Por que as taxas do Tesouro Direto variam?
Nas últimas semanas, os títulos do Tesouro Direto prefixados e indexados ao IPCA tiveram grande volatilidade nas taxas. Entenda o que influencia esse movimento
Títulos do Tesouro Direto Prefixado oferecem juro superior a 11% ao ano. Taxas do Tesouro IPCA+ superam os 6% de rentabilidade real. Se você frequenta os sites de investimentos e finanças pessoais, provavelmente se deparou com uma manchete como essas nas últimas semanas. Houve dias em que a flutuação das taxas era tão grande que o próprio Tesouro tirou do ar as opções prefixadas e atreladas à inflação. Esse movimento acontece ao longo dos dias úteis – mesmo que o Copom não tenha alterado as taxas de juros naquela data. Afinal, o que influencia esses movimentos?
“Com relação ao Tesouro Prefixado e ao Tesouro IPCA+, há diversas razões relacionadas às condições econômicas e financeiras do mercado que influenciam as taxas”, explica Arnóbio Durães, professor da FIA Business School.
Elaine Borges, professora doutora de Finanças da USP, lembra que no começo do ano, o IPCA+ oferecia taxas reais em torno de 5,5%. “Um tempo atrás, chegou a pagar 6,29%, uma taxa altíssima para o Tesouro Direto”, conta. “Isso acontece porque a inflação caiu, mas a Selic não acompanhou a queda [na mesma proporção]”, explica. Ou seja, embora a taxa básica de juros da economia brasileira esteja menor do que no início do ano, a diferença entre ela e a taxa de inflação aumentou.
Segundo a professora, os três indexadores do Tesouro Direto (IPCA+, prefixado e pós-fixados) tendem a estar equivalentes no momento em que são oferecidos. “Então, se a Selic está alta e a inflação baixou muito, as taxas prefixadas ficam exageradamente altas”.
Expectativas do mercado influenciam o Tesouro Direto
Além disso, as taxas oferecidas no Tesouro Direto têm relação com as expectativas do mercado sobre a Selic e a inflação no futuro.
“O prefixado reflete em parte a expectativa do mercado para a inflação, e havia uma inflação esperada, que mudou por conta da situação do Rio Grande do Sul”, afirma Durães. “Se o mercado espera uma inflação mais alta, a rentabilidade [do prefixado] tende a subir para compensar perda do poder de compra”, diz.
Já a taxa predeterminada do Tesouro IPCA+ é muito influenciada pela expectativa de inflação e de Selic no futuro. “Se a inflação esperada aumenta, a taxa do IPCA+ tende a subir, uma coisa é ligada à outra”, explica o professor. Da mesma forma, se a expectativa de Selic cai, a taxa do IPCA+ também tende a cair, ainda que não na mesma proporção.
O professor da FIA explica também que as taxas oferecidas pelo Tesouro Direto são influenciadas pelo risco país. “Se há uma percepção de maior risco de crédito, o investidor passa a exigir uma taxa mais alta” do TD, explica.
A oferta e demanda pelos títulos também causa flutuações nas taxas, assim como a política fiscal do governo. “A saúde fiscal vai impactar diretamente a expectativa dos investidores e pode gerar preocupações sobre a capacidade do governo honrar suas dívidas no futuro”, diz Arnóbio Durães.
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