ETFs

20 anos após 1º ETF brasileiro, mercado de fundos de índice segue em crescimento

Número de investidores supera 511 mil, mas há espaço para crescer mais

Os fundos de índice, ou ETFs (sigla em inglês para exchange-traded fund), completam 20 anos desde o lançamento na B3, a bolsa do Brasil. Nas duas décadas de história, esse mercado cresceu em número de investidores, quantidade de fundos e em diversificação. Entre ETFs e BDRs de ETFs, é possível montar uma carteira com posições em renda fixa local e internacional, bolsas locais e estrangeiras, commodities, moedas e criptomoedas.

Apesar do desenvolvimento recente, o mercado ainda tem espaço para crescer – e muito. Se existem 5 milhões de brasileiros investindo em renda variável na B3, os que têm ETFs em carteira somam 511 mil.

PIBB11, o primeiro ETF brasileiro

O fundo pioneiro no País foi o PIBB11, da Itaú Asset. Sua carteira replica o índice IBrX 50, que reúne as 50 ações e units mais negociadas no mercado brasileiro. “A gente fica feliz em fazer um investimento relevante nesse mercado desde 2004 e contribuir para a democratização do tema de investimentos”, diz Renato Eid, Superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset.

Segundo ele, todo o mercado tem apresentado importantes desenvolvimentos nos ETFs oferecidos ao público brasileio. A gestora também é responsável pelo segundo ETF mais negociado na B3 atualmente, o BOVV11, criado em 2016, e que replica a carteira teórica do Ibovespa.

Contando os dois, a Itaú Asset tem 21 ETFs listados, entre renda fixa, renda variável local, renda variável internacional e bitcoin. “Hoje, o investidor consegue fazer um investimento diversificado, líquido, transparente e extremamente eficiente em custo com ETFs”, diz Eid. “Dificilmente um portfólio composto só por ETFs supera o custo de 0,35% ao ano”.

Exposição ao mercado internacional cresce desde 2020

Grande player global em ETFs, a BlackRock lançou seu primeiro fundo listado no Brasil em 2008. O BOVA11, que replica o Ibovespa, é hoje o ETF mais negociado na B3. A família de ETFs da BlackRock tem mais quatro fundos: SMALL1 (de small caps), ECOO11 (que replica o ICO2 B3, de eficiência de carbono), BRAX11 (que replica o índice IBrX100), e o IVVB11 (o terceiro ETF brasileiro mais negociado, que replica outro ETF da BlackRock listado nos EUA e que segue o índice S&P 500).

Paula Salamonde, diretora do segmento Institucional e iShares ETF da BlackRock Brasil, explica que o IVVB11, lançado em 2014, “foi a forma como conseguimos na época trazer uma exposição ao mercado internacional no mercado local”.  Em 2020, entretanto, uma importante mudança regulatória permitiu a listagem de BDRs de ETFs, segundo ela, “uma maneira mais eficiente” de trazer esses produtos ao País.

A listagem dos BDRs já existia, mas o de ETF foi algo inovador. Nós usamos a mesma estrutura de negociação do BDR para trazer mais produtos de exposição global ao mercado brasileiro”, afirma Paula Salamonde. Com isso a oferta de fundos da BlackRock cresceu (e muito): hoje são 141 BDRs de ETFs listados na B3, “e estamos sempre revisando e trazendo mais exposição e opções de acesso”, diz ela.

Assim, há uma grande diversidade de fundos, desde os de renda fixa até os temáticos, ligados a tendências como inteligência artificial, envelhecimento populacional, e mais recentemente, às criptomoedas, com um ETF de bitcoin.

“São diferentes verticais que oferecemos e que permitem que o investidor se posicione de acordo com suas expectativas de mercado”, diz Salamonde.

ETFs de criptoativos ganham força

Nos últimos anos, os ETFs vêm sendo usados também como forma de facilitar os investimentos em criptoativos. “Quando a gente fala de ETF de bitcoin, a grande facilidade é que o investidor deixa de ter a obrigação de ter a wallet [carteira digital onde ficam guardadas as criptomoedas], não corre o risco de perder a senha, não precisa se preocupar com a custódia”, diz Eid, da Itaú Asset.

Focada no tema de moedas digitais, a QR Asset tem hoje três ETFs listados na B3 com o tema. O primeiro, de bitcoin, foi lançado em 2021. O ETF por natureza é um instrumento barato, e no nosso caso, tem tributação de renda variável, ou seja, não há come-cotas e a tributação no ganho de capital é de 15%”, explica Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset.

Com o aumento do interesse dos investidores pelo bitcoin em 2024, o fundo teve uma captação recorde e agora conta com quase 40 mil cotistas.

Há espaço para mercado crescer mais

Mesmo com o crescimento recente e com mais brasileiros conhecendo os ETFs, os gestores apontam que ainda há muito espaço para crescimento nesse mercado. “Quando a gente compara com a indústria de investimentos no Brasil, ainda é muito tímido, menos de 1% do dinheiro está investido em ETFs”, diz Eid. Ele aponta, entretanto, que isso vem mudando, com mais jovens começando a investir na bolsa de valores e descobrindo a diversidade de ETFs.

Apesar do desenvolvimento e maior diversidade de fundos, Paula Salamonde, da BlackRock, também acredita que o mercado de ETFs no Brasil ainda pode crescer mais. “Nossa indústria é muito pequena. Em mercados internacionais, o porcentual de investidores em ETFs é muito considerável”, diz. “A gente entende que o mercado brasileiro ainda está na sua infância, o crescimento potencial é muito grande. É o que aconteceu nos mercados internacionais”.

Peças de um portfólio

Os ETFs também são conhecidos como fundos de gestão passiva. Isso porque, como replicam um índice de mercado, os gestores não podem fazer uma gestão ativa das carteiras. Isso não significa, entretanto, que eles concorram com a opção de fazer uma gestão mais ativa, seja usando outros tipos de fundos de investimento ou com investimentos diretos em ações ou em títulos de renda fixa.

“Gosto de dizer que o ETF é igual a uma peça de lego. Eles são o básico para construir o alicerce de uma casa, com uma oportunidade de trazer diversificação e eficiência par ao portfólio do investidor, e a gestão ativa é o enfeite da sala”, diz Eid. É a mesma opinião de Paula Salamonde. “Os ETFs são um complemento da carteira, não uma substituição [à gestão ativa]”.

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