Entenda como são formados os preços das ações no mercado financeiro
Lei da oferta e demanda influencia os preços, mas há diferentes formas de estimar o valor intrínseco de uma ação
Por Rogério Piovezan
Diferentes fatores podem influenciar a formação de preços de uma ação no mercado de capitais. A lei da oferta e demanda, segundo especialistas, é um dos principais componentes desse cálculo. Há ainda outras variáveis atreladas ao preço, como cenário geopolítico e mudanças na política econômica de um País, que podem mexer com as expectativas dos investidores.
O que gera o preço?
Segundo o professor de finanças Arthur Vieira de Moraes, essa pergunta não tem uma resposta definitiva. Isso porque os fatores que influenciam na formação de preço são diversos e, para ele, pode ser arriscado dizer qual fator tem maior ou menor peso na composição do valor.
“Fundamentalistas vão dizer que o que influencia a formação de preços são as questões econômicas e a perspectiva de resultados de cada empresa. Portanto, fatores sistêmicos (economia) e específicos (resultado das empresas). Técnicos (grafistas) vão dizer que os preços são formados essencialmente pela expectativa das pessoas, que repetem padrões ao longo do tempo”, afirma.
Então, como saber o preço da ação?
Ao entrar no home broker — página principal em que aparecem as ações na tela em tempo real —, seja pelo aplicativo da corretora ou pelo banco, o investidor se depara com diferentes ativos financeiros sendo negociados e, após escolher um, ele passa para o que se chama “livro de oferta”, organizado pela B3.
“O que faz os preços oscilarem é a oferta e demanda. Tem vários fatores que afetam esse preço. O que vai definir o preço, na prática, é a quantidade de pessoas querendo vender ou comprar”, destaca Marcos Piellusch, professor de finanças na FIA Business School.
No lado da compra, explica o professor, a fila funciona a partir da ordem com maior preço para o menor. Por exemplo, uma ordem de compra a R$ 22,73 estará em primeiro lugar, e outras a R$ 22,50 ou R$ 21 seguem logo atrás.
“Do outro lado, tem quem queira vender. Quem vai ter preferência é quem vende mais barato, como quem vende a R$ 22,80, por exemplo”, diz. Neste caso, quem estava com uma ordem de venda a R$ 22,73 tem preferência na fila de quem tenha manifestado uma ordem de R$ 22,80.
Quanto vale uma ação?
Existem algumas contas que podem ser feitas para que o investidor estime por conta própria se ele considera que aquele preço negociado é o justo. Contudo, outros fatores podem turvar esse ambiente. “Quando se faz a conta, não necessariamente a ação vai valorizar ou desvalorizar. Pode ser que tenha até um efeito comportamental. Outros fatores estão em jogo. Até a conta fica em segundo plano quando há uma euforia muito grande ou um pânico muito grande [no mercado]. Talvez esse efeito seja exacerbado”, afirma Piellusch.
Uma saída é encontrar o valor intrínseco da ação. “Se estou comprando a R$ 22,73, tenho que saber se vale mesmo pagar esse preço. O que define esse valor? É o quanto essa ação pode proporcionar lucro para mim no futuro. Uma forma de calcular o valor intrínseco da ação é ver quanto de dividendo vou receber no futuro.”
Para fazer o cálculo, o professor indica dividir o preço do dividendo pela rentabilidade que o investidor gostaria de ter. No exemplo hipotético, considere uma empresa que paga R$ 2,50 em dividendos por ano e a rentabilidade requerida é de 15% ao ano, levando em conta o uma projeção de que os dividendos aumentem 4% ao ano. Com isso, chega-se ao valor justo da ação : 2,5/(0,15-0,04)= 22,73
Outra maneira de se calcular seria pelo valuation. “Outra forma não seria pelo dividendo, mas sim pelo quanto vale a empresa inteira. Vamos supor que você queira fazer um investimento. Você sabe que [a empresa] vai ter um fluxo de caixa de R$ 100 mil, mas só daqui um ano. Vamos supor que queira a rentabilidade de 15% mais os R$ 100 mil. Esse valor é dividido pela rentabilidade, 15%. Esse é o fluxo de caixa descontado, independente do que a empresa vai te pagar de dividendo”, explica Piellusch.
O professor ainda alerta que é preciso cautela para combinar outras técnicas de análise. “Pode ser que aquela empresa tenha algum problema, pode ser que ela não tenha essa projeção otimista que você tenha feito. Isso se baseia na expectativa dos investidores. Essa conta depende muito do quanto cada um espera do futuro de cada empresa.”
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