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BDRs: como ficam investimentos internacionais com Trump na presidência dos EUA

Especialistas alertam para possível fortalecimento do dólar e valorização das ações norte-americanas

A eleição do republicano Donald Trump nos Estados Unidos já repercute no mercado e deve trazer tendências de médio e longo prazo para os ativos no mundo todo. A perspectiva de analistas é de um dólar mais valorizado no mundo e um fortalecimento da economia norte-americana, o que deve beneficiar também as ações listadas por lá. No curto prazo, entretanto, o caminho pode ser de volatilidade até que Trump dê sinalizações sobre suas políticas econômicas. Confira as perspectivas para os investimentos internacionais.

Potencial para valorização das ações americanas

“No geral, toda a economia americana será fortalecida. A base da campanha e, até mesmo, o primeiro mandato de Trump, mostraram que o protecionismo tende a ser o foco “, diz João Sá, co-head de Investimentos da Arton Advisors. Com a menor concorrência dos produtos importados (especialmente os vindos da China), as ações de empresas ligadas ao mercado interno podem ser as mais beneficiadas.

Daniel Nogueira, coordenador de distribuição da InvestSmart XP, também vê um momento positivo para as companhias norte-americanas. Ele exemplifica: “Elon Musk, por exemplo, que financiou a campanha de Trump com mais de US$ 100 milhões e vê a Tesla enfrentando a concorrência de carros elétricos importados, deve se beneficiar muito do protecionismo de Trump. Não é à toa que a BDR TSLA34 subiu 13% [ontem]”.

Além do benefício às ações ligadas à economia doméstica, o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, diz não ver uma mudança de cenário para os demais papéis. “Quando a gente olha para o médio prazo, tem que pensar em duas coisas. Todas as medidas anunciadas, embora possam produzir uma recalibragem dos incentivos setoriais, não devem mudar as principais histórias da bolsa americana”, diz. E o que tem puxado o desempenho histórico das bolsas por lá são os desdobramentos da inteligência artificial e as inovações no setor de saúde, lembra ele. “Além disso, os EUA têm se mostrado, no pós-pandemia, uma economia muito mais dinâmica do que as economias europeias”, afirma.

Para quem investe no Brasil, os BDRs, que são recibos de empresas listadas no exterior mas negociadas na B3 em reais, podem se beneficiar, diz Sá. Além disso, existem os ETFs (fundos listados em bolsa) que replicam índices ligados à economia americana e que também podem ter valorização nessa esteira.

No entanto, Nogueira alerta que o protecionismo e a redução de impostos defendidos por Trump também podem se tornar um problema para a economia norte-americana no futuro, “especialmente em relação à inflação e ao trabalho do FED para manter a meta de 2%”.

O papel dos investimentos internacionais em momentos de incerteza

Apesar dessas perspectivas para o futuro, ainda há incertezas, lembram os especialistas. Afinal, é preciso esperar as medidas concretas do novo governo americano – e a reação dos demais agentes globais. Então, como saber se é um bom momento para investir?

“Essa é a pergunta de um milhão de dólares”, diz Nogueira, da InvestSmart XP. Mas a resposta para ela pode estar justamente na diversificação. “Vale lembrar que o mercado acionário norte-americano é o maior do mundo, com acesso às maiores empresas de diferentes setores, e isso pode ser feito por meio de produtos que também são negociados aqui na B3”, diz ele.

Jonas Chen, Portfolio Manager da B.Side Wealth Management, tem a mesma visão. “Já faz um tempo que a gente tem recomendado uma alocação quase estrutural no exterior, seja no mercado de renda fixa ou na renda variável”, diz. “Quando temos momentos de estresse, essa proteção cambial faz a diferença”, defende.

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