Renda fixa

Queda da Selic e eleições no radar: para onde vai a renda fixa em 2026?

Mudanças de juros impactam diretamente ativos de renda fixa e devem nortear os investidores no ano que vem

Em 2025, os investidores viram a taxa Selic chegar em 15% ao ano, e permanecer nesse patamar, o que colocou ainda mais foco nos ativos de renda fixa num País já marcado por histórico de juros altos. Mas para 2026, o que esperar para essa classe de investimento, em meio a perspectivas de um afrouxamento monetário, e ainda com eleições no caminho? 

De acordo com especialistas, o grande fator que deve dar rumo à renda fixa no próximo ano são as prováveis quedas na Selic – segundo o Boletim Focus, a taxa básica de juros deve chegar a 12,25% ao ano ao fim de 2026, mas há analistas que projetam uma queda maior, até 12% a.a. 

Para Rafael Costa, fundador da Cash Wise Investimentos, mesmo com a queda da Selic, o juro real (diferença entre a Selic e a inflação) deve seguir alto, o que beneficia a categoria. “Historicamente, quando o juro real permanece alto, o investidor acaba tendo uma posição relevante em renda fixa porque prefere não tomar risco”.  

Títulos públicos 

Dentro da categoria de renda fixa, os títulos públicos são boa parte das opções aos investidores, e segundo Valter Police, planejador financeiro da Droom Investimentos, caso a queda nos juros realmente ocorra, produtos prefixados ou mesmo indexados à inflação (IPCA+ juros) podem se beneficiar muito.  

Os prefixados também são destacados pelo relatório do BTG sobre onde investir em 2026. No documento, os analistas do banco afirmam que “os títulos prefixados com vencimentos de dois a três anos devem ser os principais beneficiários do movimento de fechamento da curva de juros (DI), refletindo a expectativa de flexibilização monetária e a melhora da percepção de risco macroeconômico”. 

Antônio Sanches, analista de research da Rico, diz que estudos apontam que o melhor momento para comprar um ativo prefixado são os que antecedem a queda dos juros. “Isso significa que esse pode ser um momento para o investidor que ainda não tem prefixado na carteira adicionar mesmo considerando que os juros já reduziram”. 

Sanches ressalta ainda a força dos ativos IPCA+, principalmente no longo prazo, dadas as características macroeconômicas do Brasil e a proteção ao poder de compra do investidor.  

O BTG também destaca os títulos NTN-Bs (IPCA+) de vértices intermediários a longos, já que estes oferecem proteção contra choques inflacionários e carrego real elevado. 

Crédito Privado 

Na categoria de crédito privado, o analista da Rico afirma que vale uma atenção especial do investidor em relação aos spreads de crédito, que ele vê como bastante apertados. O spread de crédito é diferença entre a taxa de retorno de um título de renda fixa privada e a taxa de retorno de um título público federal de mesmo prazo ou de durations equivalentes.

“Em alguns ativos, o spread é até negativo – você recebe menos do que se investisse no título do Tesouro, que deveria ser o ativo livre de risco dessa classe”.  

“Isso acontece por diversos motivos, mas pode ser que isso mude um pouco com a redução da Selic, que tende a favorecer o spread, a aumentar essa distância. Isso pode mudar ao longo de 2026, mas no atual momento é preciso muita seletividade para os ativos de crédito privado, porque você está sendo pouco recompensado para correr risco nesses ativos, de modo geral”, completa ele. 

Renda fixa e eleições 

Para os especialistas, o impacto das eleições (com foco na presidencial) também é relevante para os investimentos em renda fixa. Rafael Costa destaca que anos de eleição são anos bastante voláteis, o que mexe na curva longa de juros, mas “que isso acaba favorecendo os ativos de maior qualidade”. 

Já Sanches diz que o importante, mais do que o resultado da eleição em si, são quais serão os projetos e as discussões para sobre situação fiscal do país nos próximos anos. “Quais vão ser os planos para a gestão fiscal é algo que está bastante em pauta, não só no Brasil, mas em todo o mundo”.  

“Isso deve ser um tema bastante discutido na eleição e a perspectiva de um candidato que tenha um compromisso fiscal pode melhorar a curva de juros, com a expectativa de juros mais baixos à frente. Um cenário em que é percebido que o candidato vencedor não tenha muita responsabilidade fiscal pode piorar principalmente as taxas de longo prazo”, completa. 

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