Tesouro direto

Tesouro Selic, Prefixado, IPCA+, Renda+, ou Educa+? Saiba as diferenças e como escolher o melhor para você

Vencimento, taxa de retorno, aportes, e a forma como serão pagos os rendimentos são alguns pontos para a escolha do título do Tesouro Direto

Quem pensa em investir no Tesouro Direto pode se deparar com nomes e siglas difíceis de entender. Há o Tesouro Selic, Prefixado, o IPCA+, RendA+ e Educa+. Esses produtos têm características específicas para atender a diferentes perfis e metas de investimentos. Conhecer os detalhes permite a escolha mais apropriada para cada objetivo financeiro.

Os títulos do Tesouro Direto trazem liquidez diária, o que significa que você pode resgatar o valor aplicado a qualquer momento, mesmo antes do vencimento do título. Eles também são conhecidos pela sua segurança. Quem investe em Tesouro Direto está emprestando dinheiro para o governo em troca dos rendimentos. Como os papéis estão atrelados ao estado brasileiro, este investimento é considerado um dos mais seguros no mercado de renda fixa

Em um cenário de alta da Selic, investir no Tesouro traz rendimentos ainda mais atrativos.

Tipos de títulos do Tesouro Direto

Há cinco tipos de investimento no Tesouro Direto. Três deles têm características que variam em relação às regras de rentabilidade e outros dois se diferem em relação ao pagamento deste rendimento. 

Tesouro Selic (LTF)

A Letra Financeira do Tesouro (LTF), ou só Tesouro Selic, é um título público com rentabilidade diária atrelada à taxa Selic, a taxa básica de juros. Ao investir no Tesouro Selic com prazo de vencimento em 2027, isso significa que o dinheiro irá render o percentual da taxa Selic de cada dia até o final do prazo. Por causa dessa característica, este é o produto com menor risco de perda de investimento quando é preciso fazer o saque antecipado.

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) sinaliza que vai manter os juros em alta, o Tesouro Selic passa a ter um rendimento mais atrativo.  

“A vantagem deste título é a de ser menos arriscado em períodos de alta volatilidade econômica e é recomendado para investidores com objetivos de curto prazo. A desvantagem é que o rendimento pode ser inferior ao de outros títulos em um cenário de Selic baixa”, afirma o economista Allan Couto.

Tesouro Prefixado (LTN)

A Letra do Tesouro Nacional (LTN), ou só Tesouro Prefixado, tem rentabilidade prefixada já definida no momento da compra do papel. Este rendimento fixo não varia dia a dia. Caso o investidor decida sacar o recurso antes do vencimento do título, ele poderá perder dinheiro caso aquele papel esteja sendo vendido por um preço menor do que o da aquisição. Nestes casos, o melhor é esperar o vencimento do título para garantir a rentabilidade prometida no momento da compra.

Com a alta da Selic, os papéis do Tesouro Prefixado passaram a pagar cerca de 15% com vencimentos previstos para 2027, 2031 e 2035. Esta estratégia de investimento só terá perdas se, ao fim destes prazos, a Taxa Selic tiver variado acima deste percentual.

É um produto ideal para quem prefere previsibilidade – mas até o vencimento, o valor do título poderá oscilar a depender da marcação a mercado.

“Se tenho um objetivo com data e montante definido, este investimento é uma forma de ‘garantir’ o retorno esperado, sem qualquer oscilação”, explica Senna. 

Mas é preciso atenção ao mercado. “Em momentos de alta da taxa básica de juros, a Selic, o risco estará em ‘travar’ uma taxa que no futuro poderá, ou não, ser maior que a contratada. Geralmente os objetivos são de médio prazo”, pondera.

Tesouro IPCA+ (NTN-B)

Este papel é também conhecido pela sigla NTN-B, que significa Nota do Tesouro Nacional série B, específica para títulos atrelados à inflação. Ele tem rendimento híbrido: está atrelado ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, mais um percentual já conhecido no momento da compra do título (prefixado). Isso garante que o poder de compra do valor investido seja mantido.

