Para a J.P. Morgan Asset, fundos listados são a nova tecnologia dos investimentos – e a próxima revolução no Brasil serão os ETFs ativos
Modelo de consultoria de investimentos, aumento de liquidez e avanço dos ETFs ativos ajudam a explicar o crescimento acelerado desse mercado no exterior
O mercado de ETFs, ou fundos listados em bolsa, tem registrado um crescimento acelerado nos Estados Unidos nos últimos anos, tendência que começa a ganhar força também no Brasil. Para a J.P. Morgan Asset Management, parte dessa expansão se explica pela mudança no modelo de distribuição de produtos de investimentos, pela adoção dos investidores institucionais e pelo avanço dos ETFs ativos, que unem transparência, liquidez e custo menor do que os fundos tradicionais.

“O ETF é como uma tecnologia. E o ETF é uma tecnologia melhor do que, digamos, a tecnologia anterior, que é o fundo mútuo”, afirmou Carlos Brito, head de ETFs para a América Latina na J.P. Morgan Asset Management.
Segundo relatório da gestora, o mercado global de ETF cresceu a uma taxa anualizada de 20% de 2014 a 2025. Os Estados Unidos ainda representam grande parte desse segmento: são quase US$ 12 trilhões investidos via fundos listados no país, de um total de US$ 17 trilhões no mundo. As projeções apontam que esse é um mercado que deve continuar a crescer: segundo a J.P. Asset Management, o valor investido via ETFs deve pelo menos dobrar até 2030.
Modelo de comissão e liquidez
Nos Estados Unidos, a disseminação dos ETFs está ligada à mudança no relacionamento entre clientes e assessores. Antes, o modelo mais comum era o baseado em comissão, no qual os bancos e assessores eram remunerados pela comissão oferecida por cada produto. Esse arranjo, porém, vem sendo substituído pelo fee-based, em que o cliente paga uma taxa fixa de administração e recebe a carteira mais eficiente possível. “Os consultores agora cobram uma taxa fixa de, digamos, 1% ao ano. E então procuram quais são os melhores veículos para o seu dinheiro render. E isso, claro, abre as portas para os ETFs.”
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O desenvolvimento desse mercado também atraiu o investidor de varejo, que valoriza a liquidez e a transparência dos ETFs. Ao mesmo tempo, grandes investidores institucionais passaram a olhar para o produto de forma diferente. “Hoje essas grandes instituições, de bancos centrais a fundos de pensão e fundos soberanos, estão investindo em ETFs, e estão reconhecendo os enormes benefícios e a liquidez que os ETFs oferecem.”
Um exemplo foi o lançamento de um ETF ativo high yield nos EUA, que atraiu US$ 2 bilhões já no primeiro dia – aporte feito pelo CalPERS, fundo de pensão dos servidores públicos da Califórnia. “Foi o maior lançamento de um ETF de renda fixa da história”, conta Carlos.
A resiliência desses instrumentos também ficou evidente em momentos de estresse. Durante a pandemia de 2020, quando a liquidez de títulos de crédito praticamente desapareceu, os ETFs de renda fixa continuaram sendo negociados com força. “A liquidez desses instrumentos disparou. Esses ETFs de renda fixa estavam trocando de mãos massivamente.” O marco veio do próprio Federal Reserve, que lançou um programa de compras de ETFs de crédito para conter a crise. “O Federal Reserve, em 2020, começou a comprar ETFs específicos de renda fixa, de high yield e de crédito com grau de investimento.”
ETFs ativos são próxima fronteira
Para Carlos, um desenvolvimento importante também para o mercado brasileiro de ETFs será a possibilidade de listagem de fundos ativos. Segundo ele, esses produtos resolvem para os investidores a questão da falta de transparência dos fundos mútuos. Afinal, no caso dos fundos listados, os investidores podem saber diariamente qual a composição da carteira.
Carlos afirma que a chegada dos ETFs ativos – que permitem aplicar estratégias antes restritas a fundos mútuos – acelerou ainda mais a expansão desse mercado no exterior. “Agora nós também temos essas estratégias ativas em ETFs. Isso gerou um crescimento exponencial.”
Lá fora, os ETFs ativos geraram um crescimento exponencial no mercado. De 2014 a 2025, o volume sob gestão nesse tipo de fundo cresceu a uma taxa anualizada de 46% de 2014 a 2025. Só nos Estados Unidos, são US$ 1,2 trilhão investidos em ETFs ativos. Nos últimos 12 meses, 85% dos ETFs lançados nos EUA são ativos.
Os ETFs ativos trazem, ainda, um componente importante de redução de custos. “O custo vai ser talvez maior do que o de um ETF passivo, mas com certeza será menor do que o de um fundo mútuo”, diz Carlos. “É realmente trazer o melhor dos dois mundos. Você pode mitigar riscos de mercado, fazer seleção de ativos e, ao mesmo tempo, ter transparência, precificação intradiária e custos menores.”
Para ele, o desafio no Brasil e na América Latina é ampliar a educação financeira e conscientizar os investidores sobre o impacto das taxas no retorno de longo prazo. “Talvez 1% de performance adicional por ano não pareça muito, mas se você pensar no longo prazo e considerar o poder dos juros compostos, depois de 10, 15 anos, esse 1% por ano vira uma diferença enorme.”
O executivo reconhece que o Brasil ainda está atrás de outros mercados emergentes na adoção dos ETFs ativos, mas vê sinais claros de mudança. “O Brasil está sempre um pouco atrás do mercado americano, mas podemos ver claramente esse movimento, o que nos deixa muito entusiasmados.”
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