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CDB e Tesouro Direto: quais os prós e contras desses dois títulos de renda fixa?

Entenda as diferenças entre CDB e Tesouro Direto e saiba como escolher entre eles

Os brasileiros estão investindo mais em renda fixa. Até junho de 2024, mais de 17,7 milhões de pessoas tinham em suas carteiras produtos do tipo, número 7% maior do que um ano antes. O valor investido nessa modalidade também aumentou: saltou de R$ 1,9 trilhão para R$ 2,3 trilhões, uma alta de 19%. Tanto Tesouro Direto como CDBs são muito comentados quando se fala em começar a investir e sair da poupança. Muitas pessoas, entretanto, têm dúvidas sobre as diferenças entre os dois, como escolher entre um ou outro e como montar um portfólio completo. Confira abaixo a diferença entre esses títulos!

Confira as características dos CDBs e do Tesouro Direto

Emissor e risco

Os títulos do Tesouro Direto são emitidos pelo governo federal, e por isso são tidos como os ativos de menor risco na economia. Já os CDBs são títulos emitidos por bancos, que usam os valores captados para emprestar para outros clientes.

“Os dois se diferem pelo risco do emissor. O título de emissor privado, por definição, tem risco maior do que o título de emissão nacional”, explica Larissa Frias, planejadora financeira do C6.

Por outro lado, os CDBs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma instituição que serve como um seguro para os investidores. O FGC oferece indenizações de até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, caso o banco emissor do CDB tenha problemas de crédito.

Rentabilidade

Há três tipos principais de investimentos em renda fixa: os pós-fixados (que acompanham a variação diária da taxa Selic ou do CDI), os prefixados (em que se negocia antes do aporte uma taxa determinada, que irá valer até o vencimento do título), e os híbridos (corrigidos normalmente pelo índice oficial de inflação, o IPCA, que oferecem mais uma taxa prefixada).

Todos eles estão disponíveis tanto no Tesouro Direto quanto em CDBs.

Diversidade de prazos e taxas

Nesta segunda-feira (04/11), o site do Tesouro oferece três vencimentos para o Tesouro Prefixado, dois do Tesouro Selic e seis vencimentos para o Tesouro IPCA+ (além dos títulos Renda+ e Educa+).

Como são emitidos por diversas instituições, existe uma grande oferta de CDBs diferentes. Por isso, quando o investidor abre o aplicativo de sua corretora, provavelmente encontrará mais opções de CDBs do que de títulos do Tesouro Direto.

Tributação

Os rendimentos do Tesouro Direto e dos CDBs são tributados pela tabela regressiva de imposto de renda, em que a alíquota fica menor a depender do tempo em que o dinheiro fica investido.

AlíquotaPrazo
22,5%Até 180 dias
20,0%181 a 360 dias
17,5%361 a 720 dias
15%721 dias ou mais
Fonte: Receita Federal

O Tesouro Direto, entretanto, tem uma taxa de custódia, de 0,20% sobre o valor total das aplicações, mas que só vale para quem tem mais de R$ 10 mil investidos. 

“Para investimentos acima de R$ 10 mil é preciso considerar a taxa de custódia do Tesouro Direto, que não existe no CDB. Mas vale lembrar que o CDB é indexado ao CDI, que é ligeiramente menor do que a Selic”, diz a planejadora financeira Luciana Ikedo. Segundo ela, essa pequena diferença normalmente equipara os dois investimentos, considerando um título Tesouro Selic a um CDB que rende 100% do CDI.

Liquidez

A liquidez é um ponto essencial a se avaliar antes de qualquer investimento em renda fixa. Nesse mercado, há títulos com liquidez diária (que permitem resgates a qualquer momento) e outros títulos em que o investidor precisa esperar o prazo de vencimento para receber o capital de volta.

