BDRs: o que são e como investir em ações de empresas estrangeiras na B3
Saiba como comprar papéis de companhias globais sem ter uma conta fora do Brasil
Quem tem ações de empresas brasileiras já deve ter se perguntado se é possível comprar um pedacinho, ainda que pequeno, de uma gigante global, como Google ou JP Morgan. A boa notícia é que, mesmo sem ter uma conta no exterior, é possível investir em empresas internacionais por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
BDRs não são ações, propriamente, mas certificados de ações emitidos por empresas estrangeiras que permitem aos brasileiros compor suas carteiras com esse tipo de papel.
Assim como no caso de ações de empresas nacionais, o investidor pode ganhar com a valorização do ativo e com a distribuição de dividendos. Outra oportunidade de retorno é com a valorização do dólar em relação ao real, já que os BDRs são negociados no mercado internacional, mas sua cotação é na moeda nacional.
BDRs: confira os papéis mais negociados e com melhor desempenho no ano
Negociados na B3, os BDRs são uma alternativa para diversificar investimentos e reduzir riscos inerentes ao cenário nacional, por exemplo. E, como dependem de uma instituição brasileira (bancos ou o Banco B3), não é preciso se preocupar com questões complexas como remessas ou tributação internacional.
A opção é relativamente recente para pessoas físicas. Até o final de 2020 só investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investido) tinham acesso aos BDRs.
Como funciona?
A criação de um BDR começa quando um banco brasileiro compra ações de empresas no exterior e as deixa bloqueadas, sob a custódia de uma instituição estrangeira. Depois, a instituição brasileira registra um plano na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para vender esses recibos aos investidores nacionais.
Quais os tipos de BDRs disponíveis?
O investidor que está procurando investir em companhias globais vai se deparar com dois tipos de BDRs disponíveis no mercado brasileiro: patrocinados e não-patrocinados.
BDRs patrocinados
Um dos tipos de BDRs que podem ser acessados pelos brasileiros são os BDRs patrocinados. Os patrocinados são aqueles em que uma empresa contra um banco brasileiro para que seus papéis sejam disponibilizados ao mercado brasileiro, negociados na B3.
Entre os BDRs patrocinados, há três níveis, cada um com exigências distintas:
Nível I
As empresas que emitem as ações não precisam ser registradas na CVM, mas o banco brasileiro fica responsável por divulgar no Brasil todas as informações que a companhia torna públicas em seu país de origem, além de fatos relevantes, como reuniões deliberativas de acionistas e assembleias.
O BDR patrocinado Nível I pode ser negociado apenas no mercado de balcão não organizado – sem a intermediação da B3 – ou, então, por seções da bolsa dedicadas a esse tipo de ativo. Se houver oferta pública, ela também está limitada a apenas 50 investidores.
Estão nessa categoria as empresas Inter Platform Inc., denominação do Banco Inter na Nasdaq, a fintech StoneCo Ltd, entre outras. Vale a pena observar que essas empresas são brasileiras, mas optaram por fazer seu IPO fora e negociam no Brasil apenas via BDR.
Nível II
Nessa categoria, a empresa estrangeira emissora de ações deve ser registrada na CVM e os negócios podem acontecer no pregão da bolsa ou em balcão organizado – negociações entre instituições financeiras, como bancos e corretoras, envolvendo títulos e valores mobiliários que não fazem parte da bolsa de valores.
As empresas emissoras, por sua vez, devem seguir as mesmas regras de transparência obedecidas por companhias brasileiras registradas como Categoria A pela CVM, aquelas de grande porte e bem conhecidas, como Vale e Petrobrás.
As ofertas públicas de BDR Nível II são caracterizadas pelo chamado “esforço restrito” – só é permitido um número limitado de investidores, como nas ofertas públicas de Nível I.
Nível III
São idênticos aos de Nível II, com uma única diferença: as ofertas públicas são amplas, permitindo grande número de investidores. Fazem parte desse grupo a G2D Investments Ltd, plataforma global de Venture Capital, e a PPLA Participations LTD, empresa de investimentos.
BDRs-não patrocinados
Nos BDRs não-patrocinados, a iniciativa de disponibilizar recibos não parte da empresa emissora, mas do banco brasileiro. É nessa categoria que se enquadra a maior parte dos BDRs disponíveis na B3 – inclusive de empresas bem conhecidas, como Amazon, Apple e Microsoft.
Quais as vantagens e como investir?
Para uma pessoa física, não é complicado investir em BDR – e a B3 tem um curso rápido e gratuito para quem está interessado em começar. No passado, quando essa modalidade de investimento não existia, o investidor era obrigado a abrir conta em uma corretora fora do país e fazer remessas internacionais.
Além disso, os BDRs são negociados em reais, tornando o processo mais barato e menos burocrático. Outra possibilidade de investir nesse tipo de ativo é comprar uma cota de um fundo que investe em BDRs. Assim, haverá um gestor dedicado a acompanhar o desempenho da carteira.
Assim como o mercado acionário, porém, os BDRs estão sujeitos a oscilações e podem registrar perdas – por isso, é preciso ter alguma tolerância a risco e alongar o prazo dos investimentos.
Outro ponto de atenção é que, como são empresas internacionais, pode ser mais difícil para um investidor brasileiro acompanhar notícias sobre elas e sobre os mercados local e global em inglês ou outra língua estrangeira.
Para investir em BDRs, o primeiro passo é ter conta aberta em alguma corretora ou banco de investimentos. Depois, é necessário checar seu perfil de investidor e ver se esse tipo de investimento está disponível para você e se atende às suas expectativas.
Caso já seja um investidor e precise mudar de perfil, converse com um especialista de sua corretora para conseguir mais orientações. Uma vez decidida opção por esse tipo de papel, acesse seu home broker e escolha o ticker do BDR para emitir uma ordem de compra.
No site da B3, é possível saber os tickers dos BDRs patrocinados e dos BDRs não-patrocinados.
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