Criptoativos

Conheça os 4 principais golpes com criptomoedas

Esquemas como pirâmides e phishing estão migrando para o novo universo que tem despertado o interesse dos investidores. Saiba como se proteger

Entusiastas da tecnologia e, sobretudo, das criptomoedas e do blockchain são enfáticos em dizer que esses são sistemas seguros quando se fala em “dinheiro virtual”.

A confiabilidade foi um conceito central para o surgimento do Bitcoin, primeira moeda digital descentralizada do mundo. Ela surgiu com o propósito de ser um sistema de dinheiro eletrônico que pode ser transacionado de ponto a ponto, entre iguais, sem a necessidade de uma terceira parte de confiança, como os bancos, para garantir a segurança das operações.

Porém, o crescimento do interesse de pessoas comuns pelas criptomoedas – principalmente em 2021, quando esses ativos tiveram uma valorização expressiva – também despertou o faro dos golpistas. Muitas vezes, no dia a dia, ficamos sabendo de notícias de fraudes, como pirâmides financeiras que atraem as pessoas com promessas de ganhos rápidos.

De acordo com um relatório da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), entre janeiro de 2021 a março de 2022, mais de um bilhão de dólares já foram roubados de cerca de 46 mil pessoas em fraudes financeiras envolvendo criptomoedas.

Especialistas explicam que o perigo não são as criptomoedas e muito menos o sistema blockchain, mas sim os sites falsos criados por golpistas. É semelhante ao que acontece no Instagram, por exemplo.

A rede social é segura, mas os golpistas conseguem criar contas falsas e oferecer produtos que não são reais, com o intuito de roubar – e surrupiar – o dinheiro de outra pessoa.

Os golpes mais comuns no universo cripto e como se proteger?

Confira quais são os tipos mais frequentes de fraudes usando o conceito de criptomoedas e aprenda a fugir de enrascadas.

1. Phishing

Longe de ser uma exclusividade do universo cripto, as técnicas de phishing são usadas há muito tempo para conseguir informações confidenciais de um usuário da internet e, assim, utilizar esses dados para obter vantagens, geralmente financeiras.

Esse golpe geralmente começa com um e-mail com estrutura muito parecida com o que o usuário costuma receber. No caso das criptomoedas, os golpistas podem criar e-mails falsos se passando por uma exchange, por exemplo, pedindo que o usuário confirme alguns dados.

Ao clicar no link da mensagem, aparece um site praticamente igual ao original, em que o usuário envia seus dados (como senhas de acesso a alguma conta, por exemplo), que são repassadas para hackers.

Para evitar cair em um golpe assim, é importante estar atento aos erros que os golpistas cometem. Palavras digitadas erradas, erros de pontuação, o logotipo da empresa com um detalhe ou uma cor levemente diferente, um número zero digitado no lugar de uma letra “o” no endereço de e-mail ou outras coisas do tipo são formas práticas de verificar se aquilo pode se tratar de uma fraude.

Na dúvida, vale a pena, ainda, entrar em contato pelos canais de atendimento oficiais da empresa pela qual os hackers podem estar tentando se passar.

Outra dica importante é não clicar em links de e-mails ou mensagens de texto suspeitas, muito menos digitar dados sigilosos em páginas sem antes verificar sua autenticidade.

2. Esquemas de pirâmide

Outro tipo de golpe bastante comum que migrou para as criptomoedas são os esquemas de pirâmide. Neles, as vítimas são atraídas pela proposta de um projeto inovador e revolucionário, que vai entregar resultados estrondosos – no caso, esses projetos costumam ser de criptomoedas “disruptivas”.

Para participar do projeto, no entanto, é necessário pagar um valor e recrutar outras pessoas – que também podem ter que pagar ou fornecer dados pessoais, que os golpistas vendem para outras empresas. Assim, quem está no topo da pirâmide lucra com as promessas e as vítimas gastam dinheiro acreditando no que foi dito.

Além de desconfiar de qualquer proposta que se assemelhe a um esquema de pirâmide (pagar para entrar e ter de recrutar pessoas com grandes promessas), vale a pena verificar se a criptomoeda utilizada como proposta realmente existe. Ela está cadastrada em algum site de capitalização conhecido no mercado? Outras pessoas ou veículos de comunicação confiáveis já falaram sobre ela? São pontos a serem observados!

3. Ofertas de moedas falsas

Assim como com outros ativos do mercado financeiro, as criptomoedas também passam por uma “oferta pública inicial” (ICOs, na sigla em inglês). Em operações fraudulentas, essas ofertas podem ser de ativos que nunca vão existir – e os golpistas captam o dinheiro da vítima sem entregar nenhum resultado.

Muitas vezes, são apresentados até falsos estudos e projeções para o desempenho da moeda falsa. O importante, porém, é observar pontos que podem indicar que aquilo é uma fraude.

