Câmbio

Dólar sobe mais de 2% e supera R$ 5,50

Câmbio reflete aumento do risco fiscal e tensões entre China e Estados Unidos

O dólar opera em alta de mais de 2% e se aproxima dos R$ 5,50 no pregão desta sexta-feira (10). Segundo analistas, o movimento é reflexo de incertezas domésticas e volatilidade externa. “No âmbito local, o real começou o dia pressionado por incertezas fiscais, na esteira da não aprovação da MP alternativa ao IOF, o que pressiona a meta fiscal de 2026, que é de superavit de 0,25% do PIB”, afirma André Valério, economista sênior do Inter.

Além disso, os investidores repercutem a política de crédito imobiliário, anunciada pelo governo nesta manhã. A medida, segundo Valério, não foi bem recebida.

Paulo Monteiro, head da Gravus Capital, acrescenta: “Reportagem d’O Estado de S. Paulo apontou que o pacote de medidas especulado para 2026 poderia somar R$ 100 bilhões, o que deixa o mercado apreensivo quanto ao impacto fiscal”.

“O governo teve uma perda importante nessa semana já que não conseguiu aprovar a MP do IOF. Então, eles já têm um problema de como suprir o rombo fiscal”, diz Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos. Enquanto o governo não apresenta uma proposta, o mercado fica à mercê de boatos sobre de onde virão os recursos, diz ele. 

No cenário externo, a origem das incertezas é a China. O presidente americano Donald Trump disse, em sua rede social, avaliar novas medidas contra a China, devido a sua falta de cooperação em relação aos metais de terras raras, ameaçando impor novas tarifas. Isso fez o yuan perder força, o que pressiona o real brasileiro.

“Com a China voltando a figurar no foco de Trump, vimos um movimento de desvalorização de commodities, afetando as moedas mais sensíveis à exportação desses itens, fazendo com que o real operasse em linha com o restante das moedas emergentes”, diz Valério.

“O ouro, por sua vez, renovou máximas históricas, refletindo a busca por refúgios em meio à instabilidade. Esse contraste entre o desempenho do DXY — que recua — e a valorização do dólar frente ao real reforça que o movimento não é de “força da moeda americana”, mas de fuga para dólares já investidos nos EUA”, afirma Paulo Monteiro, head da Gravus Capital.

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