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O que é blockchain? Entenda a conexão com as criptomoedas

A tecnologia de registro descentralizado, com diversas camadas de segurança, está na base do novo mercado de criptoativos

Mãos de um homem branco segurando um bloco de cubos virtuais, figura gráfica da blockchain, plataforma segura onde ocorre as transações de criptomoedas. Foto: Adobe Stock
A tecnologia foi criada nos anos 90 por dois cientistas preocupados com a eficiência na autenticação de documentos digitais. Foto: Adobe Stock

Com certeza, você já ouviu falar de bitcoin, certo? Seja na TV, no rádio ou nas redes sociais. Desde que a moeda digital se popularizou, outra expressão passou a ser difundida paralelamente: blockchain. Em tradução livre, é “cadeia de blocos”. Basicamente, é uma tecnologia que permite armazenar dados em blocos distribuídos em uma rede (daí o nome), e que usa todos eles para validar qualquer alteração realizada.

O blockchain pode ser útil para dar mais segurança à cadeia de suprimentos, a aplicativos de economia compartilhada, como serviços de carona, e até a sistemas eleitorais eletrônicos. Mas uma de suas principais aplicações atuais é nas transações de criptomoedas, como o bitcoin.

Como o blockchain funciona?

Para ser negociado, o dinheiro digital precisa de uma série de informações que atestam a veracidade da transação e é isso que o blockchain faz. Ele funciona como um banco de dados, mas, ao contrário de um arquivo digital convencional – que é centralizado em um local, administrado por uma empresa que tem a exclusividade para mudar suas configurações –, o blockchain é um livro-caixa totalmente descentralizado.

Isso porque os registros são compartilhados com todos os milhares de usuários da plataforma onde acontecem as negociações de ativos digitais, o que facilita o processo de rastreamento da transação e torna o histórico de cada registro imutável, reduzindo custos e riscos para as partes.

O sistema pode ser usado para bens tangíveis (a documentação para venda de uma casa, um carro, dinheiro, terras) ou intangíveis (propriedade intelectual, patentes, direitos autorais e criação de marcas). Praticamente qualquer item de valor pode ser rastreado e negociado em uma rede de blockchain.

Como o blockchain foi criado?

A tecnologia de “blockchain” foi criada nos anos 90 por dois cientistas preocupados com a eficiência na autenticação de documentos digitais. Um dos modos de reduzir a possibilidade de fraude seria gravar as informações em um registro compartilhado entre várias pessoas – essa “descentralização” significava mais gente tomando conta dos dados.

Outra característica para garantir a segurança desse novo sistema era a necessidade de usar uma informação anterior a cada vez que fosse criada uma nova. Para o experimento, a dupla chegou a publicar no The New York Times um código ou ID único, que só seria atualizado a partir de todos os dados originais. Com isso, em toda a edição, havia um novo registro que só poderia ser alterado se alguém tivesse guardado os jornais anteriores.

Por fim, eles adicionaram às informações o horário e a data de cada registro, organizaram cada conjunto de dados em blocos, que, por sua vez, recebiam um novo ID único original e, adivinhe, também vinculado ao bloco anterior. Isso formou uma infraestrutura incrível de interdependência de informações: o blockchain.

Traduzindo de uma maneira bem simples, é como se você estivesse criando um conteúdo em um documento na nuvem aberto ao público em geral. Cada ID que altera o texto inicial será identificado por todos, e toda e qualquer retirada ou acréscimo de caracteres ficará registrada para sempre no histórico daquele arquivo.

Como o blockchain é usado para criptomoedas?

O blockchain só ganhou popularidade em 2008, uma pessoa usando o codinome Satoshi Nakamoto publicou um artigo com detalhes de como a tecnologia poderia ser usada na negociação de ativos, dada sua confiabilidade.

Vale lembrar que o blockchain é a tecnologia por trás das criptomoedas, mas ele não tem relação com o valor dos criptoativos como investimento.

No caso de uma transação financeira envolvendo os usuários A e B, cada etapa do processo recebe um código único, sempre “dependente” da informação do código anterior.

Se pudéssemos comparar com um texto, seria algo assim:

  1. Pessoa A transfere dez reais para a pessoa B.
  2. Depois que a Pessoa A transferiu dez reais para B, foi a vez de C comprar um ativo de D.
  3. Depois que a Pessoa A transferiu dez reais para B, que C comprou um ativo de D, foi a vez de A vender um ativo para F.
  4. Depois que a Pessoa A transferiu dez reais para B, que C comprou um ativo da D, que A vendeu um ativo para F, foi a vez de Z comprar de X.

E assim sucessivamente.

Para melhor ordenar essa cadeia de transações financeiras, elas são separadas em blocos, assim que somam um certo número de registros. Esses blocos também são criados no conceito de interdependência, já que o próximo precisa das informações do anterior para ser originado.

É diferente de uma conta bancária, por exemplo, em que um banco de dados armazena seu extrato, podendo inclusive apagar informações de períodos mais longos. Com o blockchain, os usuários têm acesso não apenas à movimentação atual (no exemplo de uma conta corrente, poderia ser um saque ou depósito), mas também ao percurso inteiro daquele dinheiro, desde o primeiro minuto em que ele deixou a Casa da Moeda, quando ainda era um papel físico.

Isso é importante porque, graças a esse histórico, um grupo de usuários de uma determinada moeda, por exemplo, da rede Bitcoin, se oferecem para ser “nodes” (nós) ou guardiões do sistema.

A função deles é colocar o computador para checar periodicamente se tudo está seguindo as regras no sistema de negociações da criptomoeda. São milhares de pessoas espalhadas mundo afora, ninguém conhece ninguém e existem categorias de serviços de verificação (full nodes e light nodes).

A validação em si é rápida, consome pouquíssima energia, e o processo é realizado pelos guardiões que topam rodar o software da rede em seus dispositivos. Há diversas maneiras de atuar como um node, algumas delas remuneradas em Bitcoin, por exigir uma dedicação integral da pessoa. Mas também existem sites que oferecem gratuitamente este serviço para você próprio consultar se o seu dinheiro está bem guardado nesse sistema.

Por que o blockchain é importante?

Um dos pontos mais importantes trazidos pelo blockchain é o aumento da segurança. Isso acontece porque essa tecnologia dispõe de uma camada de criptografia (conjunto de regras e técnicas para codificar informações, tornando-as acessíveis apenas para um grupo de pessoas).

Além disso, como falamos, o blockchain possibilita uma melhor rastreabilidade das transações. Esses fatores ajudam a sustentar três pilares essenciais do blockchain:

Descentralização

A ausência de uma entidade central coordenadora, ou grupo, com poderes para reverter transações, ou alterar regras de consenso à revelia dos usuários, é uma das características fundamentais do blockchain.

Embora seja tecnicamente possível realizar ataques, essa descentralização promove uma cisão na rede em caso de inserção de dados estranhos.

Transparência e livre acesso

Em redes de blockchain abertas, utilizadas pelas criptomoedas, é possível auditar em tempo real todas as transações.

Imutabilidade

Uma vez que a transação é incluída no bloco e validada pelos usuários, não há como retroceder. Quanto maior o número de confirmações em uma transação, mais difícil seria para alguém criar uma cadeia de blocos concorrente, de forma a reverter a transação.

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