Criptoativos

Educação e regulação são principais entraves para institucionalização das criptos, dizem executivos

Palestrantes também destacaram que é hora de falar menos da tecnologia por trás das criptos e mais dos produtos

O mercado de criptomoedas evolui cada dia mais, mas ainda existem alguns obstáculos a serem superados para que os ativos digitais passem a fazer parte do dia a dia do brasileiro. Para os executivos que participaram do painel sobre criptomoedas durante a Febraban Tech 2025, a falta de conhecimento sobre o tema e a necessidade de avanços em termos de regulação ainda são os principais desafios.

Valérie Cadier Adem, diretora global de marketing da Hashdex, entende que “o principal entrave ainda é a falta de conhecimento, resistência à inovação e uma geração que está na liderança e que tem dificuldade com tecnologia, de entender como incorporar cripto nos negócios, no dia a dia das pessoas”.

Para Guto Antunes, head da Itaú Digital Assets, a principal forma de mostrar às instituições financeiras que a adoção das criptomoedas é um caminho sem volta é ouvir as demandas dos clientes. “A primeira conversa que temos com um executivo do Itaú é levando o olhar do nosso cliente. A demanda para entrar nesse mercado não veio por crença filosófica, veio da ótica do cliente”, disse. Para o executivo, “a humildade de sentar e ouvir [o cliente] é o principal ponto de educação”.

Julierme de Souza, gerente-executivo de TI do Banco do Brasil, conta que o avanço dos ativos digitais tornou o assunto inevitável até mesmo para os mais céticos. “O nosso desafio foi ainda maior que o do Itaú. A gente tem um problema interno de cultura, de explicar o que é isso. Num primeiro momento, o assunto cripto foi abandonado. Depois do Drex, tivemos um start de entender o que estava acontecendo”, comentou.

Assim como no caso do Itaú, Souza comentou que, no Banco do Brasil, o caminho foi mostrar como esse tema poderia impactar os negócios da empresa. “A estratégia só é bem comunicada quando falamos que os clientes estão tirando dinheiro para colocar em corretora de cripto e mostramos o potencial de receita”, completou.

Souza também acredita que, quando a regulação avançar, será possível ter mais clareza sobre as oportunidades de ofertas aos clientes. “Temos dificuldade de entender o que a regulação nos permite incorporar e adotamos postura de cautela. Estamos num momento em que diversos pontos da regulação estão convergindo para termos um ambiente mais estável. Quando tivermos uma clareza maior, vamos destravar”, afirmou o executivo.

Ainda sobre regulação, Silvio Pegado, diretor da Ripple para a América Latina, elogiou a forma como as instituições brasileiras estão trabalhando. “Ter um regulador ativo e não passivo faz toda diferença. O Banco Central e a CVM são ativos, fazem sandbox, fizeram o Drex, chamam os bancos. Em outros lugares, como Chile e Colômbia, não existe uma clareza, uma motivação”, disse.

Da tecnologia ao produto cripto

Para os palestrantes, apesar dos desafios em termos de educação, o debate não deve ser mais em torno da tecnologia, mas o momento deveria ser de falar de produtos. “Agora que passamos do ponto de explicar a tecnologia, temos que entender qual é o produto mais adequado para cada cliente”, comentou Guto Antunes, da Itaú Digital Assets.

Em sua fala, Pegado, da Ripple, fez uma comparação de que, hoje em dia, as pessoas não querem mais saber como funciona o Pix ou como a tecnologia permite com que as pessoas usem a internet. Elas simplesmente acessam e usam. Para ele, chegará um momento em que o uso das criptomoedas estará nesse patamar.

Julierme de Souza, do Banco do Brasil, também entende que as conversas precisam avançar. “Está na hora de falarmos da proposta de valor e não da tecnologia. Precisamos falar do que podemos entregar para o cliente”, concluiu.

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