ETFs

BOVA11 x IVVB11: onde estão as melhores oportunidades para investir em bolsa hoje?

Mesmo com juros altos, especialistas apontam espaço para valorização das ações brasileiras

Após sucessivos recordes ao longo das últimas semanas, o Ibovespa B3, principal índice de ações da bolsa brasileira, acumula ganhos acima dos 30% no ano até agora. Em comparação, o S&P 500, que mede o desempenho das ações das maiores empresas listadas nos Estados Unidos, tem valorização de quase 15% no período.

Com a disparada da bolsa brasileira, os fundos de índice (ETFs) ligados ao Ibovespa ganharam destaque. Uma das comparações mais comuns no comparador de ETFs do Bora Investir, entre o BOVA11 e o IVVB11, ambos da BlackRock, tem favorecido o fundo que replica o Ibovespa (BOVA11). Em prazos mais longos, no entanto, o IVVB11 ainda sai favorecido: em cinco anos, o fundo acumula alta de 95,15%.

Mas qualquer investidor sabe que desempenho passado não diz nada sobre o desempenho futuro. Por isso, o B3 Bora Investir conversou com especialistas para entender as perspectivas para a renda variável no Brasil e nos Estados Unidos.

O pano de fundo: juros elevados nos dois países

O desempenho positivo do S&P 500 e do Ibovespa acontece apesar de um cenário que tende a ser negativo para a renda variável: juros altos.

Aqui, a taxa básica de juros (Selic) está em 15% ao ano, maior nível desde 2006 – e o Comitê de Política Monetária (Copom) sinaliza que deverá manter o patamar contracionista por período prolongado. Os analistas esperam um início do corte de juros só no primeiro semestre do ano que vem.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central) já reduziu a taxa duas vezes neste ano, mas há dúvidas sobre se o movimento deve continuar nas próximas reuniões.

Ibovespa B3: múltiplos ainda descontados em relação ao histórico

Um dos pontos mais comentados pelos especialistas a favor da alocação em renda variável no Brasil é a comparação histórica do múltiplo Preço/Lucro do Ibovespa.

O P/L é uma medida que compara o valor das ações com o lucro efetivamente apurado pelas empresas, e é um dos indicadores chave para comparar companhias do mesmo setor.

“Mesmo batendo máximas históricas, a gente ainda segue otimista. Olhando para o micro das empresas e até mesmo para o P/L do Ibovespa, seguimos descontados. O múltiplo histórico é de 10,9 vezes, e hoje está em torno de 9. Só para voltar à média, ainda teria um upside de 17% a 18%”, diz Gustavo Harada, head de alocação da Blackbird.

Marcelo Bolzan, da The Hill Capital, concorda: “Quando a gente acompanha indicadores como o P/L, ainda estamos em patamares muito baratos, próximos aos vistos no auge da covid. Mesmo com a valorização recente, ainda tem bastante para andar no próximo ano.”

Além disso, mesmo com os juros elevados, as empresas brasileiras têm conseguido entregar bons resultados operacionais. Na temporada de balanços corporativos do terceiro trimestre, foram diversas as companhias que surpreenderam positivamente e reportaram resultados acima do esperado.

“Mesmo com juros altos, as empresas estão conseguindo entregar bons resultados desde o começo do ano”, afirma Harada.

E ainda que os juros permaneçam elevados, a expectativa de início dos cortes a partir do próximo ano é um dos principais motores de otimismo, segundo Harada. “A mudança do regime monetário é um ponto-chave, porque o mercado antecipa esse movimento. Mas há riscos no radar, principalmente as eleições do ano que vem”, diz.

Bolzan complementa: “Os resultados trimestrais têm vindo bons. As companhias estão mais eficientes, e o Copom deixou claro que o próximo ano deve ser de queda de juros.”

“Estamos preferindo a bolsa no Brasil do que bolsa americana nesse momento”, diz Paula Moreno, co-CIO da Armor Capital, que traz mais um ponto a favor das ações locais. Segundo ela, há a possibilidade de algumas companhias brasileiras anunciarem dividendos extraordinários ainda neste ano, para aproveitar a janela antes das novas regras tributárias entrarem em vigor. Além disso, a aproximação de uma possível redução de juros por aqui pode impulsionar a cotação das ações por aqui.

Por outro lado, as eleições presidenciais aqui são um ponto de atenção, já que devem trazer volatilidade para o mercado no próximo ano.

Estratégias mais defensivas no Brasil

Com eleições se aproximando e a preocupação com a condução da política fiscal, no entanto, os especialistas pregam cautela. “Temos feito alocação em setores mais defensivos: bancos, setor elétrico, saneamento e algumas commodities”, explica Harada. “Outro setor que olhamos é a construção civil, mas com o foco mais em médio e alto padrão.”

Bolzan também vê o momento como favorável para se posicionar em empresas sólidas, mas sem exagerar no risco. “A bolsa ficou de lado por muito tempo e agora está voltando a atrair fluxo, inclusive estrangeiro. Mas é importante manter equilíbrio: o cenário é construtivo, ainda que com alguns riscos.”

EUA: atenção ao ciclo de queda de juros

No exterior, os especialistas enxergam oportunidades, mas com uma dose maior de prudência. Enquanto no Brasil os juros ainda devem começar a cair, nos EUA, há dúvidas sobre a continuidade do ciclo de cortes.

