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IBOV nas máximas: quanto renderam os ETFs de Ibovespa B3 em 2025

O principal índice de ações da bolsa brasileira, o Ibovespa B3, vem batendo recordes nas últimas semanas

O Ibovespa B3, principal índice de ações do bolsa brasileira, vem batendo recordes nas últimas semanas e atingindo patamares nunca alcançados. O indicador chegou a tocar os 147 mil pontos na máxima intradiária e a fechar acima dos 146 mil pontos, e até 1º de outubro, apresentava alta de 20,98% em 2025. 

Criado em 1968, o Ibovespa consolidou-se como referência para investidores ao redor do mundo. Mas, além de servir como benchmark, o IBOV também é usado como base para investimentos como ETFs. 

Os ETFs (Exchange-Traded Funds) são fundos de investimento cujas cotas são negociadas em bolsas de valores, da mesma forma como as ações. Eles permitem que os investidores acessem uma cesta diversificada de ativos com um único produto. Além disso, são conhecidos também como fundos de índice – porque replicam a carteira de algum índice de mercado. 

Assim, os ETFs de Ibovespa são fundos que seguem o IBOV e tem seu desempenho quase que similar ao indicador. Por essas diferenças, a pedido do Bora Investir, a Elos Ayta Consultoria levantou o desempenho desses investimentos em 2025 em comparação ao seu índice base. Confira! 

Desempenho dos ETFs atrelados ao Ibovespa B3 

 ETFs de IbovespaRetorno anual (%) 
Código 2022 2023 2024 2025 
IBOV 4,69 22,28 -10,36 20,98 
Média dos ETFs de IBOV 5,09 22,92 -10,02 21,31 
BOVA11 5,11 23,07 -10,06 21,53 
BOVV11 5,46 22,95 -10,02 21,63 
BOVX11 5,15 23,14 -9,80 21,24 
BBOV11 4,82 23,45 -9,99 21,15 
BOVB11 5,07 23,17 -10,03 21,37 
IBOB11 5,12 23,79 -9,96 21,78 
BOVS11 4,85 22,05 -10,21 21,31 
XBOV11 5,12 21,73 -10,08 20,49 
Fonte: Elos Ayta

De acordo com o levantamento, em média no ano, os ETFs ligados ao Ibovespa cresceram 21,31%, levemente acima dos 20,98% do IBOV. Em 2025 até aqui, o IBOB11 é o que apresenta melhor desempenho, com alta de 21,78%. 

De acordo com Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, embora os ETFs de Ibovespa busquem replicar ao máximo a variação do índice, há sempre pequenas diferenças entre o desempenho do ETF e o índice “teórico”.  

Essas diferenças ocorrem por vários motivos, segundo ele: 

  1. Taxas de administração e custos operacionais 

Cada ETF cobra uma taxa de administração (pequena porcentagem anual) que é descontada do patrimônio do fundo. Isso já gera um arrasto do retorno. Mesmo que seja algo como 0,10% ou 0,20% ao ano, ao longo do tempo isso reduz o resultado.

Somam-se ainda custos de custódia, corretagem nas operações de ajuste (rebalanceamento) e eventuais taxas de transação. 

  1. Erro de aderência (tracking error) 

Mesmo replicando com “as mesmas ações” do índice, pode haver diferença de proporção ou uso de “amostragem parcial” (não ter todas as ações ou ter apenas uma parte representativa) para reduzir custos. Isso gera divergências no retorno. 

  1. Timing de rebalanceamentos e fluxos de entrada/saída de capital 

Quando o índice muda sua composição (empresas entram ou saem), o ETF também precisa ajustar seu portfólio. Se esse ajuste é feito com “slippage” (diferença entre preço esperado e preço real) ou em momentos desfavoráveis, o ETF paga esse custo. 

“Além disso, quando muitos investidores entram ou saem do ETF, pode haver impacto no mercado ao comprar/vender ações, o que pode gerar impacto negativo na rentabilidade”, aponta o professor. 

  1. Dividendo / proventos / tratamento de “ex-dividendo” 

O índice Ibovespa B3 considera o reinvestimento teórico de proventos como dividendos e juros sobre capital próprio. Mas o ETF pode não reinvestir exatamente no mesmo momento ou ter retenção de imposto, “buracos temporários” entre o pagamento de proventos e reinvestimentos. 

  1. Desvios no spread entre cota do ETF e valor patrimonial (NAV) 

Em alguns momentos, a cota do ETF pode estar negociada com “prêmio” ou “desconto” em relação ao valor real do portfólio subjacente, o chamado “spread”. Isso pode gerar que o investidor compre ou venda com leve desvio. 

