Ações

Resultado do IPCA de agosto – o que é e como ele interfere em seus investimentos

Principal índice da inflação no Brasil ficou em -0,36% e especialistas apontam pontos importantes do cenário econômico

Corredor de supermercado. Foto: AlfRibeiro - Adobe Stock
IPCA é o principal indicador de inflação no país. Foto: AlfRibeiro - Adobe Stock

Depois de um cenário que não se via há muito tempo no mês de julho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) voltou a ficar abaixo de zero no mês de agosto, em -0,36%. O índice que é o principal indicador da inflação no Brasil apresentou deflação mais uma vez, apesar de menor que no mês anterior, de -0,68%, ainda puxada pela queda nos combustíveis. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 9, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No ano, a inflação acumulada é de 4,39% e, nos últimos 12 meses, de 8,73%.

Na nova queda, o setor de transportes foi o que mais se destacou entre as baixas (-3,37%), influenciado pela queda no preço dos combustíveis, que caíram 10,82% no mês de agosto. Preços de passagens aéreas (-12,07%) e energia elétrica residencial (-1,27%) também colaboraram para o resultado negativo do mês.

Por outro lado, o grupo de saúde e cuidados pessoais puxou a inflação para cima, com um aumento de 1,31%, assim como o setor de vestuários que subiu 1,69%. No supermercado, o grupo alimentação e bebidas desacelerou a alta, mas ainda subiu 0,24% no mês.

O que a nova queda do IPCA significa?

Para Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital, o novo cenário de deflação, apesar de não usual, não chega a ser surpreendente. Ele afirma que o número veio muito próximo do esperado pelo mercado, sendo influenciado pela queda nos combustíveis, por conta do corte de impostos em julho, mas também pela queda do preço do petróleo internacional, que a Petrobras vem repassando.

O especialista afirma que apesar da nova queda, ainda há de se olhar com cuidado para a inflação, já que áreas importantes dos setores de serviço seguem com preços em alta. Porém destaca a desaceleração da área de alimentos, “até recentemente ela vinha subindo bastante. Acho que essa é a maior novidade do índice, apesar de já esperada”.

Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital, tem pensamento parecido com Costa, e ressalta a preocupação com o setor de serviços pressionando a inflação. “É o dado mais preocupante que a gente tem agora em termos inflacionários, é uma coisa que coloca pressão no curto prazo e que pode continuar sustentando um nível de inflação um pouco alto. Em 12 meses a gente ainda está rodando na casa dos 10%, e isso é muito alto.

Cenário para juros e investimentos

Mas o que todos esses dados e avaliações interferem nos juros (Selic) e nos investimentos? Segundo os especialistas, não muito, o resultado já esperado e na linha do último não muda o cenário. “Acho que o Banco Central ainda pode subir o cordão, com um momento de 25pp nessa próxima reunião ou ficar parado, que são as opções que ele está deixando na mesa. E não acho que esse número vai determinar nenhuma das duas coisas”, afirma o economista-chefe da Alphatree.

Já o economista-chefe da RPS Capital acredita que os juros devem se manter independente do resultado do IPCA, mas que o ciclo de alta está no fim. “Acredito que os juros podem ter uma estabilidade, o COPOM já pode ter encerrado o ciclo, ele já fez um ajuste muito alto”.

Para os investimentos, embora Costa afirme que o cenário mude muito as perspectivas tanto para renda fixa, quanto para renda variável, Candido vê o pico da alta de juros como um bom momento para a bolsa. “A renda fixa continua muito atrativa, com bons prêmios, mas no geral a gente começa a pensar em um cenário mais positivo para a bolsa com juro parando de subir”.

Na última semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto afirmou que não pensa em queda de juros no momento, e que a inflação ainda precisa ser combatida.