Nos EUA, Paula Moreno, da Armor, vê boas perspectivas para os bancos comerciais, “que devem ser bastante beneficiados da produtividade advinda de IA”. Além disso, os ETFs que acompanham o setor têm tido desempenho abaixo da bolsa como um todo, o que pode indicar um potencial de valorização.

Paula alerta ainda para a falta de visibilidade sobre a economia americana, em decorrência do shutdown. “Está difícil ler a economia americana sem dados, a gente não tem informação suficiente para avaliar o quanto essa economia está desacelerando”. A Armor projeta, ainda, que o Fed deverá promover mais um corte de juros na reunião de dezembro, mas deve pausar o ciclo de afrouxamento no começo do ano que vem. “Não sabemos qual o espaço para [o Fed] cortar mais os juros”, diz.

“A economia deve crescer cerca de 2% neste ano e um pouco mais no próximo. A inflação vem caindo, mas ainda está acima da meta do Fed. Há espaço para queda de juros, mas não muito mais — para algo em torno de 3% a 3,25% no próximo ano”, avalia Bolzan. Para ele, isso não tira o atrativo da bolsa americana, mas reforça a necessidade de seletividade.

“A bolsa dos EUA é nossa preferência quando falamos de portfólios globais. No curto prazo podemos ver realizações, mas é uma estratégia que continua fazendo sentido dentro das alocações”, afirma Bolzan.

Conheça os ETFs que replicam o Ibovespa B3

CódigoNomeClasse de ativoGestorÍndice de referênciaRent. 1 ano (até 10/11)
B3BR11IT NOW IBOVESPA B3 BR+ FUNDO DE ÍNDICEAçõesITAÚ ASSETIbovespa B3 BR+12,94%
BBOV11BB ETF IBOVESPA FUNDO DE ÍNDICEAçõesBanco do Brasil DTVMIbovespa B322,47%
BOVA11ISHARES IBOVESPA FUNDO DE ÍNDICEAçõesBlackRockIbovespa B322,38%
BOVB11ETF BRADESCO IBOVESPA FDO DE INDICEAçõesBradesco Asset ManagementIbovespa B322,50%
BOVS11SAFRA IBOVESPA FUNDO DE ÍNDICEAçõesSafra Asset ManagementIbovespa B319,19%
BOVV11IT NOW IBOVESPA FUNDO DE ÍNDICEAçõesITAÚ ASSETIbovespa B322,62%
BOVX11TREND ETF IBOVESPA FUNDO DE ÍNDICEAçõesXP AssetIbovespa B322,32%
BRAZ11BB ETF IBOVESPA B3 BR+ FUNDO DE ÍNDICE RESPONSABILIDADE LIMITADAAçõesBB ASSETIbovespa B3 BR+
IBOB11BTG Pactual B3 Ibovespa Fundo de ÍndiceAçõesBTG Pactual Asset ManagementIbovespa B319,71%
NBOV11NU IBOVESPA B3 BR+ FUNDO DE ÍNDICEAçõesNU ASSETIbovespa B3 BR+16,43%
SPUB11SAFRA ETF IBOVESPA EMPRESAS ESTATAIS FUNDO DE INDICE – RESPONSABILIDADE LIMITADAAçõesSAFRA ASSETIbovespa B3 Empresas Estatais11,81%
SPVT11SAFRA ETF IBOVESPA EMPRESAS PRIVADAS FUNDO DE INDICE – RESPONSABILIDADE LIMITADAAçõesSAFRA ASSETIbovespa B3 Empresas Privadas26,49%
XBOV11CAIXA ETF IBOVESPA FUNDO DE INDICEAçõesCaixa Econômica FederalIbovespa B320,65%

Conheça os ETFs que replicam o S&P 500

CódigoNomeClasse de ativoGestorÍndice de referênciaRent. 1 ano (até 10/11)
BEQW39Xtrackers S&P 500 Equal Weight UCITSAçõesDWSS&P 500 Equal Weight Net Total Return
BIVB39ISHARES CORE S&P 500 ETFAçõesBlackRockS&P 5002,03%
BIVE39iShares S&P 500 Value ETFAçõesBlackRockS&P 500 Value-3,04%
BIVW39iShares S&P 500 Growth ETFAçõesBlackRockS&P 500 Growth
GOAT11IT NOW S&P IMA-B FUNDO DE ÍNDICE – RESPONSABILIDADE LIMITADARenda FixaITAÚ ASSETS&P 500 and Brazil Sovereign Real Interest Rate Bond 20/80 Blend Index
GPUS11INVESTO GP ETF S&P 500 FUNDO DE ÍNDICEAçõesINVESTO GESTÃO DE RECURSOS LTDA.S&P 500
IVVB11ISHARES S&P 500 FDO INV COTAS FDO INDICEAçõesBlackRockS&P 5005,70%
SPXB11BTG PACTUAL S&P 500 FUNDO DE ÍNDICEAçõesBTG Pactual Asset ManagementS&P 5005,92%
SPXI11IT NOW S&P500 TRN FUNDO DE INDICEAçõesITAÚ ASSETS&P 5005,63%
SPXR11IT NOW S&P 500 FUTURES QUANTO BRL FUNDO DE ÍNDICE – RESPONSABILIDADE LIMITADAAçõesITAÚ ASSETS&P 500 Futures Quanto USD-BRL Currency Adjusted Index

Quer simular investimentos no Tesouro Direto? Acesse o simulador e confira os prováveis rendimentos da sua aplicação. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.