“Em suma, o ETF ‘puxa’ muito próximo ao índice, mas nunca exatamente igual. A diferença tende a ser pequena, mas pode somar ao longo de anos”, destaca Piellusch. 

+ Além do BOVA11: conheça 22 ETFs que seguem variações do Ibovespa B3

Benefícios e riscos de investir em ETFs de Ibovespa 

Benefícios 

  • Diversificação instantânea: um ETF permite ao investidor acessar, com uma única transação, uma cesta de diversas ações que compõem o Ibovespa. Isso dilui o risco de depender de uma só empresa.  
  • Custo mais baixo comparado a fundo ativo: normalmente ETFs cobram taxas menores porque não há gestão ativa (não ficam escolhendo quais ações comprar e vender). Isso reduz “arrasto de custo”.
  • Liquidez e facilidade de negociação: você compra e vende cotas no pregão da B3 como se fosse uma ação, o que dá flexibilidade.  
  • Transparência: a composição do ETF, suas ações e proporções, costumam ser divulgadas publicamente. Você sabe exatamente o que está “dentro” dele. 
  • Menor exigência de “timing de mercado”: para quem quer seguir o mercado brasileiro sem precisar escolher ações individualmente, o ETF oferece uma forma passiva de participar do crescimento da bolsa. 
  • Histórico mostra que é difícil “superar” o índice de mercado: estudos e a análise histórica mostram que a maioria dos investidores se beneficia mais da gestão “passiva”, como ocorre em um ETF, do que da gestão ativa, por meio da seleção de ativos para investir. No longo prazo, os custos baixos e a rentabilidade tornam o investimento nos índices por meio de ETFs por exemplo, mais sólida para a maioria dos portfólios de investimento. 

Riscos 

  • Risco de mercado: se o Ibovespa cair, o ETF também cai. Participa integralmente da alta e da baixa do mercado. 
  • Risco específico de liquidez do ETF: se o ETF for pouco negociado, o spread (diferença entre preço de compra e venda) pode ser maior, e pode ser difícil entrar ou sair na hora desejada. 
  • Risco de concentração setorial: o Ibovespa é composto por empresas de setores específicos (financeiro, commodities, energia). Em períodos em que esses setores são desfavorecidos, o ETF sofre mais. 
  • Risco implícito nos ajustes, rebalanceamentos e ineficiências: quando o índice reconfigura sua carteira, ou há necessidade de fazer grandes ajustes por fluxo de cotas, o ETF “paga o preço” dessas operações. 
  • Impostos e localização: dependendo da estrutura do ETF e da legislação vigente, pode haver efeitos tributários que reduzem o retorno líquido do investidor. 

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Como escolher entre os ETFs de Ibovespa disponíveis? 

Quando há mais de um ETF replicando o Ibovespa, o investidor precisa olhar critérios para decidir qual é melhor para seu caso. Aqui vão alguns parâmetros importantes que Marcos Piellusch aponta: 

  1. Taxa de administração / custos totais (TER, custos escondidos):
    Compare quem cobra menos ao longo do tempo. Um ETF com taxa 0,10% pode superar outro com 0,40% no longo prazo. Alguns sites listam taxas, tracking difference etc.
  1. Liquidez e volume negociado:
    Prefira ETFs com volume alto e spreads menores — isso significa que será mais fácil comprar ou vender sem “prejuízo de mercado”. 
  1. Histórico de tracking error / desempenho passado:
    Verifique como cada ETF performou relativamente ao índice. Quem repetidamente entrega desempenho mais próximo ao Ibovespa (com menos “arrasto”) tende a ser mais eficiente. 
  1. Política de dividendos / proventos:
    Alguns ETFs distribuem proventos aos cotistas, enquanto outros acumulam (reinvestem dentro do ETF). Dependendo do seu objetivo, pode preferir um ou outro. 
  1. Estrutura e gestor:
    Quem administra o ETF, quanto patrimônio ele já possui, reputação, e a robustez operacional (capacidade de fazer rebalanceamentos eficientes e gestão de arbitragem) são fatores qualitativos importantes. 
  1. Outros aspectos (exposição em BDR ou componente internacional):
    Alguns ETFs “variantes” podem incluir BDRs ou outros ativos além das ações puras, o que muda o risco/composição. Por exemplo, B3BR11 replica o Ibovespa + BDRs (índice BR+).  

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