado bruto de sua operação será de R$ 2 mil. Observe o cálculo a seguir: (110.000 – 100.000) x 0,20 = 2.000. Ou seja: você recebe 20% (0,20) da rentabilidade (R$ 10.000) de um contrato cheio.
Como já mencionado acima, entre a compra e a venda, os contratos futuros (mini ou cheios) terão seu preço diariamente reavaliado, para refletir as novas condições de mercado, expressas nos preços dos respectivos fechamentos do pregão.
Durante a última meia hora ou os quinze últimos minutos de negociação (dependendo de cada contrato), entra em cena o mecanismo de ajuste diário de ganhos e perdas daquele dia, para que todas as posições em aberto sejam liquidadas.
Com isso, o risco de inadimplência é limitado a um dia, sendo coberto pelo depósito de margem, que tanto os compradores quanto os vendedores de contratos futuros devem efetuar.
Se você comprou o mini de Ibovespa a 100.000 pontos e, naquele dia, o mercado fechou em 101.000 pontos, há uma diferença de 1000 pontos, ou 0,2 x 1000 = R$ 200. Neste caso, a parte vendedora terá de creditar R$ 200 na conta da parte compradora. Os pagamentos dos resultados diários são feitos pelas corretoras.
O mesmo raciocínio vale para os minicontratos futuros de dólar, que são a versão reduzida (equivalente a 20% do valor) do contrato cheio. Nessa modalidade de futuros, se você compra dólares em um contrato de três meses e essa moeda se valoriza até lá, haverá um ganho na operação, já que a moeda foi adquirida por uma cotação menor.
Como em todo contrato futuro, não há necessidade de esperar a data final de vencimento do papel para sair da posição. Graças à boa liquidez diária dos minicontratos, é possível vender o título e realizar o ganho no mesmo dia (day trade) ou alguns dias depois (swing trade). Ao interromper a negociação “no meio do caminho”, outra pessoa irá assumir o acordo de onde você parou, com um prazo reajustado.
Em resumo, quem opera contratos futuros está negociando hoje o preço de determinado ativo numa data futura, mas com ajuste de ganhos e perdas diário, de acordo com o sobe e desce da cotação.
Os contratos futuros são considerados derivativos, ou seja, títulos que derivam de outros ativos como o Ibovespa, o dólar, as commodities etc. Os derivativos são instrumentos financeiros bastante utilizados para operações de arbitragem, proteção do investidor (hedge) e especulação.
Algumas vantagens e desvantagens de operar com minicontratos
Vantagens
- Trata-se de ativos de alta liquidez, que possibilitam ao investidor entrar e sair das operações facilmente, tendo um risco menor de perdas;
- A B3 exige que o investidor tenha apenas o valor correspondente à margem para garantir o depósito diário, não necessitando manter na sua conta todo o capital referente ao volume do contrato;
- A diversificação é um dos pontos fortes de minicontratos, visto que há diversos instrumentos financeiros nesta categoria de ativos.
Desvantagens
- Os preços dos ativos de renda variável são bem voláteis e podem variar de forma brusca e rápida. O mercado é muito sensível às expectativas, a notícias de cunho político, econômico, além de eventos e acontecimentos globais;
- Os contratos futuros têm preços reajustados diariamente. Caso você esteja posicionado em um ativo cujo ajuste diário foi muito brusco, pode haver perdas consideráveis num único pregão;
- Para operar direito, é preciso contar com a agilidade e eficiência dos sistemas de transmissão de ordens. Por mais que as plataformas de negociação estejam cada vez mais seguras e avançadas tecnologicamente, todas ficam sujeitas a oscilações de rede (internet), quedas de energia etc.
Quais os custos de investir em minicontratos?
A corretagem é o valor cobrado pela instituição financeira intermediadora das ordens enviadas para a Bolsa. Muitas vezes, as corretoras isentam os investidores deste ativo ou cobram de acordo com a quantidade de contratos negociados como, por exemplo, um valor de corretagem de R$ 0,25 para cada mini de dólar ou de Ibovespa operado naquele pregão.
A B3 cobra duas taxas sobre operações day trade que envolvem contratos e minicontratos futuros: emolumentos e taxa de registro. Para cada contrato negociado, há a incidência dessas taxas, ou seja, são consideradas tanto as operações de abertura quanto as de encerramento da posição.
Imposto de Renda em Minicontratos
Assim como ocorre com os demais investimentos, quando você obtém lucro com as operações de minicontratos, precisa pagar Imposto de Renda e, no ano subsequente, terá que declarar os seus ganhos e prejuízos na prestação de contas anual com a Receita Federal.
Portanto, fique atento, porque se trata de duas situações diferentes: a necessidade de fazer a declaração anual e o pagamento do imposto cada vez que tiver ganhos, ao longo do ano.
Saiba como calcular o Importo de Renda no mercado de ações. Veja o vídeo
Ao longo do ano, o pagamento de impostos acontece por meio de DARF. A alíquota depende do tipo de operação: se você operou em day trade (comprou e vendeu o ativo no mesmo dia), o Leão vai morder 20% dos ganhos nessa modalidade.
Já nas negociações efetuadas em pregões diferentes, a taxa do IR será de 15% sobre o ganho. A maioria das corretoras oferece aos seus clientes uma planilha com os rendimentos de suas operações para facilitar esse trabalho.
Na declaração de ajuste anual, você deve utilizar o programa disponibilizado pela Receita Federal, onde deverão constar tanto os contratos com posições ainda não encerradas quanto os que foram finalizados durante o ano de exercício.
Para o primeiro caso, utilize a aba “Bens e Direitos”, selecione o código 47 (“Mercados Futuros, de Opções e a Termo”) e digite o saldo inicial e final de cada operação ainda presente na carteira no último dia do ano em exercício. Copie as informações do seu Informe de Investimentos fornecido pela corretora.
Já para as posições encerradas ao longo do ano, o campo da declaração é o “Rendimentos Variáveis”. Selecione o item “operações comuns/day trade” e informe o lucro ou o prejuízo obtido a cada mês com as posições.
Vale lembrar que, se o investidor teve prejuízo ao operar com minicontratos, pode ser compensado com ganhos em outras operações de renda variável.
Como operar minicontratos em 4 passos
- Passo 1: Escolher uma instituição que irá intermediar suas operações. Para isso, você precisa ter uma conta em alguma corretora de investimentos;
- Passo 2: Escolha o ativo que você prefere na operação de minicontratos. Uma dica é treinar essa negociação em simuladores de investimentos para entender qual deles você melhor se identifica;
- Passo 3: Na plataforma da corretora, libere as margens para operar, selecionando no homebroker a quantidade e o tipo de contrato que pretende negociar;
- Passo 4: Pronto: é só começar a comprar e esperar o ativo subir o suficiente para lucrar.
Quer entender mais sobre o assunto? Assista nossa aula de Negociação de Minicontratos e aprofunde seus estudos sobre como operar com derivados futuros.
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