Memecoins: entenda o que são, seus riscos e qual sua ligação com a Solana
Criptomoedas conhecidas como memecoins não costumam ter proposta de valor e nascem de movimentos na internet
Conhecidas dos amantes de criptomoedas, as memecoins, de vezes em vezes, ganham o noticiário de investimentos. Porém, sua origem e definição é nebulosa para aqueles que não estão inteiramente ligados às atualidades das criptos.
O que são as memecoins
As memecoins são criptomoedas criadas inspiradas em memes ou tendências da internet, como personagens virais ou movimentos culturais em alta na rede.
Diferente de projetos cripto tradicionais, que possuem uma proposta de valor clara (como contratos inteligentes ou privacidade), as memecoins geralmente nascem como brincadeiras ou sátiras, explica Matheus Gutierrez, analista da Levante Investimento, mas algumas acabam ganhando adoção massiva e até utilidade dentro de comunidades.
“Apesar de começarem como brincadeiras, algumas memecoins conseguem criar comunidades engajadas, e seu crescimento depende do engajamento em redes sociais dessa comunidade”, destaca ele.
Exemplos famosos incluem o Dogecoin (DOGE), baseado no meme do cachorro Shiba Inu, e o Shiba Inu (SHIB), que ganhou popularidade por se posicionar como uma “Dogecoin Killer”. Ambas já viram seus valores dispararem por tweets de figuras como Elon Musk.
Mais recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump lançou uma memecoin com seu nome antes da cerimônia de posse em 20 de janeiro. Batizada de TRUMP, o criptoativo teve valorização de mais de 40.000% em dois dias.
Como são criadas
De acordo com Francis Wagner, head de criptomoedas da Hurst Capital, as memecoins são emitidas em plataformas de blockchain existentes, como Ethereum ou Solana. Muitas delas não têm limite de oferta definido, o que aumenta seu caráter especulativo.
“Geralmente, sua valorização está ligada a campanhas massivas de marketing digital, FOMO (medo de perder oportunidades) e influências sociais. Alguns projetos implementam ‘burn mechanisms’ (mecanismos de queima) para reduzir a oferta e incentivar a valorização. Por isso, raramente uma memecoin possui usabilidade dentro do mercado criptoeconômico”, ressalta Francis.
Quais os riscos das memecoins
Por seu caráter especulativo e de movimento de massa, as memecoins são ativos que devem ter muita atenção dos investidores por seus riscos elevados. Os principais riscos apontados pelos especialistas são:
- Falta de valor intrínseco: Muitos desses projetos não oferecem utilidade real ou tecnologia diferenciada.
- Dependência da comunidade: A valorização está frequentemente associada ao “hype” de curto prazo, o que as torna imprevisíveis no longo prazo. Se a narrativa ou a mensagem viral parar de se espalhar, o token pode perder tração (e valor).
- Altíssima volatilidade: Pelos motivos citados acima, as memecoins têm grandes oscilações de preço, o que pode levar tanto a lucros rápidos quanto a perdas significativas. Muitas ficam conhecidas como pump and dump (manipuladas para gerar lucros rápidos para os criadores).
- Fraudes e rug pulls: Há um alto risco de golpes, em que desenvolvedores podem inflar o preço artificialmente e vender seus tokens, deixando os investidores com perdas.
Memecoins e Solana
Apesar da grande quantidade de memecoins no mercado de cripto, algumas existem criptomoedas mais conhecidas e consolidadas no mercado, como Bitcoin e Ether. Mais recentemente, a Solana começou a ganhar destaque.
A moeda digital da Solana surgiu a partir da rede de blockchain de última geração com mesmo nome, que é conhecida por sua escalabilidade e eficiência. E como na maioria das vezes, as memecoins não têm blockchain própria, muitas das mais recentes, como a TRUMP, foram criadas usando como base a infraestrutura da Solana.
Algumas das características da blockchain Solana que atrai criadores de memecoins são:
Custo e velocidade
Um dos principais motivos para adoção da Solana como ambiente para criar memecoins é que esta oferece taxas extremamente baixas e transações rápidas, diz Gutierrez, o que a torna mais eficiente para a criação e negociação de tokens meme.
Comparação de taxas:
- Ethereum: Pode custar de US$ 5 a US$ 50 por transação, dependendo da congestão da rede.
- Solana: Custos médios de US$ 0,00025 por transação, tornando viável o trade de pequenas quantidades sem perdas significativas com taxas.
Velocidade de transação:
- Ethereum → Cerca de 15 TPS (transações por segundo).
- Solana → Pode processar até 65.000 TPS, permitindo alta escalabilidade.
“Isso significa que traders podem comprar e vender memecoins na Solana sem se preocupar com congestionamentos ou taxas absurdas”, aponta o analista da Levante.
Facilidade e comunidade ativa
Para Francis Wagner, a facilidade na criação de tokens e a comunidade ativa e cultura de inovação da blockchain também são pontos positivos da Solana.
“Plataformas como Pump.fun simplificam a criação de memecoins na Solana, permitindo que até mesmo iniciantes desenvolvam e lancem rapidamente [seus criptoativos]. Isso atraiu uma base de desenvolvedores jovens, criativos e focados em projetos rápidos e dinâmicos, como memecoins e NFTs”, afirma.
Os diferentes tipos de blockchain
O blockchain em tradução livre, é “cadeia de blocos”, e basicamente, é uma tecnologia que permite armazenar dados em blocos distribuídos em uma rede (daí o nome), e que usa todos eles para validar qualquer alteração realizada.
Para ser negociado, o dinheiro digital precisa de uma série de informações que atestam a veracidade da transação e é isso que o blockchain faz. Ele funciona como um banco de dados, mas, ao contrário de um arquivo digital convencional – que é centralizado em um local, administrado por uma empresa que tem a exclusividade para mudar suas configurações –, o blockchain é um livro-caixa totalmente descentralizado.
Contudo, hoje existem diferentes tipos de blockchain, que podem ser divididas em quatro categorias principais, como:
1. Blockchain Público
Exemplo: Bitcoin, Ethereum, Solana
- Abertos a qualquer pessoa, sem necessidade de permissão para participar;
- Ideal para projetos descentralizados, onde todos os dados estão disponíveis publicamente.
Prós: Maior transparência e descentralização, não depende de uma entidade central, é imutável e resistente à censura.
Contras: Pode ser lenta e cara (como o Ethereum com altas taxas) e tem escalabilidade limitada.
2. Blockchain Privado:
Exemplo: Hyperledger
- É controlado por uma entidade ou consórcio específico;
- Permite acesso apenas a participantes autorizados e é usado principalmente em empresas.
Prós: Maior privacidade e controle, melhor escalabilidade e menos custos de transação e mais eficiente para uso empresarial.
Contras: A centralização reduz a segurança e traz menos transparência para usuários externos.
3. Blockchain de Consórcio:
Exemplo: R3 Corda, Quorum
- Controlado por um grupo de organizações;
- Mistura características de blockchains públicos e privados.
4. Blockchain Híbrido:
Exemplo: Dragonchain
Combina elementos de blockchains públicos e privados, permitindo acesso público e operações privadas quando necessário.
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