Renda fixa

“O mercado primário de renda fixa tem crescido, e o secundário precisa acompanhar”, diz CEO da RB Investimentos

Painel no estande da B3 durante a Febraban Tech discutiu como a bolsa do Brasil pode ajudar no desenvolvimento do mercado de renda fixa

“O mercado de renda fixa foi o grande destaque em 2024 e segue com potencial enorme de expansão no país”, afirmou Fernando Bianchini, superintendente de produtos de Balcão da B3. “Temos nos esforçado para ajudar esse mercado a crescer e se desenvolver”, completou, durante painel no estande da B3 na Febraban Tech 2025, evento que acontece em São Paulo e tem a participação dos grandes players do mercado financeiro do país.

O painel contou com a presença de Aparecido Lima, diretor de operações da Terra Investimentos, e de Adalbero Cavalcante, CEO da RB Investimentos. Na conversa, os especialistas discutiram a necessidade de avanços no mercado secundário de renda fixa, em que os diferentes atores do mercado negociam entre si títulos emitidos por empresas ou pelo governo.

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“Os números falam por si, mercado primário tem crescido com força e é necessário que o secundário acompanhe. Hoje, o secundário funciona bem, mas é concentrado em poucas casas”, afirmou Adalbero Cavalcante, CEO da RB Investimentos.

Entretanto, há desafios para desenvolver o mercado secundário de renda fixa. Ao contrário do mercado de ações, em que as negociações acontecem de forma eletrônica na bolsa do Brasil, o mercado de renda fixa ainda é concentrado no chamado mercado de balcão, em que as negociações muitas vezes são acordadas entre agentes por telefone ou por chat, sem uma plataforma que concentre as ofertas.

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De acordo com dados apresentados no painel, o mercado de títulos públicos federais hoje tem um estoque de R$ 7,2 trilhões. “No mercado secundário, temos uma média de negociação de R$ 100 bilhões por dia, sendo que 95% disso é no balcão”, disse Bianchini. “Isso traz um primeiro grande desafio, que é facilitar que essa volumetria venha para um ambiente eletrônico, que proporciona mais eficiência”, completou.

“É um mercado tradicionalmente de balcão, de grandes lotes”, comenta Aparecido Lima, diretor de operações da Terra Investimentos. Segundo ele, a possibilidade de customização desses lotes é importante, mas é possível avançar em temas como pós-negociação e back office, para ganhar agilidade. “Integrar todos os processos de forma única, organizada, pode trazer agilidade no sistema como um todo”, disse.

Para atender a essa demanda, a B3 trabalha no desenvolvimento de ferramentas para esse mercado, como a plataforma Trademate, sistema para a negociação eletrônica de ativos de renda fixa que acumula um volume total próximo de R$ 4,7 trilhões em papéis públicos negociados no mercado secundário desde seu lançamento em agosto de 2023.

No crédito privado, os últimos anos também foram de crescimento significativo. “Temos batido recorde de emissão de renda fixa. As diferentes oportunidades de financiamento fizeram com que esse mercado escalasse muito”, afirmou Bianchini. Em maio, o mercado alcançou quase R$ 2 trilhões em estoque de debêntures, CRIs e CRAs. “Tivemos um primeiro quadrimestre mais acelerado do que ano passado, o que indica que vamos ter um forte no crédito privado”, disse Bianchini.

Em paralelo às emissões de novos títulos de dívida, o mercado secundário também vem ganhando tração. Em 2024, o volume médio diário negociado foi de R$ 4 bilhões. Nos quatro primeiros meses desse ano, o volume já chega a quase R$ 4,5 bi. “Ainda que a gente tenha desafios, obstáculos operacionais significativos, temos visto a dinâmica de negociações”, disse Bianchini.

“Temos batido recorde mesmo com os juros altos, que acabam afastando muita gente do mercado. Muitas operações não acontecem por causa desse nível de juro, e do lado do investidor, muitas vezes não há demanda, por causa do spread muito baixo”, disse Cavalcante. “Se juros forem para patamar mais equilibrado, o mercado primário vai crescer muito mais e o secundário precisa crescer tanto quanto”, completou.

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