“É superimportante entender a necessidade de liquidez dentro do seu portfólio, que é a parcela de reserva de emergência”, explica Larissa Frias. Isso porque, caso o investidor precise do dinheiro antes do vencimento, ele poderá ter uma “penalidade” no resgate antecipado do título.

Por outro lado, quem tem a possibilidade de estender o prazo e deixar o dinheiro investido por mais tempo pode encontrar rentabilidades mais elevadas, lembra Luciana Ikedo. “Para o longo prazo, o investidor que não precisa da liquidez do ativo consegue taxas melhores. Tem CDBs que pagam 130% do CDI, por exemplo”, diz.

Venda no mercado secundário

Para os títulos que não contam com a liquidez diária, há ainda uma possibilidade de saída antes do prazo de vencimento: a venda no mercado secundário. Nesse caso, no entanto, há dois riscos principais.

O primeiro é de não encontrar compradores para o título que se quer vender. Nesse sentido, os dos títulos públicos federais são os mais líquidos, já que o próprio Tesouro garante a compra dos papéis. No caso dos CDBs, a liquidez no secundário é menor, mas algumas corretoras já oferecem essa possibilidade.

O segundo risco é a marcação a mercado, que pode fazer o investidor perder parte do dinheiro aplicado. Isso vale principalmente para os títulos prefixados e indexados à inflação. O preço desses ativos varia conforme a expectativa quanto à Selic – e quanto maior o prazo do ativo, maior a sua volatilidade. Ou seja, na hora em que o investidor quiser vender seu título, ele pode estar precificado com um desconto na comparação com o que foi pago. Isso costuma acontecer quando a Selic está em alta.

Vale dizer que o inverso também é verdadeiro. Há a possibilidade de ganhar mais dinheiro com a venda desses títulos em momentos que a Selic está em queda, quando os títulos comprados no passado tendem a se valorizar.

“Os ativos prefixados são bastante atrativos em momento de ciclo de queda, como o atual. Muitos investidores já conseguiram taxas altas, antecipando o corte [da Selic], e têm hoje títulos sendo negociados com ágio”, diz Luciana.

Como escolher entre CDBs e Tesouro Direto?

Na hora de escolher entre um ou outro, a dica é olhar para as taxas oferecidas, mas é preciso cuidado para comparar títulos que sejam similares.

Por exemplo, os CDBs pós-fixados devem ser comparados com o Tesouro Selic. “Para CDBs com liquidez diária, vale buscar aqueles com rentabilidade maior do que 100% do CDI”, diz Luciana. Isso porque o título privado tem um risco maior do que o público, então, segundo a planejadora, não faz sentido escolher um produto mais arriscado e que tenha rentabilidade menor do que o Tesouro Direto.

Segundo Larissa Frias, os pós-fixados são mais indicados para quem quer ter liquidez – na parcela da carteira destinada à reserva de emergência ou para um dinheiro que o investidor ainda não sabe o destino. “Geralmente, quando o investidor não tem certeza sobre o que quer fazer com o dinheiro, a gente recomenda [CDB pós-fixado de] liquidez diária, ou o Tesouro Selic”, diz.

Ainda nos pós-fixados, quem puder deixar o dinheiro investido por um período maior pode encontrar CDBs com vencimento mais longo e que paguem uma taxa acima da Selic, lembra Luciana Ikedo. Como os CDBs pós-fixados normalmente têm rentabilidade atrelada ao CDI (uma taxa que fica muito próxima à Selic), isso significa buscar taxas acima de 100% do CDI.

Já no caso dos prefixados e híbridos, é preciso comparar os títulos públicos e privados de vencimento similar. Via de regra, um prazo maior deveria pagar taxas maiores, e o CDB deve oferecer taxas maiores do que o Tesouro.

Para Larissa, do C6, esses são indicados para quem pode esperar mais para resgatar. “Para prazos mais longos e investimentos para os quais o investidor já tem um objetivo, faz sentido buscar outros indexadores e prazos, para ter mais retorno”.

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