Quem optar por investir no Tesouro IPCA+ 2029, por exemplo, terá o rendimento da variação da inflação consolidada desde o momento da compra até a data do resgate, mais 7,71%.

Este produto é ideal para quem busca proteção contra a inflação no longo prazo, mas o preço pode ter variação caso o investidor precise vender o título antes do vencimento.

“Por conta dos prazos de vencimento mais alongados, os títulos IPCA+ têm mais características de investimentos para uma aposentadoria, ou ainda, objetivos que demandam mais tempo. Como dentro do seu componente existe a proteção contra a inflação, ele auxiliará muito nesse propósito de longo prazo”, afirma Cintia Senna, sócia executiva da DSOP Educação Financeira.

RendA+ (NTN-B1)

Este produto foi pensado pelo Tesouro Nacional como uma alternativa aos brasileiros que querem investir de olho na aposentadoria ou pensam em ter uma renda extra. O rendimento é semelhante ao IPCA+, porque é composto pela variação da inflação mais um percentual prefixado conhecido no momento da compra. Por isso, ele é também conhecido pela sigla NTN-B1, dada para as Notas do Tesouro Nacional série B, específicas para títulos atrelados à inflação.

Mas este produto se difere na forma do recebimento. Ao fim do contrato, o investidor vai receber 240 parcelas mensais, que se iniciam na data de conversão e terminam na data de vencimento. Há opções de títulos com data de conversão a partir de 2030 até 2065, em intervalos de cinco anos.

No Tesouro Renda 2045, por exemplo, a rentabilidade é do IPCA do período mais 7,15% ao ano. A data de conversão é 2045 e o vencimento é 2064. Isso significa que, em 2045, o Tesouro Nacional passa a pagar as 240 parcelas do valor referente à variação da inflação mais o rendimento de 7,15% ao ano.

Essa é uma opção interessante para quem precisa de renda extra ou quer fluxo de caixa, seja pensando na aposentadoria ou não. A desvantagem, explica Couto, é que o montante recebido ao final pode ser menor do que um título que não faz pagamentos periódicos.

Educa+ (NTN-B1)

Assim como o RendA+ foi pensado para a aposentadoria, o Educa+ veio para ajudar o investidor a planejar a educação dos filhos. As características deste investimento são semelhantes ao IPCA+, porque ele paga o rendimento da inflação mais um percentual pré-determinado.

O pagamento começa a acontecer na data de conversão, e segue sendo feito mensalmente ao longo de cinco anos, o que ajuda a pagar a mensalidade da escola ou da faculdade. 

Há produtos com vencimentos anuais desde 2026 até 2042. A data de conversão é sempre o ano que vem atrelado ao nome do título. A data do vencimento é quando será feito o último pagamento.

Foco na estratégia

Quem quer investir no Tesouro Direto deve observar com maior atenção os detalhes que vão além dos nomes dos títulos. 

O mais importante, segundo o planejador financeiro e especialista em mercado de capitais Idean Alves, é considerar o prazo de vencimento, a taxa de retorno, os aportes, e a forma como serão pagos os rendimentos, para que o dinheiro esteja disponível quando for preciso. Isso torna possível diversificar e buscar o melhor retorno em cada categoria e prazo.

Assim, é possível usar investimentos do Tesouro Selic, Prefixado ou IPCA+ para se aposentar ou pagar a educação dos filhos, por exemplo. Mas, neste caso, o investidor precisará se programar para escolher outro produto financeiro para reinvestir o valor recebido no vencimento do título e garantir a continuidade da renda a longo prazo, aconselha Cintia Senna.

Por isso, é importante saber o objetivo daquele investimento, quando o dinheiro deverá ficar disponível e não resgatar o valor de forma antecipada, aponta Senna.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.