Conhece aquele ditado: “quando a esmola é grande demais, o santo desconfia”? Isso é válido também para as criptomoedas!

Embora diversos cripto ativos tenham apresentado um alto desempenho em 2021, por exemplo, esse é um investimento volátil e tende a entregar maiores resultados apenas no longo prazo. Dessa forma, desconfie de promessas de rentabilidades astronômicas em pouco tempo.

Além disso, vale a pena conferir quem são as pessoas (físicas e/ou jurídicas) que estão envolvidas na oferta. Busque os nomes pela internet, pesquise e veja se são conhecidos e respeitados dentro do universo cripto. Isso pode evitar que você caia em fraudes!

4. Exchanges falsas

Assim como as ofertas de moedas falsas, há diversos relatos de exchanges falsas. Exchanges são instituições financeiras que funcionam como corretoras de valores, mas operando cripto ativos. Elas vieram para ser facilitadoras de processos.

As empresas falsas podem se aproveitar das mesmas semelhanças com os sites e e-mails originais de outros golpes já mencionados aqui. Palavras escritas erradas, erros de gramática, layouts confusos, uma URL com números no lugar de letras.

Outra forma de verificar a segurança de um site é por meio de ferramentas do próprio navegador. Sites seguros, por exemplo, começam com “https” ou apresentam um cadeado fechado ao lado do link.

Se ainda assim tiver dúvidas, vale uma busca aprofundada na internet, redes sociais, fóruns de discussão e sites de avaliação para verificar se há comentários indicando que se trata de um golpe.

O mesmo cuidado deve ser adotado com aplicativos e clubes de investimento. No primeiro caso, nunca deposite seu dinheiro se não tiver certeza de que aquele é um ambiente seguro. No segundo, desconfie de pessoas que se oferecem para gerenciar o seu dinheiro e de outras pessoas fazendo aplicações em criptoativos.

E não se esqueça: todas as empresas que oferecem produtos financeiros precisam estar – obrigatoriamente – registradas na página da Comissão de Valores Mobiliários. Portanto, se a empresa não constar no site CVM, certamente a operação, virtual ou analógica, poderá trazer sérios prejuízos para o seu bolso.

Veja também: Após um ano turbulento, quais as expectativas para as criptomoedas em 2023?

Como surgiram as criptomoedas?

Em 31 de outubro de 2008, Satoshi Nakamoto escreveu para um grupo de entusiastas da criptografia que estava “trabalhando em um novo sistema de dinheiro eletrônico, que é completamente ponto a ponto, sem nenhuma terceira parte de confiança”. Junto à mensagem ele enviou um papel sobre a invenção e um documento descritivo com as principais ideias e conceitos daquela moeda digital.

Para entender a ideia de Nakamoto, o especialista Fernando Ulrich, em conteúdo produzido para a B3, explica que é necessário mapear antes quais são as quatro principais características do dinheiro físico, tradicional:

  • Ele é um ativo de posse, uma propriedade;
  • O dinheiro físico pode ser transacionado entre duas pessoas e, para isso, é necessário que estejam no mesmo espaço/tempo;
  • As transações entre duas pessoas não exigem nenhuma informação sobre quem é o outro (para comprar um café, por exemplo, o cliente não precisa informar seus dados pessoais);
  • Uma vez que a transação é concluída e o pagamento é realizado, esta se torna irreversível.

Qual o objetivo do Bitcoin?

O objetivo do criador do Bitcoin, então, era desenvolver uma moeda digital que tivesse as mesmas características do dinheiro físico. Porém, pelo fato de as transações serem digitais, alguns protocolos são essenciais para que tudo ocorra corretamente.

Dessa forma, a rede do Bitcoin é autossuficiente. Ela possui sua própria moeda ativo (o Bitcoin), além de ser também sua própria unidade de conta e seu próprio sistema de pagamentos.

Para realizar uma transação, então, há uma espécie de código que indica a quem pertence aquele dinheiro e qual a quantia. Dessa forma, os auditores de dentro da própria rede verificam se esse mesmo código está sendo utilizado em mais de uma transação, o que configura um “gasto duplo” e, assim, podem penalizar alguém que, eventualmente, cometa alguma infração.

É para essa verificação que nasceu o blockchain, que Ulrich descreve como um “grande livro contábil” em que todas as transações realizadas na rede do Bitcoin estão registradas, em forma de blocos. Esses registros permanecem ali para sempre e, por isso, os próprios participantes da rede conseguem verificar a origem de cada transação e outras informações necessárias para garantir a segurança das operações.

Essa ideia nasceu com o Bitcoin e se expandiu para todo o universo de criptomoedas com o passar dos anos e o desenvolvimento de novas tecnologias.

E, aí, já se sente um especialista para não cair mais em golpes envolvendo criptomoedas? Esperamos ter ajudado com esse conteúdo.

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